Fibria e Suzano disparam com fechamento de fábrica de celulose; Petrobras cai mais de 3%

Empresas estatais e bancos repercutem pesquisas eleitorais divulgadas na última quarta-feira; educacionais também têm queda

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma quinta-feira (4) agitada pelo noticiário corporativo e repercutindo as pesquisas eleitorais Datafolha e Ibope, o destaque desta sessão fica com a forte queda nas ações das estatais e bancos. As empresas reagem a recuperação de Dilma Rousseff nas intenções de voto, acirrando um pouco mais a disputa. A questão que a ser respondida hoje no mercado é se Marina Silva já atingiu “seu teto” no 1º turno. 

Além do cenário corporativo, destaque para os papéis da Gol (GOLL4), que disparam nesta sessão após o Morgan Stanley elevar as recomendações dos ADRs da companhia aérea. Chama atenção as empresas de papel e celulose, que sobem em meio às perspectivas de que a redução na capacidade de produção mundial do insumo possa contribuir para uma eventual alta nos preços.

Do lado de baixo do índice, destaque também para as ações das educacionais. Os papéis da Kroton (KROT3) caem pelo 3º dia consecutivo, enquanto a Estácio (ESTC3) acumula quatro dias no negativo. 

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Confira os destaques da Bolsa:

Fibria (FIBR3, R$ 24,51, +7,03%) e Suzano (SUZB5, R$ 9,45, +4,07%
As ações das produtoras de celulose de eucalipto Fibria (FIBR3, R$ 24,51, +7,03%) e Suzano (SUZB5, R$ 9,45, +4,07%) apareciam entre as maiores altas do Ibovespa, em meio ao ânimo com expectativas de que a redução na capacidade de produção mundial do insumo possa contribuir para uma eventual alta nos preços.

A espanhola Ence, líder europeia na produção de celulose de eucalipto, disse nesta quinta-feira que fechará seu deficitário negócio de celulose no complexo industrial de Huelva, com capacidade de produção de 410 mil toneladas ao ano, para concentrar esforços na geração de energia elétrica por biomassa. Segundo a empresa, a produção de celulose apresentou perdas nos três últimos trimestres devido à sua estrutura de custos e à falta de madeira local.

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Os analistas Marcos Assumpção e André Pinheiro, do Itaú BBA, afirmaram que o anúncio é positivo para o setor de papel e celulose “pois ajudará a balancear o mercado e provavelmente reverterá a tendência de declínio (no preço) da celulose observada desde o início do ano”.

Eles afirmaram que outros fechamentos de capacidade podem ocorrer em meio aos níveis atuais dos preços, que estão pressionados pela maior capacidade produtiva mundial. “Segundo nossas checagens com canais de fornecimento, muitos produtores globais estão perdendo dinheiro nos atuais níveis de preços e podem anunciar fechamentos em 2014, especialmente na Europa, Canadá e na China.” No fim de julho, a Fibria afirmou ver chance de um aumento nos preços da celulose até o final do ano, uma vez que o insumo teria chegado ao “fundo do poço”.

Gol (GOLL4, R$ 15,43, +2,94%)
As ações da Gol começaram a disparar na Bovespa após mostrarem instabilidade nos 30 minutos iniciais. O movimento coincidiu com a divulgação de um relatório do Morgan Stanley, que elevou a recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) da companhia aérea, passando de “equal weight” (dentro do esperado) para “overweight” (acima da média do mercado), com preço-alvo passando de US$ 7,00 para US$ 8,20. 

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Como os ADRs são os “recibos” negociados nos EUA e que correspondem às ações da Gol daqui da Bovespa, uma notícia positiva para eles consequentemente impactará os papéis negociados por aqui.

Junto com a elevação da Gol, o Morgan Stanley cortou a recomendação de outra companhia aérea, a Copa Airlines, que passou de overweight para equal weight, o que acaba trazendo um aditivo para as ações da companhia brasileira. Isso ocorre pois como o relatório é lido por clientes estrangeiros, essa mudança de recomendação pode resultar não apenas na entrada de novos investidores em Gol como também uma “migração” dos investidores que estavam posicionados na empresa panamenha – e como os “gringos” respondem atualmente por quase a metade do volume financeiro da Bovespa, o impacto no lado comprador acaba sendo significativo.

Siderúrgicas
Os papéis do setor de siderurgia – Gerdau (GGBR4, R$ 13,56, +1,04%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 16,64,+2,27%), CSN (CSNA3, R$ 10,18, +0,20%) – continuam o movimento da última sessão.

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Na segunda-feira, foram divulgados os dados da produção industrial nacional, que demonstrou crescimento de 0,7% para julho, de acordo com o IBGE. Os resultados romperam 5 meses seguidos de dados negativos, período em que acumularam queda de 3,5%. No primeiro semestre deste ano, a indústria registrou queda de 2,6%.

Petrobras (PETR3, R$ 21,95, -3,73%; PETR4, R$ 23,12, -3,47%) e Bancos
Depois de cair mais de 4% na abertura do pregão, as ações da Petrobras e amenizar as perdas, os ativos voltam a cair forte, em meio às pesquisas eleitorais divulgadas na última quarta-feira e que mostraram uma recuperação de Dilma Rousseff. Neste cenário, a equipe de análise da XP Investimentos questiona se Marina Silva já atingiu “seu teto” no 1º turno e se a melhora de Dilma é uma tendência ou foi pontual. Para a corretora, hoje o dia deve ser de realização. Já para a LCA, as pesquisas cortaram pela raiz a ideia de que Marina poderia vencer no 1º turno.

Além da petrolífera, as outras estatais como Banco do Brasil (BBAS3, R$ 35,44, -3,96%) e Eletrobras (ELET3, R$ 8,08, -2,42%; ELET6, R$ 11,94, -1,49%), além dos bancos privados – Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 40,30, -1,97%) e Bradesco (BBDC3, R$ 39,72, -1,88%; BBDC4, R$ 40,69, -2,28%) -, que também vinham de um forte rali por conta das eleições, registram queda nesta sessão. 

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Ontem, a pesquisa do Datafolha mostrou que a presidente Dilma subiu de 34% no dia 29 de agosto para 35% no levantamento desta semana e a ex-senadora Marina Silva continuou com 34%, enquanto Aécio Neves caiu de 15% para 14%. No levantamento do Ibope, Dilma subiu de 34% para 37%, enquanto que Marina cresceu 4 pontos percentuais para 33%. Em um eventual segundo turno, Marina continua sendo a vencedora.  

JBS (JBSS3,R$ 10,09, -2,23%)
As ações da JBS seguem entre as maiores perdas do Ibovespa, após a notícia de que a empresa está retomando um plano para levantar R$ 4 bilhões em uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da sua unidade de produtos processados, a JBS Foods, disse na quarta-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto à Reuters. 

CCR (CCRO3, R$ 20,24, -1,75%)
O Tribunal de Justiça (TJ) do Estado de São Paulo manteve a decisão que revogou as medidas liminares concedidas à CCR. Com isso, fica mantida a determinação do presidente do TJ, Renato Nalini, que em 13 de agosto derrubou as medidas liminares que autorizaram as concessionárias a reajustar as tarifas de pedágio nas praças sob suas responsabilidades conforme a inflação acumulada em 12 meses até a data do contrato, seguindo o definido em contrato, mas acima do determinado pelo governo paulista para este ano.

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Vale (VALE3, R$ 28,91, -0,31%; VALE5, R$ 25,61, -0,47%)
Depois de suave respiro na véspera, as ações da Vale voltam a cair hoje, registrando sua décima queda em 11 sessões. Hoje, o BTG Pactual rebaixou a recomendação das ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 19,87, -0,50%), holding que detém participação na mineradora, de compra para neutra. Segundo o banco de investimentos, a revisão para baixo deve-se a expectativa de preços menores de minério de ferro, múltiplos menos atrativos e aumento da percepção de riscos regulatórios. 

Ainda no radar da empresa, vale mencionar que o preço do minério de ferro – principal produto da Vale – voltou a cair nesta sessão e atingiu US$ 84,30 por tonelada. 

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.