Marcado por tragédia e “onda Marina”, Ibovespa tem melhor mês desde janeiro de 2012

Índice termina o mês com ganhos de quase 10%; no radar desta sexta-feira está o PIB decepcionante e os possíveis efeitos sobre a candidatura Dilma, além da expectativa pelo Datafolha

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a perder forças durante a manhã, mas voltou a ganhar forças e caminha para fechar esta sexta-feira (29) com alta de 1,65%, aos 61.288 pontos em uma sessão marcada pela divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do 2º trimestre, que colocou o Brasil em recessão técnica, e pela espera pelo Datafolha. Com isso, o índice fechou o mês de agosto com alta de 9,78%, sendo o melhor mês da Bolsa desde janeiro de 2012. Além disso, o Ibovespa chegou ao terceiro mês seguido de alta, sendo que o benchmark ficou no positivo em 5 dos últimos 6 meses.

Neste pregão, o grande destaque ficou para o PIB do segundo trimestre, que ficou abaixo do esperado pelo mercado, com queda de 0,6%, enquanto os investidores aguardam o Datafolha, que sairá hoje à noite no Jornal Nacional. As sinalizações são de que, com o PIB pior do que o esperado, a candidatura de Dilma Rousseff seja ainda mais pressionada. Conforme aponta a Rosenberg Consultores Associados, uma atividade ruim agrava o mais o cenário negativo para a candidata petista à reeleição e mostra a potencialização do “efeito Marina”.

Nos EUA, seguem os temores sobre os conflitos na Ucrânia, o que levou os principais índice a fecharem sem uma direção única. Na última quinta-feira, a Ucrânia acusou a Rússia de invadir o país após uma nova ofensiva na cidade de Novoazovsk, enquanto o presidente ucraniano afirmou que tropas da Rússia entraram em seu país em apoio a rebeldes pró-Moscou, em uma nova escalada do conflito separatista que já dura cinco meses. Ainda ontem, os EUA acusaram abertamente a Rússia de enviar forças de combate para a Ucrânia e ameaçaram endurecer as sanções econômicas.

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Destaques de ações
Diante das expectativas eleitorais, as ações de bancos, com destaque para o Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) tiveram fortes ganhos, de mais de 3%, enquanto a Petrobras (PETR3PETR4) se valorizou 3%. Com isso a petrolífera fechou agosto entre os maiores ganhos do Ibovespa, com alta de 22%, sendo seu melhor mês desde dezembro de 2007.

No radar corporativo, mais uma vez o holofote do mercado ficou para as “teles”. A espanhola Telefónica, dona da Vivo (VIVT4), disse que a operação e integração da operadora de banda larga da GVT com negócios no Brasil será rentável desde o primeiro dia, em um acordo que pode proporcionar sinergias mínimas de 4,7 bilhões de euros. As ações da Vivo registraram o maior ganho do índice, de mais de 8%. 

Segundo a companhia, a transação com deve ser concluída em meados de 2015 e colocará a subsidiária brasileira da Telefónica como a principal operador integrado com a maior quota de mercado em termos de receitas e números de acessos no mercado brasileiro. A oferta da Telefónica pela GVT foi de 7,45 bilhões de euros, dos quais 4,66 bilhões serão pagos em dinheiro e o restante ao equivalente a 12% das ações da empresa combinada.  

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Enquanto isso, a MMX teve uma sessão bem volátil em seu último dia no Ibovespa. Além da saída da carteira teórica, a mineradora nomeou o diretor Ricardo Werneck como diretor presidente e de relações com investidores, em substituição a Carlos Gonzalez, que renunciou aos cargos, segundo fato relevante divulgado ontem. A terceira, e última, prévia da nova carteira do Ibovespa foi apresentada hoje de manhã e além da saída da mineradora, a Brookfield também foi retirada do índice, enquanto a Marcopolo é a novidade a partir de segunda-feira.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 47,85 +9,07 +11,76 108,68M
 ELET3 ELETROBRAS ON 8,15 +5,30 +46,35 37,17M
 BBAS3 BRASIL ON EDR 34,99 +5,20 +47,56 518,36M
 CSAN3 COSAN ON 46,50 +4,61 +18,64 110,40M
 PETR3 PETROBRAS ON 22,14 +3,22 +43,41 610,18M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,12 -3,25 +16,55 104,86M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 11,30 -1,99 +6,90 18,16M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 9,82 -1,41 -31,71 58,94M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 11,37 -1,30 n/d 33,44M
 ELPL4 ELETROPAULO PN N2 10,30 -1,25 +15,15 6,60M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 23,35 +2,41 1,30B 991,01M 59.040 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 13,50 +3,13 624,39M 141,30M 27.915 
 PETR3 PETROBRAS ON 22,14 +3,22 610,18M 295,07M 35.174 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 40,36 +2,28 544,82M 381,75M 22.975 
 BBAS3 BRASIL ON EDR 34,99 +5,20 518,36M 214,97M 25.035 
 VALE5 VALE PNA 25,97 -0,61 490,08M 361,27M 44.318 
 BBDC4 BRADESCO PN 40,84 +2,48 437,90M 254,52M 21.896 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,30 -0,18 316,77M 187,04M 22.226 
 KROT3 KROTON ON 67,05 +2,90 273,12M 140,40M 9.146 
 CIEL3 CIELO ON 41,96 +1,28 266,28M 152,54M 12.424 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Tragédia marca o mês
O início de agosto não chegou a registrar nenhuma grande surpresa para o mercado, que continuava seguindo praticamente apenas o noticiário eleitoral, onde algumas pesquisas eleitorais ainda animavam os investidores em alguns pregões, mesmo que com menos força que no início do rali. Enquanto isso, o final da temporada de resultados também impactou algumas sessões da Bovespa.

Já no ambiente externo, a piora de conflitos militares e a expectativa sobre a alta de juros nos EUA ficaram no centro do noticiário. Enquanto a Ucrânia e a Rússia seguiam o impasse sobre o domínio da região, os EUA e alguns países europeus anunciaram diversas sanções aos russos, mas isso levou ao aumento das tensões, principalmente após notícias dizerem que veículos russos teriam entrado na Ucrânia sem autorização.

Enquanto isso, o conflito na Faixa de Gaza e no Iraque também preocupavam. Nos últimos dias, após diversas tentativas fracassadas, os líderes do Hamas aceitaram um cessar-fogo ilimitado em Gaza, o que trouxe alívio para os mercados. Enquanto isso, os EUA seguem olhando para o Iraque, sendo que no início do mês os norte-americanos chegaram a fazer um ataque ao país, o que preocupou os investidores sobre um possível novo conflito.

A “virada” do jogo
O trágico acidente ocorrido no dia 13 de agosto com o candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos acabou mudando completamente o cenário do mercado. Após alguns dias de choque, especulações começaram a indicar que Marina Silva seria a substituta e seria a candidata do partido para as eleições, o que trouxe um folego novo para as ações da Bolsa, que já não subiam tanto com o rali eleitoral.

Para se ter uma ideia, dos 9,78% que o índice subiu no mês, mais de 7% ocorreram após a morte de Campos. Muito desse otimismo com a mudança se deve ao que tem sido comprovado pelas pesquisas eleitorais, que mostram Marina Silva no segundo lugar na disputa eleitoral, com ampla vantagem sobre o terceiro colocado, Aécio Neves, enquanto em um possível segundo turno a candidata do PSB venceria contra Dilma Rousseff.

Boa parte da alta de agosto ocorreu apenas nesta última semana, com o Ibovespa impulsionado pelo desempenho de Marina Silva nas pesquisas Ibope e CNT/MDA, além do primeiro debate, ocorrido na terça-feira, onde muitos destacaram que a candidata se saiu muito bem contra seus adversários.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.