Warren Buffett faz 84 anos hoje; conheça a história do maior investidor do mundo

O investidor, que começou a fazer sua fortuna no mercado de ações bem cedo, é conhecido por trazer boas lições ao mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O maior investidor de todos os tempos comemora aniversário no sábado (30). Warren Buffett, conhecido também como o “Oráculo de Omaha”, construiu sua fortuna “comprando príncipes pelo preço de sapos”, como ele mesmo gosta de dizer. Aos 84 anos, o megainvestidor figura na segundo posição do ranking da Forbes dos maiores bilionários do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 66,7 bilhões.

As lições e o jeito simples tornam Buffett um ícone dos mercados: o “oráculo de Omaha” fala e os mercados escutam. Qualquer decisão por ele anunciada, por si só, já parece garantir o retorno para a Berkshire Hathaway. Buffett fala, os mercados assumem.

Mais do que um caso de sucesso, a vida de Buffett é uma lição valiosa. Seus valores, ideias e iniciativas ultrapassam as cifras que conquistou na bolsa. Desta vez, Personagens do Mercado conta uma história de vida

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E, por qualquer métrica, ele é um dos maiores financistas do mundo – tanto em tamanho quanto em rentabilidade. Por meio de sua filosofia de investimentos baseada em comprar ações que estão negociadas abaixo do valor intrínseco, Buffett transformou a Bershire Hathaway – que no começou dos anos de 1960 era uma empresa têxtil – em uma holding de investimentos que atualmente possui um valor de mercado de mais de US$ 250 bilhões. 

Os primeiros passos
Desde criança mostrava extrema habilidade com números. Fazia diversas operações matemáticas de cabeça, o que chama atenção até hoje. Uma das frases mais conhecidas de Buffett já se aplica ao seu primeiro investimento. “A primeira regra é não perder dinheiro. A segunda regra é nunca esquecer a primeira regra”.

Conta-se que aos seis anos, Buffett, que era filho de um operador de mercado, comprava garrafas de Coca-Cola na venda de seu avô e as revendia com pequeno ágio. Seu primeiro contato com a bolsa, no entanto, veio através da companhia Cities Service. Aos onze anos, Buffett comprou três ações preferenciais da empresa, por US$ 38 cada.

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Seu primeiro investimento em ações, que havia sido realizado em conjunto com sua irmã Doris, parecia ir por água abaixo. Logo após a compra, o valor das ações caiu para US$ 27. Sem esquecer sua primeira lição, Buffett revela a segunda já aos onze anos. Esperou, até vender suas três ações a US$ 40 cada. Paciência é uma virtude também nos investimentos. Ainda assim, Buffett parecia jovem demais para perceber que o papel tinha potencial para chegar a US$ 200, como chegou.

Ainda durante a escola, Buffett buscou meios para que acumulasse uma soma de dinheiro considerável, que seria a base de seu primeiro fundo de investimentos. Ele trabalhava meio período como entregador de jornais, montando cinco rotas de entregas simultâneas, começando sua conexão com The Washington Post (que chegou a ter anos depois participação de 18,2% no capital da empresa); comprou pacotes de Coca-Cola e as vendia individualmente com lucro; coletava e reciclava bolas de golfe; publicava uma folha com dicas sobre corridas de cavalo; comprou uma máquina de fliperama recondicionada por US$ 25, acrescentou mais seis máquinas e as colocou em barbearias, ganhando US$ 50 por semana; comprou um Rolls Royce 1934 e o alugava por US$ 35 por dia; também comprou 40 acres de terras em Nebraska e alugava para um fazendeiro. Buffett inventou todos esses esquemas para gerar dinheiro até os 14 anos de idade.  

Do ensino médio, aos 17 anos, ele entrou para a Wharton School of Finance (Universidade da Pensilvânia), mas depois de dois anos descobriu, como muitos outros investidores, que as teorias financeiras tinham pouca importância no mundo dos negócios, e acabou transferindo-se para a Universidade de Nebraska para concluir sua graduação. 

Com o bacharelado em economia, tentou ingressar em Harvard, mas foi rejeitado – o que foi um choque para seu ego. Embora tenha sido afortunado mesmo sem perceber na hora porque posteriormente entrou na Columbia Graduate Business School, onde conheceu e estudou com Benjamin Graham – único estudante a quem Graham já deu um A+. Ele deixou Columbia com um mestrado em Economia e uma valiosa compreensão dos princípios centrais de Graham: valor intrínseco e margem de segurança, ou o chamado “value investing”, conceito central dos investimentos de Buffett e que o segue em toda a carreira.

Paciência
O caso da Cities Service foi apenas uma introdução do que seria o perfil de investimento de Warren Buffett: foco voltado ao longo prazo. O próprio Buffett chegou a confirmar que analisou o balanço da Anheuser-Busch por 25 anos antes de comprar a ação da empresa.

No momento em que a comprou, não se importou muito em avaliar o preço que estava pagando, afinal, seus esforços se baseavam de maneira geral na análise do que estava comprando. “Compre uma empresa, não uma ação.”

Contato com o Value Investing
Mas Buffett saberia como ninguém adquirir ações também por preços atrativos. Sua maneira de administrar períodos de crise lhe rendeu boa parte de sua fortuna. Voltando à importância de se ter paciência, Buffett chega a esperar anos para comprar uma ação abaixo de seu valor intrínseco.

Esta ideia remete a seu mentor, Benjamin Graham. Voltando à sua história, aos dezessete anos Buffett se formou no ensino fundamental e partiu, por vontade de seu pai, para uma faculdade. Após cursar dois anos na Universidade da Pensilvânia e largar os estudos, tentou ingressar em Harvard. Foi rejeitado, considerado jovem demais. Partiu para a Universidade de Columbia, onde teve contato com Graham.

Apesar de sua vocação natural, os ensinamentos de Benjamin Graham podem ser considerados como ponto crucial para a história de Buffett nos investimentos. Ao conhecer os conceitos do value investing, passou a segui-los à risca. Aos 21 anos, Buffett foi acompanhar Graham também em sua empresa, após muitos esforços para conseguir o tal emprego na Geico, que muito depois viria a ser comprada pela Berkshire Hathaway.

Buffett Associates
Entre as diversas lições deixadas por Buffett, uma vai contra um princípio comum a alguns investidores. Buffett preferia alguma concentração dos investimentos, não optando por uma total diversificação. “Uma diversificação ampla só é requerida quando os investidores não entendem o que estão fazendo”.

A partir das próprias experiências e do conhecimento adquirido com Graham, passou a voar sozinho. Em 1956, criou a Buffett Associates, junto com suas irmãs e outros parceiros. A pequena companhia conseguia, em seus primeiros anos, um retorno próximo de 250%, em um intervalo que o índice Dow Jones havia acumulado valorização de 74%.

Buffett se tornou celebridade em sua região. Ainda assim, sempre se negou a oferecer qualquer dica de investimento a seus amigos, quando solicitado. Sempre reconheceu a importância dos ensinamentos do mentor Graham.

Com 35 anos, Buffett finalmente chegou ao controle da Berkshire Hathaway, uma empresa do ramo têxtil que também vendia seguros. Buffett considerava a administração da companhia muito fraca no momento, e acumulou 49% de suas ações ordinárias para se autodeclarar diretor.

Hoje, a Berkshire se tornou uma holding que possui participações importantes em companhias como Coca-Cola, Gillette, American Express, Conoco Phillips e, recentemente, bancos como Wells Fargo e Goldman Sachs.

Em 2007, Buffett confirmou em sua carta aos acionistas que o único investimento que a Berkshire vinha mantendo em moeda estrangeira era no real, desde 2002. Naquele ano, a divisa norte-americana se desvalorizou em cerca de 17% ante a brasileira. Os investimentos em reais renderam aproximadamente US$ 2,3 bilhões a Buffett.

Atualmente, a holding possui participação relevante em empresas de diversos segmentos: American Express, Moody’s, Munich Re e Coca-Cola, dentre outros.

Há poucas semanas de fazer 84 anos, Buffett ganhou um presente: as ações da Berkshire Hathaway superaram os US$ 200 mil pela primeira vez na história

O mesmo de 50 anos atrás
Além de sua estratégia de investimentos, Buffett chama atenção por seu estilo de vida. Apesar de bilionário, mantém muitos dos costumes de sua juventude. Ainda mora na cidade de Omaha, na mesma casa adquirida 50 anos atrás, por aproximadamente US$ 31 mil.

Aos 84 anos, afirma que deixará de herança a seus filhos o necessário para que façam o que quiserem, mas façam alguma coisa. Buffett se comprometeu, em 2006, a doar aproximadamente 85% de sua fortuna para a Fundação de Bill Gates, o que representa o maior ato filantrópico da história.

Heinz: união com o trio de ouro brasileiro
Uma de suas grandes “tacadas” e que chamou atenção do mercado brasileiro foi a aquisição da Heinz, junto com o fundo brasileiro 3G Capital, dos empresários Jorge Paulo Lemman, Marcel Telles e Carlos Sicupira, num negociado avaliado em US$ 28 bilhões .

Assim como sempre afirma, quando fechou o acordo estava interessado na tarefa de decisões de capital e investimento, o principal responsável pela gestão da companhia é o 3G. Por isso, antes de concluir um negócio preocupa-se em sempre verificar se tem uma boa equipe de gerentes -, o que não foi diferente com a aquisição da Heinz.

As histórias de Buffett fazem um mercado sofisticado para muitos parecer simples. Entre tantas estratégias, a visão do oráculo de Omaha lembra do conceito clássico de investimento, de buscar valor, de focar o longo prazo.

– Confira algumas frases memoráveis –
” Não é possível fazer um bom negócio com uma pessoa ruim “

” Preço é o que você paga, valor é o que você tem “

” O que os sábios fazem no princípio, os tolos fazem no fim “

” Você deve investir num negócio que até um idiota poderia dirigir, porque algum dia um idiota o dirigirá “

” Wall Street é o único lugar para onde as pessoas vão de Rolls-Royce pedir conselhos a quem pega o metrô “

” Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo “

“Compre uma empresa, não uma ação”

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.