Ibovespa interrompe série de 6 altas, mas fecha semana com alta de 2,5%

Índice tem queda de 1% nesta sexta-feira com mercado digerindo as falas de Yellen em Jackson Hole e pesquisa pouco animadora sobre o futuro da Bolsa após as eleições

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO –  Após seis altas consecutivas, o Ibovespa não conseguiu dar continuidade à sequência e fechou esta sexta-feira (22) em queda de 0,99%, a 58.407 pontos. Apesar disso, a semana termina com alta para o índice, que avançou 2,53% em meio às notícias políticas, que contaram com o Datafolha na segunda-feira mostrando empate no segundo turno das eleições, além da confirmação de Marina Silva como candidata.

Para este pregão ficou em destaque o cenário internacional, com a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, falando no encontro anual de autoridades de bancos centrais em Jackson Hole. Segundo a equipe da Guide Investimentos, este fator levou os títulos para alta nos EUA, enquanto o dólar também registrou forte alta, voltando a se aproximar dos R$ 2,30. Nesta sessão a alta foi de 0,58%, para R$ 2,2804 na venda. 

Além disso, no radar do investidor, esteve uma pesquisa feita com 116 gestoras e assets pela XP Investimentos e que revelou que o “rali eleitoral” da Bolsa está perto do fim. O resultado mostrou que, em caso de vitória de Aécio Neves (melhor cenário para a Bolsa), o “alvo” do Ibovespa estaria na faixa de 65.900 pontos, o que daria um “upside” (potencial de valorização) de 11,7% em relação ao fechamento de ontem, enquanto no caso que Dilma vença (pior cenário), ele mergulharia para 44.700 pontos, queda de 24,2%.

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“Após fortes altas, o índice registra queda com os investidores reembolsando os ganhos e também de olho no cenário externo. Os investidores estrangeiros já registraram saída ontem e o volume projetado para a bolsa hoje é fraco”, aponta o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, levando à realização de alguns papéis que tiveram forte alta nos últimos períodos, caso de Petrobras.

Por aqui, chama atenção pesquisas para presidente encomendadas ao Ibope pela Rede Globo e que serão realizadas entre os dias 23 e 26 de agosto, segundo site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Além da pesquisa nacional, o Ibope também realizará pesquisas estaduais para presidente em 4 estados e no Distrito Federal. Esta será a primeira pesquisa Ibope após a confirmação de Marina Silva como candidata do PSB. As pesquisas devem ser divulgadas a partir da próxima terça-feira.

Yellen e a alta dos juros
De volta ao exterior, em seu discurso, Yellen manteve a linha apresentada pela ata do Fomc, divulgada na quarta-feira. Para ela, a economia norte-americana está convergindo para os objetivos estipulados pelo Fed, mas que o mercado de trabalho ainda está longe do ideal, levando a autoridade monetária a precisar agir de forma cautelosa para determinar quando  a economia estará forte o suficiente para que a taxa de juros suba.

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A taxa de desemprego tem caído mais rapidamente do que o esperado, mas Yellen afirmou que os problemas econômicos dos últimos cinco anos deixaram milhões de trabalhadores afastados do mercado, desencorajados ou presos em empregos de meio período –fatos que não são capturados pela taxa de desemprego. Julgar se a economia está perto do pleno emprego é algo “complicado pelas mudanças contínuas na estrutura do mercado de trabalho e a possibilidade de que a recessão severa tenha provocado mudanças persistentes no funcionamento do mercado de trabalho”, disse Yellen.

Destaques da Bolsa
Além da Petrobras (PETR3; PETR4), que seguiu o cenário de realização e de incertezas com eleições, outra gigante da Bolsa pressionou o índice neste pregão. Os papéis da Vale (VALE3;VALE5), que desde o início do dia ficaram em baixa, reagiram ao preço do minério de ferro – principal produto da exportadora. A commodity voltou a cair e atingiu novamente o patamar de US$ 90 por tonelada – nível que não era visto desde junho de 2014.

Apesar de perder força, as ações da Marfrig (MRFG3) voltou a subir neste pregão e encerrou a semana com ganhos de 5,7%. A empresa informou que vai suspender por tempo indeterminado, a partir de 1° de setembro, as operações do frigorífico bovinos e ovinos de Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, informou o Valor. No radar da empresa, ontem, a companhai informou que abateu mais de 250 mil cabeças de gado em julho, um crescimento de dois dígitos em relação à média mensal do último semestre, disse o presidente-executivo da Marfrig, Sérgio Rial.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 9,14 -5,09 +5,27 68,69M
 RSID3 ROSSI RESID ON 1,26 -4,55 -38,24 6,52M
 TIMP3 TIM PART S/A ON 11,12 -3,81 -7,24 21,90M
 TBLE3 TRACTEBEL ON 37,70 -2,73 +4,90 37,37M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 27,23 -2,61 +34,53 68,11M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSAN3 COSAN ON 39,90 +1,58 +1,80 79,72M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,67 +1,21 +66,75 7,38M
 CIEL3 CIELO ON 41,87 +1,16 +29,93 142,02M
 MMXM3 MMX MINER ON 0,95 +1,06 -77,38 4,69M
 BRPR3 BR PROPERT ON 14,50 +1,05 +13,32 14,28M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,92 -1,78 715,68M 909,94M 46.082 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 37,48 -1,13 301,79M 350,52M 14.326 
 VALE5 VALE PNA 27,92 -0,92 212,60M 314,26M 16.629 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,25 -0,37 172,68M 178,71M 23.735 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,72 -1,89 167,36M 268,23M 11.933 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,60 -1,57 147,90M 235,42M 12.838 
 CIEL3 CIELO ON 41,87 +1,16 142,02M 146,78M 9.619 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 12,67 -1,32 140,25M 112,09M 17.108 
 NATU3 NATURA ON 42,60 -0,09 104,94M 46,94M 9.001 
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 10,06 -1,08 95,91M 115,41M 24.086 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Resumo da semana
Já na segunda-feira, o mercado teve uma sessão mais volátil, com os investidores divididos entre o vencimento de opções e o resultado do Datafolha, publicado ainda na madrugada de domingo. A pesquisa mostrou Dilma Rousseff (PT) com 36% das intenções de voto para presidente, seguida de Marina (PSB), com 21%, e Aécio Neves (PSDB), com 20%. Na simulação de um segundo turno, Marina ficaria numericamente à frente da presidente, com 47% de apoio, ante 43% de Dilma. Ainda que a diferença seja de quatro pontos porcentuais, as duas estão tecnicamente empatadas nos limites máximos da margem de erro de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.

O dia seguinte ficou focado na entrevista que Dilma deu no Jornal Nacional e que não foi bem avaliada pelos investidores e pelos cientistas políticos. A presidente demonstrou dificuldades para enfrentar as perguntas feitas durante sua sabatina no Jornal Nacional. Indagada sobre as condições da saúde pública, a petista admitiu que há muito o que melhorar e que este é um dos maiores desafios do Brasil. Sobre corrupção, a presidente disse que não comentaria sobre o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tentou afastar seu nome das denúncias e preferiu evidenciar os programas que teria estabelecido para propiciar mais transparência ao governo.

Um pouco fora do cenário eleitoral, a quarta-feira foi focada no cenário externo e nas novidades anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, tudo enquanto o mercado aguardava a confirmação de Marina como candidata, fato que só ocorreu na parte da noite. Entre os destaques daquele dia, a ata do Fomc destacou que o mercado de trabalho nos EUA está mais forte do que o esperado, o que pode sinalizar uma alta de juros mais à frente. Alguns membros do Federal Reserve querem fazer um aumento “relativamente rápido” da taxa de juros, mas apesar disso, eles não são unanimidade.

Por aqui, Mantega fez um anúncio de medidas para impulsionar o crédito. Segundo ele, as medidas visam simplificar e melhorar a regulação do sistema de crédito e não tem impacto inflacionário. Mais cedo, o Banco Central anunciou novas medidas para estimular o mercado de crédito com potencial para injetar R$ 25 bilhões na economia, em mais um esforço do governo federal para estimular a fraca atividade.

Já a quinta-feira acabou sendo de “poucas emoções”, com a Bolsa passando grande parte do dia próxima da estabilidade, mas conseguindo fechar com alta, renovando assim sua máxima em 17 meses e seguindo em uma sequência de 6 altas, o que acabou sendo interrompido nesta sessão.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.