Petrobras tem menor defasagem ante combustíveis no exterior desde 2013

As cotações do petróleo Brent, negociado na Europa, e as do WTI, nos Estados Unidos, tiveram queda de cerca de 10 dólares o barril desde junho, atingido mínimas de vários meses

Reuters

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RIO DE JANEIRO – A defasagem do preço da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras (PETR3; PETR4) no Brasil deve atingir, neste mês, seu menor patamar desde o ano passado, pelo menos, na comparação com os valores internacionais, seguindo uma queda nos preços do petróleo nos mercados globais.

As cotações do petróleo Brent, negociado na Europa, e as do WTI, nos Estados Unidos, tiveram queda de cerca de 10 dólares o barril desde junho, atingido mínimas de vários meses, o que pressiona os preços dos combustíveis no exterior, que não são controlados como ocorre no Brasil.

A situação deve trazer um alívio para a Petrobras, que tem amargado prejuízos na área de Abastecimento, segundo dados de um estudo da GO Associados divulgados nesta quinta-feira e de acordo com avaliação de especialistas.

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A defasagem do preço da gasolina, ante o valor registrado na refinaria nos EUA, deve ficar em 11 por cento em agosto, abaixo da defasagem de 13 por cento em julho e dos 18 por cento de junho, segundo cálculos da GO.

Esse percentual para a gasolina é o menor registrado pela consultoria desde novembro do ano passado, quando houve o último reajuste do combustível no Brasil, de 4 por cento nas refinarias.

Já a diferença do preço do diesel, o combustível mais vendido pela Petrobras, deverá ficar em 4 por cento, de acordo com a GO, o menor nível desde os registros divulgados pela consultoria, que vão até agosto de 2013.

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Em agosto do ano passado, a defasagem do diesel ante a cotação externa era de 22 por cento.

O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, comentou que, a despeito dos muitos problemas geopolíticos globais, o preço do barril de petróleo está cedendo devido às mudanças no cenário financeiro.

Ele destacou que os EUA estão sinalizando um aumento dos juros a partir do próximo ano e que outros países como Inglaterra e Japão, e até mesmo a União Europeia, podem fazer o mesmo.

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“O petróleo é o maior mercado futuro. Se o juro sobe, o preço cai”, afirmou Silveira.

Silveira explicou que a queda do preço do barril de petróleo só não é mais acentuada porque os conflitos geopolíticos em locais como Iraque e Líbia carregam certo temor de interrupções de abastecimento.

Positivo para Petrobras
O cenário é positivo para os resultados da Petrobras no terceiro trimestre, segundo a avaliação do analista da Coinvalores Corretora, Bruno Piagentini.

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A empresa amargou um aumento de 55 por cento no prejuízo na Área de Abastecimento no segundo trimestre, de 3,9 bilhões de reais, devido à política do controle de preços dos combustíveis que mantém a defasagem nos valores de venda da Petrobras ante o mercado externo.

Entretanto, Piagentini ponderou que as perdas da estatal com as importações permanecerão acentuadas. Isso porque, além dos preços permanecerem defasados, a Petrobras permanece exposta à volatilidade do preço do barril do petróleo.

“Ainda que exista possível maior folga no terceiro trimestre, o risco continua para o quarto trimestre e ele só vai ser amenizado de forma consistente quando a companhia tiver produção de derivados que faça frente a demanda”, disse Piagentini.

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O analista da Coinvalores disse ainda que a variável câmbio pode se mostrar desfavorável para a Petrobras. Ele lembrou que hoje o Banco Central está atuando de forma a segurar a desvalorização do real.

“Mas existe uma expectativa de que essa atuação (do BC) perca força ao longo do segundo semestre e que esse câmbio volte a ficar em torno de 2,40 reais”, afirmou Piagentini.

Um dólar mais forte frente ao real encarece as importações.

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O analista destacou que a queda do preço do barril do petróleo está associada ao aumento da produção de países como Líbia e Arábia Saudita.

Piagentini ressaltou ainda que o mercado aguarda um reajuste dos preços de combustíveis ainda para este ano e não acredita que uma melhora da defasagem possa impedir um reajuste, já que o preço do barril é muito volátil.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse no início do mês à Reuters que em todos os anos houve correção nos preços da gasolina, e que o comportamento do governo é continuar com reajustes normais.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.