Saiba quem é o melhor analista do Brasil e o que ele pensa sobre a Bolsa após eleição

Melhor research do Brasil segundo a Institutional Investor, Rodrigo Goes avalia que há um capital estrangeiro "travado" à espera de uma definição no cenário político interno para entrar na Bovespa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Rodrigo Goes é hoje o melhor analista do Brasil. Pelo terceiro ano consecutivo, a equipe de research do BTG Pactual, liderada por ele, foi eleita pelo ranking elaborado pela Institutional Investor como a melhor do País. O ranking reflete a opinião de 654 analistas “buy side” (nome dado aqueles que realmente colocam dinheiro no mercado, como gestores) e portfólio de gestores de 366 instituições que administram cerca de US$ 234 bilhões em ações no Brasil. O banco de investimentos aparece presente em todas as 18 categorias avaliadas pelo ranking, tendo vencido 8 delas.

Goes, que está no BTG desde 2009, também é chefe das áreas de equity sales e trading do banco. Antes de chegar ao BTG, ele trabalhou oito anos no UBS e UBS Pactual como analista sênior dos setores de transporte e logística, onde também ganhou o ranking de research da Institutional Investor em várias ocasiões.

Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, ele diz que o perfil do investidor mudou muito ao longo destes anos, tendo se tornado muito mais criterioso, sobretudo após o fim da euforia na Bolsa, que durou entre 2002 e 2008. “Em um cenário onde tudo está subindo fica mais fácil operar, mas os quatro últimos anos foram difíceis e o investidor agora está cobrando mais”, disse Goes.

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Segundo ele, o que se acentuou nesses últimos anos foi a exigência de uma proximidade maior com os principais diretores das empresas. “O investidor está cobrando um acesso corporativo diferenciado. Ele quer ter acesso ao CEO (Chief Executive Officer) das empresas. A coisa está se sofisticando bastante e isso traz uma demanda muito maior para a área de research. Alguns anos atrás não era assim”, disse.

O que esperar da Bolsa?
O analista também fez um breve paralelo sobre o que esperar da Bolsa com esse pano de fundo eleitoral. Desde meados de março, quando bateu sua mínima do ano, o Ibovespa engatou um movimento de alta que já chega a 30%, saltando daqueles 44 mil pontos para os atuais 59 mil pontos, em um movimento que tem sido chamado de “rali eleitoral”, já que sua disparada teve início com as pesquisas eleitorais. 

Segundo Goes, as pesquisas agora deverão ser o principal driver para a Bovespa. “É um evento extremamente importante e está todo mundo de olho em cada pesquisa”. Além disso, o que está acontencendo é que o Brasil é disparado o maior mercado da América Latina, o que acaba atraindo para si boa parte do capital estrangeiro. “Se está todo mundo de olho na eleição e fazendo suas projeções, todo mundo quer um ‘insider’ mais eficiente para se antecipar do mercado, o que gera grande volatilidade”, comentou.

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Isso se explica pelas fortes oscilações que o Ibovespa e as ações das estatais e do setor financeiro – as mais “sensíveis” durante esse rali eleitoral” – apresentaram não apenas após a divulgação das pesquisas eleitorais, como também antes que elas fossem a público, em um movimento claro de antecipação dos grandes investidores sobre os números que seriam apresentados.

Com a atratividade do mercado brasileiro sendo contaminada pela volatilidade das eleições, o analista do BTG acredita que boa parte do capital estrangeiro voltará para a Bovespa assim que o cenário político ficar mais claro. “De uma maneira geral, o investidor estrangeiro está ‘underweight’ (alocação abaixo da média) no Brasil. Tem bastante dinheiro à espreita, esperando uma definição maior. Então, do ponto de vista técnico, tem espaço para o dinheiro entrar”, afirma.

Segundo ele, isso quer dizer que há “espaço técnico” para o mercado subir porque o estrangeiro não está no Brasil, mas sim em mercados mais sofisticados. Ou seja, em um cenário de maior certeza e perspectiva melhor, o que implicaria uma mudança no rumo econômico, a Bolsa deve subir. Mas, se tudo ficar igual e não houver mudanças, dificilmente o mercado rumará para cima, comentou. 

Mas será que sobe?
Se para o melhor analista do Brasil há espaço para a Bovespa subir, o consenso dos gestores brasileiros indica que o rali está perto do final. Uma pesquisa feita pela XP Investimentos com 116 gestoras e assets mostrou quais as expectativas individuais sobre o “alvo” do Ibovespa dependendo do resultado das eleições – vitória de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB).

O resultado das 116 respostas mostrou que, em caso de vitória do Aécio Neves, o “alvo” do Ibovespa estaria na faixa de 65.900 pontos, o que dá um “upside” (potencial de valorização) 11,7% em relação ao fechamento da última quinta-feira (21), dia de divulgação da pesquisa. Caso Marina vença o pleito, o índice da Bolsa deve ficar estacionado em 59.400 pontos. Já em uma reeleição de Dilma, ele mergulharia para 44.700 pontos, o que abre um “downside” de 24,2%.