Ibovespa sobe 1,5% com entrevista ruim de Dilma e fecha na máxima em 17 meses

Após entrevista da presidente Dilma Rousseff no Jornal Nacional, as ações da Petrobras e de bancos subiram mais de 3%, ajudando a impulsionar o índice

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa até chegou a abrir em queda, mas passou a ganhar força ainda pela manhã, fechando em alta pelo quarto pregão consecutivo – com avanço de 5,2% no período, o que equivale a 2.870 pontos -, após o índice superar sua máxima desde março de 2013, ao atingir os 58.474 pontos no intraday. O benchmark da bolsa fechou com ganhos de 1,54%, a 58.449 pontos e o volume movimentado pela Bovespa atingiu R$ 7,171 bilhões. O desempenho se deve pelo entendimento do mercado de que a entrevista da presidente Dilma Rousseff no Jornal Nacional não foi boa para ela, o que favorece a alta de mais de 2% das estatais e dos bancos.

O Ibovespa ultrapassou um patamar importante hoje (58.150 pontos). Esse ponto libera compra e mostra toda a força compradora dominante no momento, uma vez que é a máxima atingida pelo índice desde março de 2013. Com o benchmark encerrando a sessão acima dessa região, é esperado mais altas para o Ibovespa, tendo como primeiro alvo os 59.500 pontos, disse o analista gráfico Wagner Caetano, diretor da Top Traders e do Terminal Cartezyan

“O começo da sessão foi estranho, talvez com os investidores embolsando parte dos lucros após duas fortes altas do Ibovespa. Porém, a avaliação de que a entrevista ao Jornal Nacional de Dilma Rousseff foi ruim acabou prevalecendo no mercado e impulsionou as ações de estatais”, ressalta o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido. A entrevista que Dilma deu a William Bonner e Patricia Poeta não foi bem avaliada pelos investidores e pelos cientistas políticos. 

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A presidente Dilma demonstrou dificuldades para enfrentar as perguntas feitas durante sua sabatina no Jornal Nacional. Indagada sobre as condições da saúde pública, a petista admitiu que há muito o que melhorar e que este é um dos maiores desafios do Brasil. Sobre corrupção, a presidente disse que não comentaria sobre o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tentou afastar seu nome das denúncias e preferiu evidenciar os programas que teria estabelecido para propiciar mais transparência ao governo.

“A Dilma Rousseff da entrevista esteve parecida com a de sempre, e não uma candidata capaz de produzir impacto eleitoral com suas palavras”, ressaltou a equipe de análise da Guide Investimentos. E, “como esperado, não respondeu exatamente as perguntas que recebeu, nem as aproveitou para firmar uma vantagem em relação a Aécio [Neves, do PSDB] e Marina [Silva, do PSB]. A opinião comum é que Aécio e especialmente Campos [que faleceu no último dia 13 de agosto] usaram melhor suas oportunidades ali”, disseram os analistas. 

Ontem, em entrevista ao InfoMoney, o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer classificou com estas duas palavras a performance da presidente Dilma: despreparada e nervosa. Para o especialista, diante das perguntas contundentes e da postura firme dos jornalistas, a petista não soube responder à altura e acabou tentando evitar os temas mais polêmicos. “Como é um jornal de grande abrangência nacional, a repercussão pode afastar os eleitores de Dilma”, aponta Celson. 

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Vale ressaltar que os últimos dois dias foram de fortes ganhos para o índice, com a possibilidade de Marina Silva sair candidata pelo PSB e o Datafolha apontando para garantia de segundo turno com Marina se sagrando vencedora em um possível segundo turno. A pesquisa, divulgada na segunda-feira, mostrou Dilma Rousseff (PT) com 36% das intenções de voto para presidente, seguida de Marina (PSB), com 21%, e Aécio Neves (PSDB), com 20%. Vale ressaltar que já foi registrada uma nova pesquisa com o nome de Marina Silva, desta vez realizada pela MDA em parceria com a CNT.

Já no exterior, os principais índices acionários do mundo sobem nesta sessão e estendem os ganhos pelo segundo dia consecutivo,refletindo os sinais de alívio nas tensões geopolíticas. Investidores seguem atentos à divulgação nesta quarta-feira da ata da reunião de julho da política monetária do Federal Reserve, banco central dos EUA, bem como eventuais comentários da cúpula do Fed em Jackson Hole, Wyoming, que começa na quinta-feira.

“Algumas autoridades do Fed têm falado sobre a necessidade de uma alta antecipada dos juros, portanto investidores também vão procurar se há uma tendência mais ‘hawkish’ na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)”, disse a diretora-gerente da BK Asset Management, Kathy Lien. 

Petrobras e bancos sobem forte e MMX cai 9%
Como grande destaque da sessão ficaram as ações da estatais, principalmente a Petrobras (PETR3; PETR4), e os bancos, que desde março têm registrado altas diante do cenário político e reagindo às pesquisas eleitorais. No caso da petrolífera, as ações ordinárias subiram 3,20%, cotadas a R$ 19,69, enquanto as preferenciais avançam 2,50%, para R$ 20,91. Entre os bancos, o destaque fica para o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 37,51, +3,42%) e Bradesco (BBDC3, R$ 38,46, +3,95%).

Na ponta negativa, a coluna Radar, da Veja, apontou ontem no final da tarde que a MMX Mineração (MMXM3, R$ 1,06, -10,17%), do empresário Eike Batista, está prestes a pedir recuperação judicial, assim como fizeram a antiga OGX Petróleo, agora Óleo e Gás Participações (OGXP3), e a OSX Brasil (OSXB3). 

Segundo a publicação, o pedido deve ocorrer até o final deste mês. Ontem, a companhia informou que Samir Zraick, membro independente do conselho de administração da empresa e presidente do Comitê de Auditoria da companhia, reeleito em assembleia geral ordinária realizada no dia 30 de abril e na reunião de administração ocorrida em 20 de setembro de 2013, respectivamente, renunciou, em 15 de agosto, aos cargos que ocupava na MMX. A eleição de um substituto de Zraick será oportunamente divulgada ao mercado, disse a empresa. As ações MMXM3 têm baixa de 6%.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 6,31 +3,95 +57,75 20,23M
 BBDC3 BRADESCO ON 38,46 +3,95 +22,43 58,30M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,38 +3,76 -23,76 26,94M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT ED N2 11,61 +3,48 n/d 19,78M
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 37,51 +3,42 +35,64 417,72M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MMXM3 MMX MINER ON 1,06 -10,17 -74,76 6,99M
 OIBR4 OI PN 1,19 -3,25 -66,85 67,12M
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 8,15 -1,21 +24,31 19,28M
 BRFS3 BRF SA ON 57,35 -0,86 +18,37 183,99M
 SANB11 SANTANDER BR UNT N2 15,16 -0,85 +25,87 26,38M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,91 +2,50 887,74M 901,87M 60.296 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 37,51 +3,42 417,72M 343,47M 27.797 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,50 +3,02 337,78M 229,99M 21.867 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,30 +0,99 312,11M 173,64M 23.868 
 BBAS3 BRASIL ON 29,90 +2,29 224,49M 205,03M 22.287 
 VALE5 VALE PNA 27,76 +0,22 216,96M 319,89M 17.978 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,69 +3,20 194,33M 275,33M 17.453 
 BRFS3 BRF SA ON 57,35 -0,86 183,99M 101,74M 10.674 
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 10,07 +2,34 175,30M 113,69M 40.555 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON EDR 34,45 +0,33 159,06M 135,09M 12.934 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.