Quinta queda seguida não evita alta de 5% do Ibovespa em julho; dólar sobe 2,71%

Em dia marcado por pessimismo generalizado no mercado internacional, resultados corporativos decepcionantes e resultado primário preocupante, índice tem pior pregão desde maio

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Entre resultados decepcionantes, dados macroeconômicos preocupantes e cenário de cautela no mercado internacional, o Ibovespa registrou, nesta quinta-feira (31), sua quinta queda seguida ao fechar com perdas de 1,84%, a 55.829 pontos. O dia também marcou o pior pregão do benchmark desde 30 de maio, quando caiu 1,91%. Apesar do retrospecto recente negativo, o índice conseguiu fechar julho com desempenho positivo em 5,00% – seu segundo mês de alta seguido.

No noticiário doméstico, os resultados consolidados do setor público desanimaram, ao registrar um déficit primário de R$ 2,1 bilhões, em junho, o primeiro para o mês, e de R$ 11,046 bilhões, em maio. Em 12 meses encerrados em junho, o superávit primário chegou a R$ 68,528 bilhões, o que corresponde a 1,36% do PIB (Produto Interno Bruto), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

A meta para o setor público, este ano, é 1,9% do PIB. “Obviamente o déficit de maio e junho tornam o atingimento da meta mais distante, mais difícil. Exigirá um esforço maior do governo para obtê-la, mas não significa que não será atingida”, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Vale lembrar que, no mês passado, a divulgação do pior resultado do Governo Central em toda a história do mês de maio fez com que economistas ouvidos pelo InfoMoney já afirmassem que a “meta de superávit do governo é impossível de alcançar”. Para o economista Roberto Troster, governo está tentando “apagar pequenos incêndios”. “Eles continuam gastando mais como se essa fosse a solução para tudo”, criticou.

Pessimismo também no exterior
Entre os destaques do dia, apareceu a economia argentina, que entrou em default seletivo na véspera após não conseguir chegar a um acordo com os credores “holdouts” conhecidos como “fundos abutres”. Este foi considerado o segundo default do país vizinho em 12 anos e deve apontar para a continuidade do cenário de deterioração da imagem argentina frente o mercado internacional.

Ainda lá fora, ganhou destaque o banco português Banco Espírito Santo (BES), que chegou a desabar 50% na manhã desta quinta-feira após a divulgação do balanço. A instituição financeira anunciou na noite de ontem que acumulou prejuízo de 3,488 bilhões de euros no segundo trimestre de 2014. No acumulado dos primeiros seis meses, a perda atingiu 3,577 bilhões de euros. O maior banco privado português em ativos, liderado por Vítor Bento há duas semanas, adiantou que registou perdas contábeis e contingências da ordem de 4,253 bilhões de euros.

Continua depois da publicidade

Também chamaram atenção os dados da zona do euro. A inflação anual na zona do euro desacelerou em julho para seu menor nível desde o pior da crise financeira há quase cinco anos, destacando os riscos de deflação no radar do BCE (Banco Central Europeu). Os preços ao consumidor nos 18 países que compartilham o euro subiram 0,4% em julho na base anual, pior resultado nessa comparação desde outubro de 2009, quando houve recuo de 0,1%, informou nesta quinta-feira a agência de estatísticas da UE, Eurostat.

Destaque ainda para o FMI (Fundo Monetário Internacional), que disse que a China deveria definir uma meta de crescimento econômico de 6,5% a 7% para 2015 e evitar medidas de estímulos a menos que a economia ameace desacelerar de maneira forte a ponto de tirar tais níveis do radar.

Já nos EUA, destaque para os pedidos de auxílio desemprego, que ficaram levemente abaixo do esperado com 302 mil pedidos; amanhã, sairá o relatório de emprego de julho; à noite, sai o PMI industrial da China. Na maior economia do mundo, os três principais índices acionários fecharam com perdas expressivas próximas dos 2%.

Resultados guiam ações
A temporada de resultados voltou a roubar as atenções dos investidores nesta quinta-feira, tendo também como destaque para Ambev (ABEV3, R$ 15,67, -4,45%) e Embraer (EMBR3, R$ 21,55, -0,23%). Nesta manhã, o Santander Brasil (SANB11, R$ 15,25, -2,56%) também divulgou seu resultado, no qual mostrou lucro líquido de R$ 527,5 milhões, enquanto o Bradesco (BBDC4, R$ 34,61, -0,86%) reportou um lucro 27,7% maior na comparação anual.

Já a Vale (VALE3, R$ 32,55, +1,02%; VALE5, R$ 29,13, +0,69%) registrou um lucro líquido de R$ 3,187 bilhões no segundo trimestre de 2014, abaixo da expectativa do mercado de resultado de R$ 5 bilhões, mas 283% maior na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando a companhia foi afetada por perdas contábeis cambiais.

A Ambev divulgou lucro líquido de R$ 2,2 bilhões entre abril e junho, alta de 15,9% na comparação anual, em linha com a previsão média de analistas em pesquisa da Reuters. Já a Embraer apresentou forte lucro no segundo trimestre, favorecida pela redução de imposto de renda e pelo aumento da receita com entregas de aeronaves, revertendo resultado negativo registrado um ano antes.

Entre os principais ganhos do dia, destaque para os papéis das exportadoras, surfando onda na valorização do dólar, que subiu mais de 1,24% nesta sessão e 2,71% no mês. Desta forma, a moeda americana terminou junho cotada a R$ 2,2699 na venda, fazendo com que os produtos das companhias exportadoras ganhem maior visibilidade no cenário internacional. Entre os destaques do setor, apareceram os papéis da Suzano (SUZB5, R$ 8,80, +3,29%), CSN (CSNA3, R$ 11,45, +2,14%) e Fibria (FIBR3, R$ 22,27, +1,14%).

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GFSA3 GAFISA ON 3,30 -4,62 -4,38 31,91M
 ABEV3 AMBEV S/A ON EDJ 15,67 -4,45 -5,81 317,46M
 JBSS3 JBS ON 8,35 -3,91 -3,83 73,51M
 PETR4 PETROBRAS PN 19,10 -3,78 +19,01 699,73M
 PETR3 PETROBRAS ON 17,99 -3,69 +16,53 307,57M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 8,80 +3,29 -3,22 42,62M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 11,45 +2,14 -20,38 62,60M
 FIBR3 FIBRIA ON ATZ 22,27 +1,14 -19,46 38,79M
 VALE3 VALE ON 32,55 +1,02 -6,29 151,83M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,05 +1,00 -43,35 44,35M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 19,10 -3,78 699,73M 691,14M 48.705 
 VALE5 VALE PNA 29,13 +0,69 509,97M 309,66M 25.107 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 35,10 -2,06 423,04M 297,64M 22.834 
 CIEL3 CIELO ON 41,50 -1,54 335,56M 132,23M 16.820 
 BBDC4 BRADESCO PN 34,61 -0,86 317,47M 220,13M 21.315 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EDJ 15,67 -4,45 317,46M 168,19M 38.619 
 PETR3 PETROBRAS ON 17,99 -3,69 307,57M 244,97M 26.235 
 BBAS3 BRASIL ON 27,72 -2,63 188,61M 161,31M 22.199 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,49 -0,73 174,42M 92,58M 22.026 
 KROT3 KROTON ON 60,42 -2,71 152,63M 158,49M 9.588 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.