Por que o mercado está tão apreensivo com a decisão do Fed que sairá às 15h?

Expectativa é que autoridade monetária dos EUA dê sinalizações sobre elevação dos juros, o que pode levar a novas altas da Selic e impactar negativamente os dois setores

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A proximidade do término do encontro de política monetária do Federal Reserve, que anuncia sua decisão às 15h (horário de Brasília) desta quarta-feira (30) continua sendo o grande foco dos movimentos na bolsa brasileira. Assim como ontem, ações de imobiliárias e de companhias de varejo seguem em queda, mas com menos intensidade.

O destaque fica com os ativos das empresas Rossi (RSID3, R$ 1,46, -3,31%), Gafisa (GFSA3, R$ 3,46, -1,98%), Even (EVEN3, R$ 6,19, -1,75%) e MRV Engenharia (MRVE3, R$ 7,38, -2,38%), além da Lojas Americanas (LAME4, R$ 14,73, -1,21%), Magazine Luiza (MGLU3, R$ 8,72, -2,02%) e Lojas Renner (LREN3, R$ 70,43, -1,08%), todas com queda de mais de 1% nesta tarde.

Segundo o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, o Fed pode sinalizar uma elevação na taxa de juros e isto pode acabar servindo como um fator a mais para forçar o Banco Central do Brasil a continuar elevando a Selic. “Isso traz um reflexo direto nas imobiliárias e varejistas, que são mais sensíveis a essas questões. Além disso, o mercado como um todo está mais sensível, adotando um tom de cautela”, disse.

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O que comenta-se no mercado é sobre uma mudança nos fluxos globais com a normalização da política monetária nos Estados Unidos. Ou seja, especula-se que quando o Federal Reserve resolver tirar a taxa de básica de juros do chão, os fluxos minguem do mercado brasileiro, o que forçará o BC a elevar ainda mais a Selic para atrair investidores. Um compilado feito pela Bloomberg mostra que especialistas de 15 bancos e corretoras acreditam em uma nova redução de US$ 10 bilhões nas compras de títulos, levando o atual programa para US$ 25 bilhões ao mês.

Além disso, a expectativa é que algum comentário, mesmo que seja “discreto”, sobre a elevação de juros deve ocorrer. A maioria dos economistas também projeta uma elevação dos juros mais cedo do que era esperado anteriormente. Para o economista Joseph LaVorgna, do Deutsche Bank, os líderes do Fed devem gastar um bom tempo discutindo a melhor estratégia da retirada de incentivos.

Vale lembrar que em discurso realizado na metade de julho, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse que poderia elevar a taxa básica de juro antes do previsto, caso o mercado de trabalho dos Estados Unidos continue se fortalecendo acima das expectativas. A recuperação do mercado de trabalho superou as expectativas do Fed, após a taxa de desemprego cair para 6,1% em junho, o menor nível desde setembro de 2008. 

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Nesta manhã, o Departamento do Comércio informou que o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA registrou um crescimento de 4,0% entre abril e junho, superando a previsão de alta de 3,0%. Ainda nos EUA, o ADP Employment de julho, por sua vez, mostrou menor criação de vagas do que o esperado: 218 mil ante expectativa de 225 mil. Apesar de ficar abaixo da estimativa, o número segue apontando uma melhora permanente no mercado de trabalho do país

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.