Kroton e MRV completam 7 anos na Bolsa, mas apenas uma delas tem razão para comemorar

Desde que entrou na Bolsa, a companhia de educação teve apenas 2 anos negativos, enquanto a MRV registrou muitos altos e baixos, chegando à uma mínima de R$ 1,80 e máxima de R$ 15,86

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Este dia 23 de julho marca o aniversário de 7 anos de duas grandes empresas da Bovespa. Nesta data, em 2007, Kroton (KROT3) e MRV Engenharia (MRVE3) estreavam na Bolsa, ambas com forte alta em relação ao preço de estreia. Mas as coincidências param por aí, em todos estes anos, as trajetórias das duas companhias são muito diferentes, mesmo assim ambas conseguem manter suas ações acima do valor de estreia.

Um dos maiores sucessos da Bolsa nos últimos anos é a Kroton, que desde que entrou na Bovespa já viu suas ações subirem 230% – vale lembrar que nestes 7 anos muitos ajustes ocorreram por conta de proventos, grupamentos, subscrições, entre outros fatores, por isso o valor dos papéis não expressam essa alta. Em 7 anos de Bolsa, apenas 2 terminaram de forma negativa para a companhia: 2008 e 2011. Além disso, em 2007, com apenas 6 meses na Bolsa, as ações também fecharam em queda.

A Kroton estreou com seus papéis ao valor de R$ 39,00, no topo de sua precificação, que tinha como base os R$ 31,00. Seu menor patamar foi em 2008, no auge da crise econômica, quando chegou a valer R$ 3,00. Por outro lado, desde então as ações praticamente só subiram, e se considerarmos desde 2012, a alta acumulada dos papéis atinge os 612%, com o ativo atingindo hoje os valor de R$ 61,92.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Desde que a companhia entrou na Bolsa ela demonstra um perfil de grandes aquisições. Em 2009 a Kroton recebeu um grande aporte de um dos maiores fundos de private equity do mundo, a Advent International, que agora compartilharia o controle da empresa com os sócios fundadores. Em 2010, a companhia adquiriu a IUNI Educacional no que até então era a maior aquisição da história da educação no País, que perderia o posto para a compra da UNOPAR pela Kroton no ano seguinte, tornando a companhia a maior do Brasil em ensino à distância.

Entre 2011 e 2012 foram pelo menos 6 grandes aquisições, o que fortaleceu a base da companhia em todo o Brasil. Já no ano passado, a Kroton anunciou sua fusão com a Anhanguera, o que cria a maior empresa de educação do País. Após algumas dificuldades de aprovação pelo Cade, a fusão foi concluída no final de junho deste ano, fazendo com que as ações da Anhanguera saíssem da Bolsa.

Porém, não é apenas a estrutura e o modelo de negócio que favorece a Kroton. Diferente de muitos setores da Bovespa – como os bancos e as elétricas – as intervenções do governo acabam ajudando e impulsionando os papéis dessas empresas. Nos últimos anos, diversos programas de estímulos à educação tornaram este setor um dos melhores para se investir na Bovespa, com altos ganhos a cada anos. Entre estes programas, o grande destaque fica para o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), que tem investido alto para ajudar estudantes a ingressarem no ensino superior.

Continua depois da publicidade

Com a fusão e com a continuidade dos programas governamentais – que não devem mudar mesmo que o governo mude com as eleições – dão ânimo para os analistas, que seguem esperando alta das ações daqui pra frente. Para a equipe da Coinvalores, esse cenário positivo para todo o setor de educação não deve mudar, e a fusão com a Anhanguera só deve trazer frutos para ela, que deve complementar seu negócio e crescer ainda mais.

O caminho tortuoso da MRV
Seguindo por um caminho muito mais complicado nestes 7 anos, a MRV não vê ganhos exorbitantes em suas ações, mas consegue se manter em níveis superiores ao de quando iniciou no mercado. Desde 2007, quando estrearam valendo R$ 8,62, os papéis MRVE3 acumulam queda de 10,5%, atingindo o patamar atual de R$ 7,73. 

Diferente da Kroton, a trajetória da MRV em cheia de altos e baixos, com grandes oscilações não só entre os anos, mas em curtos períodos também. Nestes 7 anos, as ações da companhia atingiram o fundo do poço em 2008, quando chegaram a valer R$ 1,80, enquanto sua máxima, de R$ 15,86 em 2010.

Comparada ao seu tempo de atuação, a MRV é nova na Bolsa. São 33 anos no mercado com grande foco no setor de construções populares voltadas para classes de baixa renda. Atualmente a empresa foca seus trabalhos no programa Minha Casa Minha Vida, construindo unidades com preço médio de venda de R$ 121 mil. A companhia atualmente atua em 120 cidades em 18 estados do Brasil.

As maiores dificuldades da MRV nos últimos anos não são exclusividade dela. Todo o setor de imobiliárias também passa por períodos positivos e negativos. Na Bolsa, as construtoras são conhecidas por serem uma das mais expostas às variações do mercado, ou seja, em momentos de forte alta, as ações das construtoras tendem a subir também. Além disso, o cenário econômico é importante para o desempenho destas empresas, principalmente em relação aos juros.

Em momento de juros em baixa, o crédito para o setor imobiliário é bastante favorecido, impactando positivamente a companhia. Segundo a própria empresa explica em seu site, a melhora nessas condições “contribui para a expansão da demanda, uma vez que a queda no custo dos empréstimos e o alongamento nos prazos de pagamento implicam redução no valor das prestações mensais, ampliando o poder de compra dos clientes”.

Atualmente as expectativas para a companhia não são muito positivas. Em relatório divulgado nesta manhã, o BTG Pactual reitera sua recomendação de compra para as ações da MRV, assim como para Even, Tecnisa, EZTec, Helbor e Direcional. Segundo eles, o momento no País é de desafios para as construtoras, com fracos lançamentos. As preferências do banco para o setor são Direcional e Even, embora a MRV seja a preferida dentre as “large caps” (empresas de maior valor de mercado).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.