Entre Ibope e possível queda de Selic, Ibovespa sobe pelo 3º dia e renova máxima

Com mercado de olho em nova pesquisa eleitoral, que deve ser divulgada nesta noite, e especulações sobre queda nos juros, índice fecha em alta de 0,6%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com noticiário agitado e expectativa do mercado pelos números de uma nova pesquisa eleitoral, o Ibovespa alcançou sua 3ª alta consecutiva nesta segunda-feira (22), ao terminar o dia com ganhos de 0,61%, a 57.983 pontos – melhor fechamento desde 12 de março de 2013 (58.208 pontos). Contribuindo para o dia positivo, destaque para as blue chips Petrobras (PETR3, R$ 19,48, +0,05%PETR4, R$ 21,05, +0,72%) e Vale (VALE3, R$ 31,87, +0,98%VALE5, R$ 28,54, +0,96%), além das companhias dos setores elétrico e imobiliário. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 6,66 bilhões.

O mercado ficou de olho no Ibope, que deve ser divulgado nesta noite, durante o Jornal Nacional, da Rede Globo, além de digerir o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que desacelerou de 0,47% para 0,17% em julho. Com isso, cresceram as expectativas dos investidores de que ocorra um corte do Banco Central na Selic, hoje em 11% ao ano.

Ainda do lado macroeconômico, caiu de 2,5% para 1,8% a estimativa de crescimento econômico feita pelo governo para este ano. De acordo com o 3º relatório bimestral de reprogramação orçamentária, divulgado pelo Ministério do Planejamento nesta terça-feira (22), também foram alteradas as expectativas com relação à inflação, com as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) crescendo de 5,6% para 6,2% em 2014. Já com relação ao câmbio médio, as expectativas foram mantidas em R$ 2,29 no período.

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Com isso, cresceu o ceticismo do mercado com relação à capacidade da economia brasileira apresentar taxas de crescimento mais atraentes neste ano. O diretor da Moody’s Analytics para a América Latina, Alfredo Coutiño, disse que a sequência de notícias econômicas ruins sobre o Brasil vem aumentando as discussões sobre uma possível de recessão este ano, segundo informações do Dow Jones Newswire. Para ele, a probabilidade do PIB brasileiro contrair por dois trimestres seguidos está superando os 50%.

Destaques do pregão
O noticiário corporativo nacional também movimentou o dia. A Sabesp (SBSP3, R$ 22,60, -0,88%) pediu ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo autorização para usar mais 100 milhões de metros cúbicos de água da chamada reserva técnica do Sistema Cantareira, conhecida como “volume morto”, disse a Agência Nacional de Águas (ANA), nesta segunda-feira.

O volume é adicional aos 182,5 milhões de metros cúbicos do volume morto do sistema, principal conjunto de reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo, que já estão sendo utilizados desde 16 de maio. Segundo a ANA, o pedido foi encaminhado na semana passada ao DAEE, que informou sobre a solicitação aos demais integrantes do Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Sistema Cantareira (GTAG), do qual a ANA faz parte. Procurada, a Sabesp confirmou o registro do pedido.

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Também chamaram atenção as ações do setor elétrico. O empréstimo adicional de R$ 6,5 bilhões de bancos e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) às distribuidoras de energia elétrica deve ser liberado na semana que vem ou, no máximo, até a primeira semana de agosto, segundo uma fonte envolvida nas negociações.

“Está em fase final de aprovação”, disse à Reuters a fonte, que pediu para não ser identificada, já que as negociações têm caráter sigiloso. O financiamento conta um grupo de 15 bancos comerciais que, juntos, serão responsáveis pelo repasse de R$ 3,5 bilhões. Os R$ 3 bilhões restantes virão do BNDES.

Entre os destaques do setor nesta sessão, apareceram as ações da Eletropaulo (ELPL4, R$ 11,44, +3,62%), Light (LIGT3, R$ 22,75, +2,57%), Energias BR (ENBR3, R$ 11,53, +2,31%) e Cemig (CMIG4, R$ 19,92, +2,05%), todas com ganhos superiores a 2%.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PAR ON 21,44 +7,47 +27,84 116,94M
 BRPR3 BR PROPERT ON 15,38 +6,44 +20,19 78,34M
 LAME4 LOJAS AMERIC PN 14,95 +4,25 +19,54 40,57M
 MRVE3 MRV ON 7,85 +4,25 -2,71 17,14M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,55 +4,03 -14,36 17,48M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MMXM3 MMX MINER ON 1,37 -5,52 -67,38 5,11M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,12 -2,17 -42,86 57,41M
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,84 -1,58 +22,83 26,41M
 GOAU4 GERDAU MET PN 16,17 -1,34 -30,12 14,37M
 FIBR3 FIBRIA ON 20,91 -1,32 -24,38 24,20M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 21,05 +0,72 1,30B 635,86M 61.537 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,48 +0,05 340,16M 228,49M 21.890 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 35,37 -0,20 267,91M 287,53M 15.424 
 VALE5 VALE PNA 28,54 +0,96 267,12M 304,22M 16.855 
 BBDC4 BRADESCO PN 35,18 -0,34 188,96M 224,71M 11.940 
 BBAS3 BRASIL ON 29,08 +0,69 179,65M 137,12M 13.329 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,67 -0,83 142,28M 173,96M 12.202 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 13,30 +1,68 138,60M 89,06M 14.530 
 VALE3 VALE ON 31,87 +0,98 121,93M 102,02M 11.492 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 34,21 +1,18 119,14M 112,45M 10.931 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Selic mais baixa?
A notícia da desaceleração do IPCA-15, divulgada nesta manhã pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), surpreendeu os operadores de mercado, que já começam a estimar um corte Selic ainda neste ano, segundo movimentação dos contratos futuros de DI, que voltaram a marcar queda. Os contratos entre 2018 e 2022 fecharam com variações negativas entre 0,7% e 1,3%, com muitos deles tendo caído pelo 3º dia seguido.

Após o resultado, a equipe econômica do Itaú revisou a expectativa do IPCA “cheio” de julho de 0,15% para 0,12%. No acumulado em 12 meses, ele ainda espera um IPCA em 6,6%, acima do teto da meta do governo para 2014, que é de 6,5%.

Corroborando para as apostas de uma taxa de juros menor em 2014, o governo central revisou suas estimativas para a economia brasileira neste ano, jogando o PIB previsto de 2,5% para 1,8%, segundo o 3º relatório bimestral do Ministério do Planejamento. A estimativa menor para a atividade econômica pode abrir espaço para novos cortes na Selic ainda em 2014.

Estados Unidos e dólar
Dia positivo também foi visto na maior economia do mundo, onde os três principais índices acionários fecharam com ganhos entre 0,37% (Dow Jones) e 0,71% (Nasdaq), com o mercado mostrando maior tranquilidade em relação às tensões na Ucrânia e no Oriente Médio. Do lado macroeconômico local, destaque para os dados de preço ao consumidor, que ficaram levemente abaixo do esperado pelo mercado, com alta de 0,3% em junho.

Já o dólar, acompanhando as especulações de queda nos juros no Brasil, fechou em queda de 0,54%, cotado a R$ 2,2118 na venda. Contribuiu para reduzir a pressão sobre o dólar o alívio na crise ucraniana, que vinham afetando os mercados globais desde a semana passada e levando investidores a evitar ativos de risco, como aqueles denominados em real.

Nesta terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia usará sua influência sobre os separatistas no leste da Ucrânia para permitir investigação completa sobre a queda do avião da Malaysian Airlines. “A gente percebe que o clima está mais tranquilo, tanto aqui quanto lá fora. Esse alívio nos problemas na Ucrânia deu uma oportunidade para os investidores voltarem ao mercado doméstico”, afirmou à Reuters o operador de uma corretora nacional.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.