Com nova toada eleitoral, Ibovespa sobe 1,1% e renova máxima em 16 meses

SÃO PAULO – Depois de ensaiar movimento de correção durante a manhã, o Ibovespa virou para alta no começo da tarde desta segunda-feira (21) e deu sequência aos fortes ganhos da semana passada, ao terminar o dia com alta de 1,09%, a 57.633 pontos, renovando seu melhor fechamento em 16 meses. Contribuindo para mais um pregão de otimismo apareceram as ações das companhias estatais, elétricas e bancos em uma nova onda de otimismo eleitoral após o vencimento de opções sobre ações. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 10,98 bilhões.

“O movimento acompanhou a amenizada de perdas nas principais bolsas dos Estados Unidos, e também pode ter a ver com novas expectativas eleitorais. O mercado pode estar de olho no Ibope, que sai essa semana. De qualquer forma, como o índice subiu muito por conta das eleições na semana passada, acho que isso tem efeito limitado agora”, ponderou o analista-chefe da Leme Investimentos, João Pedro Brugger.

Para o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, passado o vencimento de opções sobre ações, o mercado voltou a dar maior abertura a especulações sobre a disputa eleitoral. “Estamos passando novamente por uma toada de pesquisa, com as ações das estatais, bancos e companhias do setor elétrico disparando”, observa. No entanto, Galdi faz uma ressalva: “cada rali pode trazer ajustes posteriores”. Com as recentes altas expressivas do índice, uma sessão de perdas soa como algo natural e cada vez mais esperado.

Contribuindo para o movimento positivo do índice, apareceram as ações das blue chips Petrobras (PETR3, R$ 19,47, +1,56%; PETR4, R$ 20,90, +1,85%), Ambev (ABEV3, R$ 16,81, +1,08%) e das companhias do setor elétrico, com destaque para a Cemig (CMIG4, R$ 19,52, +3,06%) e da estatal Eletrobras (ELET3, R$ 6,95, +1,46%; ELET6, R$ 11,45, +1,33%).

Também chamaram atenção as instituições financeiras, com Banco do Brasil (BBAS3, R$ 28,88, +2,30%), Bradesco (BBDC3, R$ 36,50, 0,00%; BBDC4, R$ 35,30, +0,80%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,44, +0,85%) se recuperando das perdas do começo do dia. Do do setor, destaque para a notícia de que a Procuradoria Geral da República revisou o impacto dos planos econômicos no setor de R$ 441,7 bilhões para R$ 21,87 bilhões.

Segundo já havia adiantado na sexta-feira o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, um novo parecer com um menor valor recalculado das perdas na caderneta de poupança com planos econômicos deveria ser encaminhado nesta segunda-feira ao STF (Supremo Tribunal Federal). “O que posso dizer é que diminuiu. Em quanto, estará no relatório”, disse Janot a jornalistas.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Economistas cortam PIB pela 8ª vez seguida
Ainda no cenário econômico nacional, destaque para o tradicional boletim Focus, que revisou novamente para baixo a expectativa para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014, diminuindo para 0,97%, ante 1,05% da semana anterior. Esta é a 8ª semana consecutiva que os economistas diminuem as estimativas para o crescimento da atividade econômica brasileira e a primeira que a projeção fica abaixo de 1%. Já para 2015, a projeção do PIB permaneceu em 1,50%.

Em relação à inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2014, os economistas diminuíram a projeção para 6,44%, ante 6,48%, e continuou levemente abaixo do teto da meta, enquanto para o próximo ano a projeção aumentou para 6,12%. Já a expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, se manteve em 11,0% para 2014 e em 12% para 2015. Já a projeção para a balança comercial em 2014 diminuiu para a faixa dos R$ 2,0 bilhões, enquanto para 2015, a projeção aumentou para R$ 9,80 bilhões.

Wall Street e dólar em queda
No noticiário internacional, chamou atenção a fala do presidente dos EUA, Barack Obama, sobre a queda do avião da Malaysia Airlines. Obama destacou que agradece as falas de Vladimir Putin sobre apoio às investigações, mas que quer ver essas falas se transformarem em atitude. Além disso, o presidente afirmou que a Rússia precisa mudar seu comportamento para que a situação seja resolvida. Vale destacar ainda as informações de que os separatistas ucranianos irão entregar as caixas pretas do avião para os malaios.

 Com isso, os três principais índices acionários do país amenizaram as fortes perdas do começo do dia e fecharam em queda mais tímida, entre 0,16% (Nasdaq) e 0,28% (Dow Jones). Já o dólar, terminou o dia em baixa de 0,2%, cotado a R$ 2,2239 na venda.

Outros destaques
Os principais índices asiáticos encerraram a sessão em queda, com investidores reagindo as tensões geopolíticas na Europa e Oriente Médio, porém com um volume abaixo da média já que o índice japonês permaneceu fechado devido a um feriado. Os índices europeus também iniciam a semana com perdas, com o mercado cauteloso aos acontecimentos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

O domingo foi um dos dias mais sangrentos desde que Israel iniciou sua ofensiva na Faixa de Gaza – mais de 100 palestinos e 13 soldados israelenses foram mortos. Apesar disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que as operações militares poderiam ser expandidas. Já na Ucrânia, a ONU tenta uma resolução para que os rebeldes pró-russos permitam que investigadores internacionais tenham acesso ao local do acidente para analisar o que aconteceu de fato com o avião.

Os investidores também ficam de olho na temporada de resultados nos EUA. Várias companhias norte-americanas divulgam seus resultados esta semana, destaque para Apple, McDonald’s, Coca-Cola e Caterpillar.