Recomendações e resultados agitam 10 ações na Bolsa; Oi lidera perdas e cai 4%

Citi corta recomendação da Oi e vê ação em R$ 1,80 após fusão; Kepler Weber entrega mais um ótimo resultados e ações disparam 8%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em um dia de noticiário mais tranquilo, a temporada de resultados e as recomendações de grandes instituições internacionais acabaram ditando o ritmo das ações na Bovespa. Na ponta positiva, apenas 2 das 71 ações do índice fecharam com alta de mais de 2%, com destaque para a Suzano (SUZB5), que deu continuidade à valorização da véspera após divulgar seu resultado. Na ponta negativa, a Oi (OIBR4) ficou com o pior desempenho, sendo a única a recuar mais de 3%.

A companhia de telecomunicação viu suas ações fecharem com queda de 4,25%, para R$ 2,03, após a Citi Corretora reiniciar sua cobertura da empresa com recomendação de venda. Na mínima do dia, as ações chegaram a cair 5,66%, a R$ 2,00. Em relatório, a Citi indica um preço-alvo de R$ 1,80, pós-fusão com a Portugal Telecom, o que significa um potencial de downside de 11%.

Mesmo com a melhor governança, a empresa tem diversos desafios pela frente, disseram os analistas. Além disso, eles comentaram que a Oi sofre para arrumar seu resultado operacional, com 73% dos ativos no Brasil. Soma-se a isso ainda que a empresa começa a pagar este ano R$ 550 milhões em aluguel de torres.

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Suzano
Após subir mais de 7% na véspera, os papéis da Suzano voltaram a liderar os ganhos do índice como reflexo ao resultado do primeiro trimestre. As ações da companhia fecharam com alta de 3,87%, a R$ 8,05. A empresa teve sua recomendação elevada pelo Brasil Plural, para overweight (desempenho acima da média), com preço-alvo de R$ 10.

Segundo os analistas, os números do primeiro trimestre da companhia continuam mostrando um excelente trabalho da administração para redução dos custos, evidências de um ambiente de preços favoráveis dos produtos no cenário doméstico e alavancagem, que deve cair daqui para frente.

Além do Brasil Plural, o JPMorgan também elevou sua recomendação para a Suzano para “overweight”, além de colocar o preço-alvo do papel em R$ 11, ante R$ 10,50 anteriormente, argumentando que a ação teve desempenho 26% abaixo do Ibovespa nos últimos três meses. A fabricante de papel e celulose registrou um lucro líquido de R$ 201 milhões no primeiro trimestre, quase cinco vezes superior aos R$ 42 milhões registrados em igual período do ano passado. A geração de caixa medida pelo Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a R$ 499 milhões, alta de 52,6% na comparação anual.

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Gerdau
A Gerdau (GGBR4) e a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) viram suas ações caírem 1,23% e 0,56%, respectivamente, a R$ 14,46 e R$ 17,60. A companhia apresentou uma oferta de 65 milhões de euros (US$ 118,30 milhões) pelos ativos da francesa Ascometal, fabricante de aço de engenharia em recuperação judicial, disse uma fonte próxima da Gerdau à Reuters na véspera.

A fonte disse que a Gerdau, que tem uma capitalização de mercado de 10,4 bilhões de dólares e emprega 45.000 pessoas, está interessado na base industrial da Ascometal próxima do mercado-chave alemão, especialmente nas suas operações na região nordeste, em Hagondange, e Dunkerque, na costa norte.

Ambev
Apesar da notícia de que o governo suspendeu por três meses a aplicação de nova tabela de impostos para o setor de bebidas frias, o que acarretaria aumento da carga tributária a partir do início de junho, as ações da Ambev (ABEV3) não reagiram com empolgação. As ações da companhia fecharam com queda de 0,48%, cotadas a R$ 16,60.

“Teremos aumento de imposto de bebidas frias daqui três meses (…) O que estamos fazendo agora é postergando uma correção de tabela que haveria a partir de 1º de junho”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconhecendo que o setor tem um efeito importante na composição de índices de inflação.

Kepler Weber
Fora do Ibovespa, destaque para as ações da Kepler Weber (KEPL3), que dispararam 8,12%, cotadas a R$ 38,60. A empresa mostrou mais uma vez um trimestre muito bom, disse a XP Investimentos. A expectativa é que suas ações continuem performando muito bem na esteira do bom resultado e de um cenário favorável. A companhia mostrou receita de R$ 173,3 milhões no trimestre, crescimento de 45% na comparação com o primeiro trimestre de 2013, enquanto o lucro líquido avançou 176,7% na mesma base de comparação, passando para R$ 23,8 milhões.

Entre os destaques, os analistas apontaram para a área de armazenagem agrícola de grãos, que já se beneficiou de um importante incentivo de crédito via Finame. Além dos incentivos, eles destacaram o déficit da capacidade estática de armazenagem, o crescimento da safra, preços de commodities em níveis elevados, que juntos tornam o cenário bastante favorável para a empresa.

Marcopolo
A fabricante de ônibus Marcopolo (POMO4) viu suas ações caírem 2,07%, a R$ 4,26. A empresa teve lucro líquido de R$ 54,3 milhões no primeiro trimestre, recuo de 2,5% sobre o mesmo período do ano anterior, informou a empresa na segunda-feira. A receita líquida caiu 3,3%, a R$ 741,8 milhões. Apesar do recuo de 9,5% das receitas no Brasil, que encerraram o período a R$ 531,2 milhões, as receitas de exportação e no exterior subiram 17%, para R$ 210,6 milhões. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 7,7% ano a ano, a R$ 74,8 milhões.

Segundo a XP Investimentos, a companhia ainda precisará se apoiar no mercado externo que vem apresentando um desempenho positivo, mas ainda não consegue segurar a queda no resultado consolidado. “Continuamos vendo um cenário difícil para a Marcopolo no curto prazo”, disseram os analistas.

Eneva
As ações da Eneva (ENEV3) tiveram um dia bastante volátil após disparar mais de 10% na véspera. Após atingirem alta máxima de 8,57%, os papéis da companhia viraram e fecharam com queda de 8,57%, a R$ 1,28. Na véspera a empresa anunciou um aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão. Além do aumento de capital, o diretor financeiro da alemã E.ON, acionista majoritária da companhia, disse à Reuters que a ex-MPX teve lucro operacional positivo no primeiro trimestre. A E.ON detém cerca de 38% da Eneva, que deve divulgar seus resultados trimestrais depois do fechamento do pregão desta terça. 

Nutriplant
A Nutriplant (NUTR3) fechou com queda de 1,60%, a R$ 1,85. A empresa registrou prejuízo de R$ 943 mil no primeiro trimestre de 2014, uma redução de 31,6% em comparação com o número mostrado no mesmo período do ano passado. No mesmo comparativo, a receita da companhia cresceu 33,4%, ao bater a cifra de R$ 9,5 milhões entre janeiro e março deste ano. Já o Ebitda foi negativo em R$ 166 mil, uma redução de 62,9% ante o primeiro trimestre de 2013. 

“A companhia continuará focada em sua missão de criar produtos diferenciados para maximizar a produtividade da atividade de seus clientes por meio do desenvolvimento de tecnologia agronômica”, afirmou o diretor presidente e de Relações com Investidores da Nutriplant, Ricardo Pansa, em release anexado ao balanço apresentado ao mercado.

Banco Pine
As ações do banco Pine (PINE4) despencaram 3,71%, cotadas a R$ 7,53, depois do resultado trimestral – na mínima do dia, os papéis recuaram 6,52%. O balanço foi visto como negativo pela XP Investimentos, principalmente devido a dificuldade que a instituição apresenta em obter performance superior ao seu custo de capital (retorno sobre patrimônio líquido de 12%). No período em questão, não houve indícios de melhora na tendência operacional do grupo, disseram os analistas. 

A carteira de crédito da instituição atingiu R$ 10,1 bilhões no período, crescimento de 1,6% contra dezembro de 2013 e 20% superior ao mesmo trimestre do ano anterior. Entre os meses de janeiro e março deste ano, o resultado da intermediação financeira recorrente antes de provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu R$ 86 milhões, contra R$ 100 milhões no primeiro trimestre de 2013. 

Abril Educação
As ações da Abril Educação (ABRE11) subiram 5,43%, a R$ 31,24, refletindo o resultado do primeiro trimestre. A empresa mostrou expansão de receita líquida, lucro líquido e Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Para os analistas da XP Investimentos, além do balanço, há diversas especulações sobre a possibilidade da família Civita (controladora da Abril Educação) vender parte de sua participação para fundos estrangeiros, ou até a Laureate, dona da Anhembi Morumbi e FMU, e isso deve continuar ditando o rumo das ações.

Banrisul
As ações do Banrisul (BRSR6) caíram 2,79%, a R$ 12,20, nesta sessão, depois de um resultado ruim no primeiro trimestre. Segundo a XP Investimentos, o banco registrou uma “drástica” perda operacional. A margem financeira apurada entre os meses de janeiro e março ficou em R$ 869,2 milhões, queda de R$ 38,8 milhões ou 4,3% em relação ao fluxo contabilizado no primeiro trimestre de 2013 e redução de R$ 37,2 milhões ou 4,1% em relação à performance do quarto trimestre do ano passado. 

De acordo com a corretora, mesmo expurgando os efeitos não recorrentes, o resultado foi negativo. A respeito de aspectos operacionais, o banco demonstrou performance aquém das expectativas com relação ao seu desenvolvimento de margem, manutenção de seus índices de inadimplência e resiliência de retorno final.

Dasa
As ações da Dasa (DASA3) fecharam com forte alta de 6,21%, cotadas a R$ 14,20. A companhia apresentou na noite de segunda-feira um lucro líquido de R$ 28,7 milhões referente ao primeiro trimestre deste ano, alta de 21,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a março, o Ebitda somou R$ 112,6 milhões, o que representa uma expansão de 13,6% ante 2013. A receita líquida subiu 13,9%, de R$ 581,6 milhões para R$ 662,1 milhões.

Os analistas do BTG Pactual se mostraram animados com o balanço, com destaque para o Ebitda, que superou em 6% as estimativas. Após verem os números, eles afirmaram que não enxergam mudanças nos resultados operacionais da companhia, o que levou o banco a elevar sua projeção de lucro por ação em 9%.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.