Bolsa não reage após Datafolha, mas especialistas dizem que rali está longe do fim

Analistas dizem que mercado já precificou a queda de Dilma nas pesquisas, mas que tendência para os próximos meses segue de alta

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Diferente de como vem ocorrendo nos últimos dois meses, a divulgação de uma nova pesquisa eleitoral não teve um grande efeito na bolsa brasileira, mesmo com queda de Dilma Rousseff nas intenções de voto. Apesar dos investidores seguirem atentos aos eventos eleitorais, após alta de 16% em 2 meses, será que o rali chegou ao fim?

Segundo os analistas da XP Investimentos, o cenário agora já indica uma precificação das pesquisas eleitorais. Ou seja, após dois meses de alta da Bolsa e queda da presidente nas intenções de voto, é preciso uma mudança mais expressiva no cenário político para que o efeito seja mais forte. Atualmente, o mercado já começa a apostar em uma chance maior da ocorrência de segundo turno.

Para o economista e professor de gestão de risco da Trevisan Escola de Negócios, Claudio Gonçalves, não podemos falar em fim do rali eleitoral. “Apesar do efeito diferente que tivemos na Bolsa hoje, a tendência é que cada queda de Dilma nas pesquisas leve as ações para alta”, afirma ele. Gonçalves ainda explica que, para ele, o rali eleitoral tem ocorrido por dois fatores: alta das ações – principalmente estatais – e a visão do investidor estrangeiro de um bom momento de entrada no mercado.

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No caso dos estrangeiros, o economista acredita que o efeito das pesquisas tende a se reduzir com o tempo, ou seja, as altas serão menores a cada mês, caso o cenário não mude drasticamente. Gonçalves explica que no início de março, a visão era de que muitas ações estavam baratas, principalmente as estatais e algumas elétricas, o levava os estrangeiros a entrarem com força no mercado a cada pesquisa, disparando as cotações.

Porém, esses ativos já não se mostram tão baratos, ou seja, mesmo com uma visão otimista dos investidores com a queda de Dilma, a entrada nos papéis já não é tão grande, o que reduz o efeito na Bolsa. Com esse mercado já precificado, outros eventos “ganham espaço” e podem acabar levando as ações para o negativo mesmo com a pesquisa.

Dia atípico
Esta sexta-feira é um caso de dia em que outros fatores chamam mais atenção do que a própria pesquisa. Segundo Gonçalves, o que vimos hoje pode ter sido um cenário de realização, com os investidores aproveitando para embolsar os lucros dos últimos meses, principalmente porque o mercado passou a semana antecipando os números desta pesquisa.

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Já o gestor da Edge Investimentos, Bernardo Dantas, que também acha difícil falar em fim do rali, outros eventos podem estar envolvidos no cenário de hoje. Sem muitas certezas, ele lembra que ainda nesta sexta teremos o resultados de Petrobras – empresa que tem grande participação no Ibovespa e acaba “puxando” o índice – e que estamos em uma sexta-feira, ou seja, os investidores podem estar evitando algum posicionamento para o final de semana.

Com todos esses fatores, os dois especialistas reforçam a visão de que cada nova pesquisa, cada queda de Dilma nas intenções de voto, e, principalmente, cada ganho de espaço de Aécio e Campos, deve significar alta da Bolsa. “O mercado ainda vê com bons olhos a queda da presidente, mas o ideal seria que seus oponentes ganhassem mais força”, finaliza Gonçalves.

As pesquisas
Nesta sexta, repercutiu mais uma queda na distância entre Dilma Rousseff e Aécio Neves na pesquisa Datafolha divulgada no jornal Folha de S. Paulo. A atual presidente caiu de 38% para 37% nas intenções de voto, enquanto o candidato tucano subiu de 16% para 20%. No último sábado, a pesquisa Sensus apresentada pela revista Istoé mostrou a presidente com 35% das intenções, enquanto Aécio e Campos tiveram, respectivamente, 23,7% e 11%.

Na terça-feira o Ibope divulgou uma pesquisa de intenção de voto presidencial com eleitores do Ceará, também mostrando queda de Dilma no estado, que é um importante reduto eleitoral da presidente. Em março, Dilma tinha 66% da preferência do eleitorado e passou para 58%, enquanto Aécio e Campos ficaram com 7%.

Esse cenário começa a ganhar as páginas da mídia internacional. Na véspera, a The Economist ressaltou o ganho de espaço de Aécio e Campos, enquanto Dilma recua a cada nova pesquisa. Segundo a publicação, o cenário se complica para a atual presidente enquanto os eleitores começam a conhecer melhor os dois candidatos de oposição.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.