Furnas compra energia da CPFL para vender no leilão A-0

A CPFL informou logo no início desta quarta-feira que havia vendido a sua energia por um preço mais baixo do que poderia praticar no leilão

Reuters

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SÃO PAULO – A CPFL vendeu sua energia na hidrelétrica Serra da Mesa em contrato de longo prazo à estatal Furnas, subsidiária do grupo Eletrobras que pretende oferecer essa energia no leilão A-0 marcado para 30 de abril.

A CPFL informou logo no início desta quarta-feira que havia vendido a sua energia por um preço mais baixo do que poderia praticar no leilão, o que levou a ação da companhia a cair fortemente na Bovespa. Mas o papel reduziu a queda depois que analistas consideraram que as condições do contrato representavam bom risco-retorno para a geradora privada.

Já Furnas, que pagará um valor bruto de 182,9 reais por megawatt-hora (MWh) pela energia comprada da CPFL, em um contrato até abril de 2028, venderá essa energia no leilão A-0, que busca reduzir a descontratação das distribuidoras de energia. O leilão terá contratos de energia de cinco anos e oito meses, e o preço máximo de energia hidrelétrica a ser vendida será de 271 reais por megawatt-hora.

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“A energia comprada da CPFL não está contratada e será comercializada no leilão de energia existente A-0, marcado para 30 de abril”, informou a assessoria de imprensa de Furnas.

O total da energia vendida da CPFL para Furnas, sua sócia na hidrelétrica Serra da Mesa, é referente à sua participação de 51,54 por cento na usina, o equivalente a 345,4 megawatts médios.

No leilão A-0, as distribuidoras de energia elétrica precisam contratar mais de 3,3 GW médios para reduzir a exposição aos preços de energia caros de curto prazo.

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Analistas já apontavam as estatais Eletrobras e Petrobras como possíveis principais ofertantes de energia no leilão, além dessa energia de Serra da Mesa que a CPFL optou por vender diretamente à Furnas. Várias outras geradoras de eletricidade não têm energia disponível para atender a todo o período de contrato do leilão A-0 e só conseguiriam ir à competição formando parcerias.

MENOS RISCO PARA CPFL

O preço da energia fechado em contrato com Furnas é inferior ao preço-teto que a CPFL poderia praticar no leilão A-0, de 271 reais por MWh, ou mesmo ao preço que poderia obter com a venda da eletricidade no curto prazo, que atualmente é de 822,83 reais por MWh.

A empresa informou nesta quarta-feira que o preço da energia líquido de encargos fechado no contrato com Furnas é de 156,7 reais por megawatt-hora (MWh). O valor bruto equivalente, incluindo encargos, é de 182,9 reais por MWh.

Apesar de obter um preço mais baixo que o esperado pela energia de Serra da Mesa, o contrato fechado com Furnas não tem risco hidrológico para a CPFL, conforme disseram analistas do Credit Suisse e do BTG Pactual, separadamente.

Ainda assim, as ações da CPFL caíram, revertendo parte das expectativas positivas construídas no pregão de terça-feira quando foram anunciados os preços-teto para o leilão A-0 e a CPFL foi apontada como uma das principais possíveis ofertantes de energia.

A ação da CPFL chegou a cair quase 5 por cento na mínima no começo do pregão na bolsa paulista, mas reduziu a queda em seguida e terminou o dia com perda de 1,86 por cento. O Ibovespa teve alta de 1,48 por cento e o papel preferencial da Eletrobras subiu 3,20 por cento.

O analista Antonio Junqueira, do BTG, escreveu em relatório que não há cláusula de racionamento de energia no contrato entre CPFL e Furnas. “Em outras palavras, se um racionamento é anunciado, nada muda para a CPFL. Isso é claramente um contrato de longo prazo bem interessante para o perfil da CPFL, de olhar para oportunidades de criação de valor de longo prazo.”

Por outro lado, excluindo a participação em Serra da Mesa, a CPFL agora tem uma exposição de curto prazo ao risco hidrológico e de racionamento –ou seja, não tem energia dessa usina livre disponível para se proteger da situação de baixo nível de reservatório das hidrelétricas.

O valor líquido presente da venda da energia no leilão A-0 parece ser 10 por cento melhor que o contrato assinado, excluindo risco de hidrologia e racionamento, segundo o BTG. Na avaliação de Junqueira, isso seria equivalente a vender energia no leilão a 240 reais por MWh.

Apesar de um menor valor presente líquido, o BTG considerou que a opção escolhida pela CPFL de vender a energia para Furnas “tem o melhor risco/retorno”.