Após decisão do Cade, CSN pode perder até R$ 1,34 bi com venda de ações da Usiminas

Órgão ainda não divulgou se a companhia deverá ir a mercado vender seus papéis e se poderá buscar potenciais sócios para acordos na redução de participação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Uma decisão tomada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na última quarta-feira (9) afundou as ações da Usiminas (USIM3USIM5) e da CSN (CSNA3) na Bovespa. Após a CSN adquirir grande participação no capital de sua concorrente, agora o órgão antitruste decidiu que esse cenário não poderá continuar e a Companhia Siderúrgica Nacional precisará se desfazer de parte de suas ações.

O presidente do Cade, Vinicius Marques de Carvalho, não especificou como deverá ser feita essa venda e nem o percentual que a CSN deverá se desfazer – atualmente a companhia possui 20,7% das ações preferenciais e 14,1% das ordinárias da Usiminas. Apesar de todas essas questões, não há dúvidas que as duas empresas ficam bastante pressionadas com a notícia. No caso da Usiminas, caso a CSN precise ir a mercado vender suas ações, a pressão vendedora pode derrubar as cotações de seus papéis.

Enquanto isso, a CSN fica em uma posição de grande desvantagem para conseguir um bom preço de venda dessas ações. Diante disso, o InfoMoney fez um levantamento sobre os preços que a CSN pagou quando adquiriu ações da Usiminas e o atual valor dos ativos, o que mostrou que as perdas poderiam chegar a R$ 1,34 bilhão para a Siderúrgica Nacional.

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Para os cálculos, foram utilizados apenas as aquisições de ações realizadas no ano de 2011. No início daquele ano, a CSN passava a deter aproximadamente 5% das ações ordinárias da Usiminas e 5% das preferenciais. Enquanto isso, em novembro de 2011, a participação atingia 20,14% em ativos ON e 11,66% em PN.

Considerando os preços das datas dos cinco comunicados de aquisição relevante divulgados pela Usiminas, a CSN pagou, em média, R$ 23,22 nos papéis ordinários e R$ 14,32 nos preferenciais. Entre janeiro e novembro de 2011, a CSN adquiriu 76.337.801 ações ON da Usiminas e 33.872.174 ativos PN, o que representou um gasto total de aproximadamente – considerando o preço médio acima – R$ 2.257.613.270, cerca de R$ 2,25 bilhões.

Porém, o preço dessas ações despencou nesses dois anos e agora, os papéis ON são cotados a R$ 8,00, enquanto os preferenciais estão a R$ 8,99. Diante de toda essa valorização, caso a CSN precise ir a mercado e vender esses ativos ao preço atual, a companhia arrecadaria em torno de R$ 915.213.252, o que acarretaria em um prejuízo de R$ 1.342.400.018 (R$ 1,34 bilhão) nesta diferença entre o preço de aquisição e de venda.

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Contudo, vale ressaltar que no segundo trimestre de 2012, período em que a CSN registrou um prejuízo de R$ 1 bilhão, a companhia registrou em “outras receitas e despesas” um resultado negativo de R$ 2,28 bilhões principalmente devido à reclassificação das perdas acumuladas em seus investimentos em ações da Usiminas, no valor de R$ 1,59 bilhão.

Multa de R$ 671 mil 
Porém, é importante destacar que o Cade não definiu como será feita essa redução de participação da CSN. A companhia poderia encontrar um parceiro ou um potencial comprador para as ações, o que poderia tornar o prejuízo menor, ou até mesmo um acordo que poderia evitar essas perdas. Além disso, caso a companhia vá a mercado, o preço de venda dos papéis não pode ser previsto – vale lembrar, por exemplo, que as ações preferenciais da Usiminas chegaram a menos de R$ 7,00 no ano passado. Resta agora aguardar para ver quais serão os critérios do Cade para a redução da CSN.

Conforme ressalta a XP Investimentos, ainda que a CSN não precise necessariamente vender tais ações a mercado, podendo buscar um sócio estratégico ou investidor interessado, ainda assim o evento coloca pressão sobre as ações da Usiminas, dado o tamanho do lote da CSN na companhia, o que deve gerar pressão sobre os papéis USIM3 e USIM5.

Além disso, para a CSN, a notícia é igualmente negativa, na medida em que é obrigada a pagar uma multa de R$ 671 mil. Além disso, vê sua iniciativa de investimento na companhia ser frustrada e ela fica obrigada a se desfazer de tais ações, o que a coloca em uma posição de desvantagem para negociar tal venda.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.