Chance de racionamento de energia é de 100%, ressalta Brasil Plural

Enquanto o governo ainda tenta acalmar o mercado e os consumidores tratando como bastante pequena a possibilidade de um racionamento, os analistas do Brasil Plural dão como certo que haverá um racionamento

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o governo ainda tenta acalmar o mercado e os consumidores tratando como bastante pequena a possibilidade de um racionamento, os analistas do Brasil Plural dão como certo que haverá um racionamento, com uma probabilidade de 100%. 

Os analistas Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Arthur Pereira destacaram ainda quais os pontos que os levaram a chegar a essa conclusão, tornando o problema um “grande elefante político que não pode ser ignorado”. 

Eles destacam os dados da consultoria PSR, que estima que o risco de racionamento chegou a 24% em 11 de março contra 18,5% estimados cerca de um mês atrás. Contudo, após olhar “debaixo da superfície dos números oficiais”, o cenário que se aponta é bem mais sombrio. 

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Isso porque a consultoria baseia os seus números em termos de entrada de água nos reservatórios, de 78% na comparação com a média histórica no mês de março, o que parece ser otimista. O regulador estima o valor de entrada de água simplesmente extrapolando uma boa semana de chuvas. Contudo, a extrapolação é um erro, e as chuvas devem decepcionar extremamente no mês de março.

Desta forma, a probabilidade de racionamento poderia ser muito maior, de 77%, se ao invés das estimativas para os níveis de chuvas oficiais em março, a PSR aplicasse os modelos matemáticos usados pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que são menos dependentes de dados de curto prazo, que resulta em previsões determinísticas mais propensos a erros. 

Porém, até mesmo a previsão de racionamento de 77% parece ser otimista, uma vez que também representa uma grande expectativa de decepção, baseado em três fatores. As térmicas estão despachando em 100% de sua capacidade, ignorando as interrupções necessárias para manutenção; os níveis dos reservatórios podem ir para 10% até o final de novembro, um nível baixo que pode ser aceitável em modelos matemáticos, mas nem tanto na vida real. Por fim, as usinas de geração de biomassa também podem estar em apuros, levando a uma menor oferta deste tipo de fonte de energia. 

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Desta forma, um racionamento é praticamente inevitável. Outros pontos que contribuem para essa visão são: a queda do reservatório da hidrelétrica de Itaipu, que está 4 ou 5 metros abaixo do normal, enquanto o Paraguai está adquirindo mais energia da usina. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.