Bolsa americana dá sinais iguais ao do crash de 1929; vem queda forte por aí?

Segundo McClellan, que viu a correlação entre os dois períodos, não há garantia de que o mercado vai continuar seguindo o movimento de 1929, mas entre agora e maio de 2014 há uma série de razões para se ter cautela

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Há paralelos misteriosos entre o comportamento do mercado no passado e atual. Nos EUA, vem chamando a atenção a semelhança do movimento entre o mercado agora e o visto antes do crash de 1929. Essa conclusão foi alcançada por Tom McClellan, editor da McClellan Market Report, que vem assombrando Wall Street. Caso a correlação continue, o mercado vai enfrentar um período particularmente conturbado no fim deste mês e início de março. E pode-se imaginar que não será fácil se esquivar debaixo da importância desse gráfico. 

O gráfico foi publicado primeiramente no final de novembro do ano passado, e foi repercutido agora no Market Watch, atualizado, sob o nome de “Paralelo Assustador”. O mais assustador talvez é constatar que é a correlação parece ser tão próximo quando daquele período.

“Não há nenhuma garantia de que o mercado vai continuar seguindo cada passo do movimento de 1929, mas entre agora e maio de 2014 há uma série de razões para se ter cautela”, disse McClellan. Não apenas até maio: o DJI, que saiu de menos de 200 pontos em 28, chegou a bater 386 em 1929 e depois despencou, voltando aos 40 pontos em 1932. Imagina se o mercado seguir esse movimento. 

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Escala não é igual…
Uma das objeções que vem sendo comentadas, no entanto, a respeito da credibilidade do estudo é que as escalas usadas do lado direito e esquerdo do gráfico (visto abaixo) são completamente diferentes. A do lado direito – da linha vermelha -, correspondente ao movimento do Dow Jones entre 1928 e 1929, se estende de cerca de 200 pontos para pouco mais do que 400 pontos – um avanço de mais de 100%. Por sua vez, o lado esquerdo, em contraste, representa um aumento de menos de 50%.  

Além disso, o outro problema é que os períodos analisados não são exatamente iguais. No gráfico da década de 1920 até o início de 1950, a NYSE (New York Stock Exchange) negociava 6 dias por semana. No ano de 1928, por exemplo, a bolsa funcionou por 295 dias. Já em 2012, em contraste, teve negociação em apenas 252 dias.

Parte da diferença é porque a Nyse não funciona mais nos sábados, mas há também a diferença da agenda de feriados por lá. Normalmente, a bolsa funcionava em dias de eleição, Dia de Colombo, aniversários de Washington e Lincoln. Com isso, para ajustar o gráfico foi preciso desconsiderar as negociações nos sábados e em alguns feriados. 

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…mas o tempo é
Se a escala do gráfico difere, é válido destacar que a quantidade de pregões não foi distorcido. O movimento, em suma, é o mesmo entre 1928-1929 e 2013-2014 – e não houve nenhuma distorção para fazê-lo ficar mais parecido. “Embora a história do investimento não necessariamente se repita, ela tem rimas”, diz Doug Kass, gestor de hedge fund da Seabreeze Partners, uma das pessoas responsáveis pela ampla divulgação desse gráfico.

E ele acredita que a correção pode estar apenas começando – que, certamente, traria pessimismo para todas as bolsas ao redor do mundo. Se muitos riram no momento em que o gráfico foi divulgado pela primeira vez, cada vez mais ele vai parecendo uma piada sem graça para os investidores.