Mesmo com temores de julgamento, bancos devem repetir bons resultados em 2014

Instituições financeiras já estão se preparando para economia ruim do Brasil e mostraram que estratégia restritiva é um acerto no atual cenário nacional

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Os resultados trimestrais não mentem: 2013 deve terminar como um bom ano para os bancos dentro da Bovespa. Porém, dois fatores estão no radar do setor e podem ter bastante impacto para essas empresas no próximo ano: o julgamento das cadernetas de poupança e o cenário negativo da economia do País, que pode ter sua nota de rating rebaixada em 2014.

Estava marcado para o final de novembro o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a correção da caderneta de poupança referente a seis planos econômicos de combate à inflação entre os anos 1980 e 1990. A projeção inicial é que esse processo poderia resultar em um passivo financeiro de cerca de R$ 150 bilhões para as instituições, um cenário catastrófico. Por outro lado, já há quem acredite que o valor total poderia ficar em torno de R$ 50 bilhões.

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O julgamento acabou adiado para 2014, e a pressão sobre os bancos diminuíram no curto prazo. Para o analista Felipe Silveira, da Coinvalores Corretora, grande parte do impacto desse julgamento já atingiu os papéis das empresas. “As ações já recuaram bastante antes do julgamento ser adiado. Além disso, os planos das empresas já estão sendo ajustados para um possível impacto negativo”, explica Silveira.

Para se ter uma ideia do impacto desse evento, nas quatro sessões anteriores à data em que ocorreria o julgamento, todas as ações dos bancos caíram. No período, o Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 6,52%, enquanto seu braço de investimentos, a Itaúsa (ITSA4) recuou 6,68%. O pior desempenho nesses quatro pregões ficou para o Banco do Brasil (BBAS3), que viu seus papéis se desvalorizarem 11,14%. Bradesco (BBDC3BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) tambpem viram seus papéis recuarem entre 4,5% e 5,5% no período.

Silveira explica que todo o temor e risco que o julgamento gera nos investidores deve continuar até que o assunto seja concluído. “Nós [analistas] estamos como meros espectadores nesse assunto. Nossas projeções são revisadas com o que temos de informação de imprensa e das próprias empresas. O único jeito agora é aguardar o resultado do julgamento”, conclui.

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2014 igual a 2013?
No último resultado apresentado pelos bancos, em outubro – referente ao terceiro trimestre -, se mostrou bastante positivo, com destaque para o Itaú, que elevou seu lucro líquido para R$ 4,022 bilhões entre julho e setembro. Segundo o analista da Coinvalores, esse resultado de mostrou como um reflexo positivo da mudança de estratégia não só do próprio Itaú, como dos principais bancos privados do País.

“Visto que a economia do Brasil se deteriorou durante 2013, as instituições começaram a focar seus negócios em um serviço de crédito de menor risco, oferecendo financiamento de forma mais restritiva, caso do consignado e do imobiliário”, explica Silveira.

O País ruma para fechar o ano com um PIB (Produto Interno Bruto) fraco, uma inflação alta, real desvalorizado, déficit comercial, além de um resultado primário longe da meta. Tudo isso fez com que as agências de rating ligassem o sinal de alerta para o Brasil, ameaçando de cortar a nota de crédito do País durante o próximo ano.

Apesar de todo esse cenário negativo, o analista explica que essa estratégia mais restritiva dos bancos já envolve essas projeções ruins. “O Itaú teve ótimos resultados em 2013, mostrando que sua estratégia restritiva é positiva. Bradesco e Santander também conseguiram melhorar. Caso nosso rating seja realmente cortado, talvez tenhamos créditos ainda mais restritos, mas a tendência é do cenário se manter próximo do atual”, afirma.

O único banco que é visto de forma mais cautelosa pelo analista é o Banco do Brasil. Segundo ele, o governo – grande controlador do banco – está mais agressivo em sua estratégia, mesmo com a economia ruim, o que tem refletido em resultados piores para o BB. Enquanto os bancos privados viram a inadimplência diminuir, o Banco do Brasil registrou alta na inadimplência, mostrando, mais uma vez, que sua estratégia não é melhor.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.