Petrobras faz Ibovespa cair 2,36% e bater mínima desde 30 de agosto

Investidores reagem mal à falta de clareza da metodologia para reajustes nos preços dos combustíveis e estatal cai forte, enquanto imobiliárias também recuam com alta do DI; apenas 2 ações sobem mais de 1%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – No começo do último mês do ano, o Ibovespa voltou a cair forte ao registrar variação negativa de 2,36%, a 51.244 pontos, nesta segunda-feira (2). Pesaram para o dia de baixa do índice a queda das ações da Petrobras (PETR3; R$ 16,42, -10,37%; PETR4, R$ 17,36, -9,21%), que despencara, após o anúncio do reajuste nos preços dos combustíveis e de uma nova metodologia de preços não revelada ao mercado, feito na última sexta-feira (29). O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,48 bilhões.

O dia foi de queda na principais bolsas internacionais, com os três grandes índices norte-americanos também caminhando para um fechamento negativo entre 0,04% e 0,3%, mas mais ameno que o visto no Ibovespa. Enquanto isso, na Europa, as bolsas recuaram em meio aos números divergentes sobre a atividade industrial na região e à decepção do investidor com relação à ThyssenKrupp, que fracassou em encontrar um comprador para a fábrica no Brasil, e por varejistas britânicas.

Já na bolsa brasileira, ganhou forte impacto nesta sessão o anúncio de reajuste de preços em 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, feito pela Petrobras após o pregão da última sexta-feira. No entanto, o que mais chamou atenção dos investidores foi o fato da empresa, apesar de afirmar a adoção de uma nova política de preços que, não revelar detalhes da nova metodologia aprovada. A falta de transparência da estatal causou mal estar no mercado.

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O Credit Suisse foi um dos mais agressivos, reduzindo a recomendação para os ativos da companhia de outperform (desempenho acima da média do mercado) para underperform (desempenho abaixo da média do mercado) e reduziu o preço-alvo em 44%. Vale ressaltar a empresa ainda conta com a assinatura do Primeiro Contrato de Partilha do Pré-Sal, em que a petrolífera terá que desembolsar R$ 6 bilhões.

Ainda sobre a petrolífera, destaque para as falas de Mantega durante a manhã, que não comentou a forte queda das ações, mas destacou que o impacto do reajuste nas bombas será de 2% a 2,5% e que a inflação está controlada. Ele destacou ainda que o PIB do terceiro trimestre deve crescer 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Além da Petrobras, as ações da Vale (VALE3, R$ 35,41, -1,28%; VALE5, R$ 32,64, -0,46%) – segunda companhia com maior participação na composição do Ibovespa – também fecharam o dia no negativo, apesar de bem menores em relação à abertura, na sequência do Vale Investor Day, em Nova York, onde a companhia divulgou as suas perspectivas para o próximo ano. A mineradora revisou sua produção estimada de minério de ferro para 312 milhões de toneladas e, aprovou um orçamento para investimentos para 2014, incluindo dispêndios de US$ 9,3 bilhões para a execução de projetos e US$ 4,5 bilhões dedicados à manutenção das operações existentes, bem como US$ 900 milhões para pesquisa e desenvolvimento.

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Ainda na ponta de baixo, também contribuíram para o dia negativo o desempenho dos papéis do setor imobiliário, impactados pela alta dos contratos de DI e a leve alta do dólar, que subiu 0,75% e fechando cotado a R$ 2,3550 na venda. Com isso, as ações de Rossi (RSID3, R$ 2,06, -4,63%) e Brookfield (BISA3, R$ 1,07, -3,15%) lideraram as perdas no setor. Também vale destacar o baixa das ações da B2W (BTOW3, R$ 13,27, -5,55%) em meio à possibilidade da empresa deixar de fazer parte do Ibovespa, com a primeira prévia da nova composição do índice.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON 16,42 -10,37 -14,81 595,74M
 PETR4 PETROBRAS PN 17,36 -9,21 -7,62 1,38B
 LLXL3 LLX LOG ON 0,90 -9,09 -55,32 3,91M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 13,27 -5,55 -21,94 6,35M
 RSID3 ROSSI RESID ON 2,06 -4,63 -54,73 23,58M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Ibovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KLBN4 KLABIN S/A PN ES 12,35 +2,07 -0,48 40,78M
 ELPL4 ELETROPAULO PN N2 9,56 +1,06 -43,07 13,77M
 BRKM5 BRASKEM PNA 21,00 +0,96 +64,06 32,49M
 RENT3 LOCALIZA ON 34,00 +0,62 -0,70 49,94M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 8,54 +0,47 +24,06 42,50M

Já na ponta de cima, apenas 2 ações sobem mais de 1%: Klabin (KLBN4, R$ 2,35, +2,07%) e Eletropaulo (ELPL4, R$ 9,56, +1,06%). Já a CSN (CSNA3, R$ 11,96, +0,42%), que viu seus papéis chegarem a subir 2,69%, amenizou os ganhos nesta sessão. No noticiário da companhia, destaque para a conclusão da venda de usina de laminação em Calvert, Alabama, para um consórcio formado entre ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumimoto Metal por US$ 1,55 bilhão. O acordo deixou a deficitária Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) com a ThyssenKrupp, que indicou que ficará com a produtora de aço instalada no Rio de Janeiro, por enquanto. A CSN era uma das candidatas a adquirir a CSA e gerou temores no mercado sobre o aumento de sua alavancagem.

No radar corporativo, destaque ainda para a primeira prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre iniciado em janeiro de 2014, divulgada pela bolsa pouco antes da abertura do pregão. Dentre as novidades, está a entrada da BB Seguridade (BBSE3), Even (EVEN3) e Ecorodovias (ECOR3), com saída de papéis como B2W (BTOW3), V-Agro (VAGR3, R$ 3,40, -0,58%) e ações ON da Oi (OIBR3, R$ 3,71, -4,13%).

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Ibovespa, foram:

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,36 -9,21 1,38B 628,38M 86.526 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,42 -10,37 595,74M 202,40M 50.227 
 VALE5 VALE PNA 32,64 -0,46 446,58M 607,69M 24.335 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 32,22 -2,20 408,82M 322,63M 23.207 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,34 -2,13 367,87M 244,15M 14.283 
 BBAS3 BRASIL ON ED 24,91 -3,15 178,46M 238,58M 16.122 
 VALE3 VALE ON 35,41 -1,28 169,80M 181,27M 12.896 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,51 -0,28 165,13M 107,12M 16.202 
 GGBR4 GERDAU PN 18,08 +0,44 132,67M 115,01M 15.331 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 9,10 -1,99 117,13M 115,40M 16.329 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Indicadores no Brasil e EUA
Já no campo econômico, chamou atenção o relatório Focus, que apontou para queda do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) este ano, que recuou pela terceira vez seguida, com leve baixa de 5,82% para 5,81% enquanto, para 2014, a expectativa foi mantida em 5,92%. Enquanto isso, a projeção para a Selic é de 10,5% para o fim de 2014.

Além disso, destaque para o PMI (Índice dos Gerentes de Compras) do setor industrial do Brasil, que recuou para 49,7 em novembro, depois de atingir 50,2 em outubro, quando conseguiu alcançar a marca de 50 pela primeira vez em quatro meses.

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Destaque ainda para os dados dos EUA que serão divulgados ainda nessa semana, como os de empregos na sexta-feira, permanecendo em foco, com o Federal Reserve, banco central norte-americano, disposto a reduzir seu estímulo assim que considerar que a economia está forte o suficiente. Nesta segunda-feira, o PMI dos EUA foi positivo, com o crescimento da indústria atingindo máxima de 10 meses em novembro. Enquanto isso, o ISM da indústria subiu para 57,3, ante previsão de 55,2.

PMIs também na Europa e Ásia
Já as bolsas mundiais tiveram um dia de cautela, em meio à divulgação de diversos indicadores econômicos tanto na Ásia quanto na Europa. A atividade industrial da China manteve o ímpeto de crescimento em novembro, impulsionada por novas encomendas resilientes, embora o ritmo de expansão tenha desacelerado levemente ante outubro, mostrou o PMI do HSBC em conjunto com o Markit. O PMI do HSBC veio depois de pesquisa oficial divulgada no fim de semana que mostrou que o crescimento industrial da China manteve máxima em 18 meses no mês passado devido à firme demanda doméstica e externa.

Enquanto isso, na Europa, as bolsas recuaram em meio aos números divergentes sobre a atividade industrial na região e à decepção do investidor com relação à ThyssenKrupp, que fracassou em encontrar um comprador para a fábrica no Brasil, e por varejistas britânicas. O início do dia foi positivo com a divulgação dos dados industriais chineses, mas os índices logo passaram a ceder com a divulgação dos números da atividade manufatureira na Espanha. O PMI espanhol do setor industrial caiu para 48,6 no mês, de 50,9 em outubro, de acordo com dados do Markit.

A França também desanimou, com o índice industrial recuando para 48,4 em novembro, a leitura mais baixa em cinco meses, mas veio acima da projeção dos analistas, de 47,8. Na Alemanha, o PMI do setor industrial registrou os maiores níveis desde junho de 2011. O índice na zona do euro acelerou para 51,5 e, na Alemanha, subiu para 52,7. Em destaque também, ficou o PMI do Reino Unido, que subiu para 58,4 em novembro, ante 56,5 em outubro, bem acima do esperado pelos analistas, de 56.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.