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SÃO PAULO – Os Estados Unidos podem registrar até alguns dados econômicos bastante promissores de crescimento em meio às paralisações do governo e aos debates do governo sobre o teto da dívida. Contudo, Albert Edwards, estrategista do Société Généralé, conforme destaca o portal CNBC, prevê uma recessão para a maior economia do mundo.
“Ninguém espera uma recessão ‘na próxima esquina’ mas, na minha experiência, nunca se espera”, avalia Edwards, ressaltando que os pessimistas que esperavam que esta recuperação estava à beira de um movimento de queda se mostraram errados e podem ser ignorados pelo mercado. Mais foi exatamente isso que também aconteceu em 2006, quando os alertas sobre o crescimento do consumo e da habitação nos EUA foram vistos como errados durante muito tempo.
Ele destaca ainda a sua tese denominada “Ice Age”, uma série de ciclos econômicos que se deterioram em círculos cada vez menores. E o fator-chave para esta recessão é a desaceleração do crescimento da produtividade nos EUA, com os setores não-agrícolas registrando no terceiro trimestre uma produtividade estável em relação ao ano anterior, o que era visto por muitos analistas como um sinal da continuidade do programa de estímulos pelo Federal Reserve.
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“Os lucros nos EUA vão começar a perder forças. Uma vez que o ciclo de lucros virar para baixo, tende a não se recuperar. A sorte está lançada”, afirma, ressaltando que a crise pode ser desencadeada por desvalorizações na Ásia e em mercados emergentes, liberando a capacidade excedente para o Ocidente e levando a menores preços.
Edwards também destaca que os fenômenos recentes de mercado também contribuíram para “enviesar” o que é considerado o valor justo para as ações. “Na mente de muitos investidores, uma recessão não ocorrerá a menos que o Fed promova um aperto monetário. Isso é um claro disparate. Uma bolha de crédito pode estourar sem qualquer aperto monetário nos EUA e o ciclo de maiores lucros pode acabar por uma variedade de fatores”, aponta. E avalia que este é um ciclo que o Fed, por mais que mantenha o QE (Quantitative Easing), não pode mais evitar.
A CNBC ressalta que não é a primeira vez que Edwards faz previsões pessimistas. Em julho do ano passado, o estrategista ressaltou que os EUA já entraram em recessão e não vai demorar muito para que haja consequências no mercado de ações. Outras autoridades de bancos também ressaltaram as suas previsões pessimistas, caso do Nomura e do Saxo Bank, que destacam os último sralis e preveem um “sell-off” (saída) dos mercados norte-americanos.