Ibovespa acompanha exterior, cai 1,11% e fecha abaixo dos 54.000 pontos

Índice chegou a operar no positivo no intraday, mas virou para queda com o recuo das ações de Petrobras e Vale; Marfrig e MMX caem mais de 6%, enquanto imobiliárias voltam a ter dia negativo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa conheceu sua primeira queda de semana ao fechar com variação positiva de 1,11%, a 53.831 pontos nesta terça-feira (5). O benchmark da bolsa brasileira acompanhou o movimento dos principais índices internacionais, que repercutiram a piora do cenário externo, em meio às declarações de autoridades do Banco do Povo da China de que poderão “apertar a liquidez” e com projeções de que o PIB da zona do Euro deve encolher 0,4% em 2013. O volume financeiro negociado na Bovespa nesta sessão foi de R$ 6,81 bilhões.

Após abrir “morno”, o Ibovespa intensificou suas perdas após o início das negociações nas bolsas norte-americanas, onde os dados do ISM de serviços de outubro reforçou a expectativa pela redução de estímulos monetários. O índice registrou 55,4, acima da expectativa do mercado de 55. Com isso, o indicador também contribuiu para o dia negativo das bolsas mundiais. Em Wall Street, no entanto, o fechamento caminha mais próximo do zero do que o ocorrido na bolsa paulista, com o índice S&P tendo o maior recuo, em torno de 0,2%.

Destaques de alta
Por aqui, 16 ações do Ibovespa fecharam o dia no campo positivo, sendo que apenas 8 delas registraram altas superiores a 1%. Entre os destaques, aparecem as ações da Embraer (EMBR3, R$ 17,20, +4,05%), principal alta dentro do índice, após recuarem no último pregão por conta de uma notícia de que autoridades norte-americanas e brasileiras estariam investigando suposto suborno. De acordo com documentos oficiais e pessoas familiarizadas com o caso, a fabricante de aviões teria subornado funcionários da República Dominicana em troca de um contrato de US$ 90 milhões para equipar as forças armadas do país com aviões de ataque, segundo The Wall Street Journal.

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Além da fabricante de aeronaves, também tiveram bom desempenho nesta sessão os papéis da Sabesp (SBSP3, R$ 24,99, +3,26%) e Light (LIGT3, R$ 20,65, +2,18%), repercutindo a aprovação de aumento médio de 3,65% nas tarifas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O aumento foi concedido pela Aneel no âmbito da Terceira Revisão Periódica da Light. Para alta tensão, haverá uma queda de 1,01% e para baixa tensão aumento de 6,20%. As novas tarifas entrarão em vigor no dia 7 de novembro para consumidores do Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense.

Destaques de queda
O bom desempenho das empresas listadas acima não conseguiu fazer com que o índice fechasse no positivo, com Petrobras (PETR3, R$ 19,40, -0,51%; PETR4, R$ 20,25, +0,15%) e Vale (VALE3, R$ 37,83, -0,18%; VALE5, R$ 33,97%, -0,73%), as duas empresas com maior participação no índice, também contribuindo para o dia de baixa.

Entre as principais quedas do índice, destacaram-se as ações da Marfrig (MRFG3, R$ 4,48, -6,67%), que no ano já acumulam perdas de 47,17%, MMX Mineração (MMXM3, R$ 0,74, -6,33%) e Rossi (RSID3, R$ 2,54, -5,22%), companhias que repercutem a elevação do dólar visto nesta terça-feira. A moeda norte-americana subiu 2,17% e fechou cotada a R$ 2,2893 na venda.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 4,48 -6,67 -47,17 17,81M
 MMXM3 MMX MINER ON 0,74 -6,33 -83,37 13,81M
 RSID3 ROSSI RESID ON 2,54 -5,22 -44,18 25,96M
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,40 -5,19 +9,13 17,96M
 ELPL4 ELETROPAULO PN N2 9,35 -5,08 -44,33 23,33M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 17,20 +4,05 +20,09 126,30M
 SBSP3 SABESP ON 24,99 +3,26 -11,55 71,97M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 20,65 +2,18 -7,48 101,18M
 AEDU3 ANHANGUERA ON 13,99 +1,75 +21,44 65,90M
 PDGR3 PDG REALT ON 2,03 +1,50 -38,67 61,97M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 33,97 -0,73 705,14M 523,57M 27.165 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,25 +0,15 597,54M 598,53M 23.975 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 33,94 -1,65 324,87M 314,49M 20.185 
 AMBV4 AMBEV PN 82,25 -1,50 180,02M 137,05M 8.722 
 VALE3 VALE ON 37,83 -0,18 172,97M 202,20M 12.652 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,56 -1,33 163,54M 227,18M 12.310 
 CIEL3 CIELO ON 66,75 -2,84 144,41M 121,74M 6.793 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,40 -0,51 139,98M 188,97M 9.329 
 EMBR3 EMBRAER ON 17,20 +4,05 126,30M 53,68M 12.742 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 12,00 -3,23 115,16M 88,67M 17.001 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Resultados derrubam BR Properties e Cielo…
Após a divulgação de balanços corporativos, BR Properties (BRPR3, R$ 18,00, -4,51%) e Cielo (CIEL3, R$ 66,75, -2,84%) foram destaques de queda nesta sessão. A investidora em imóveis comerciais viu seu lucro líquido cair 65%, para R$ 89,6 milhões entre os meses de julho e setembro na comparação com o mesmo período de 2012. A empresa explica que no ano passado o lucro líquido foi impactado pelo ganho não caixa na reavaliação das propriedades em carteira. A receita líquida saltou 41%, para R$ 236,6 milhões.

Já a administradora de cartões viu seu lucro líquido atribuído a acionistas crescer 17% entre os meses de julho e setembro, para R$ 689,2 milhões, na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a receita operacional líquida saltou 31,6%, para R$ 1,738 bilhão. Mesmo considerando o resultado “robusto”, o Credit Suisse rebaixou a recomendação às ações da Cielo por conta da forte alta já acumulada por elas em 2013.

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Outra empresa que faz parte do índice, a BR Malls (BRML3, R$ 20,65, -4,04%) viu seu lucro cair quase 10% no terceiro trimestre, impactado por efeitos não caixa com câmbio e efeitos de reavaliação de propriedades de investimentos, para R$ 90,8 milhões. Depois do pregão, será a vez da PDG Realty (PDGR3, R$ 2,03, +1,50%) soltar seus balanços do 3º tri.

Corte de projeções na Europa
No exterior, as bolsas europeias fecharam em queda, com investidores céticos por conta do relatório de projeções macroeconômicas pela Comissão Europeia. De acordo com as projeções, o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro deve encolher 0,4% em 2013, crescer 1,1% em 2014 e acelerar o crescimento para 1,7% em 2015. Para a maior economia do bloco, a Alemanha, a Comissão Europeia elevou a projeção do PIB para 0,5%, ante 0,4% anteriormente. No entanto, para 2014, a previsão foi reduzida para 1,7%, ante 1,8%, seguindo a tendência do bloco econômico, cuja projeção anterior de crescimento era de 1,2%.

Do lado positivo, está o PMI (Índice dos Gerentes de Compras) do Reino Unido do setor de serviços, que subiu para 62,5 em outubro e atingiu o maior patamar desde maio de 1997. No mês anterior, o índice tinha atingido 60,3 e a expectativa é de que houvesse uma desaceleração.

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Ainda no front internacional, o BC da China destacou que manterá sua política monetária prudente com ajuste fino no momento apropriado para manter a economia em um caminho tranquilo, ao mesmo tempo em que lida com riscos inflacionários. O BC também prometeu avançar com as reformas da taxa de juros e do câmbio, enquanto evita riscos sistêmicos na economia, reforçando a percepção de que a autoridade monetária chinesa está inclinada a elevar os juros no país. Vale ressaltar que o primeiro-ministro, Li Keqiang, havia descartada mais injeção de capital no sistema financeiro.

Expectativa da semana
No mais, os investidores vivem a expectativa acerca de importantes eventos na pauta internacional nesta semana. Na quinta-feira, teremos decisões de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e do O BoE (Banco da Inglaterra), com a expectativa de que o banco central europeu possa reduzir os juros no encontro, principalmente por conta da inflação estar muito abaixo da meta estipulada pelo governo – 0,7% de alta, contra meta de 2,0%.

Ainda nesta semana, o mercado conhecerá dois indicadores norte-americanos que poderão dar uma sinalização melhor dos próximos passos do Federal Reserve acerca do seu programa de estímulos: na quinta-feira sai o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do 3º trimestre, enquanto na sexta teremos o relatório de emprego de outubro.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.