Jogador de futebol americano vai virar ações na bolsa dos EUA; entenda

Detentora de 20% de todo o rendimento que Arian Foster terá em sua vida profissional, Fantex venderá esse ônus em Wall Street via IPO a US$ 10 por ação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Imagine como seria investir em ações de um jogador de futebol. Não no clube em que ele joga, mas de um jogador em especial, como o Neymar. Todo o desempenho dos papéis seria baseado no desempenho dele em campo ou nas fofocas e publicidades que ele faz. Pois é, nos EUA o jogador de futebol americano Arian Foster está se preparando para abrir o seu capital.

Uma companhia norte-americana chamada Fantex comprou 20% de todos os ganhos que Foster terá para o resto de sua vida por um valor de US$ 10 milhões. De acordo com a companhia, serão disponibilizadas para venda 1,055 milhão de ações ao preço de US$ 10 cada uma. Assim como na ideia do jogador de futebol, os analistas irão “precificar” as ações de acordo com o desempenho do jogador.

Foster joga pelo Houston Texans na posição de running back, que seria o corredor. Nesta posição, o jogador pega a bola logo no início da jogada e tenta atravessar a linha de 11 defensores para tentar atravessar o campo correndo. De acordo com as estatísticas, essa é uma das posições que mais sofrem no futebol americano, onde os jogadores normalmente sofrem mais lesões. A carreira de um running back é de apenas 3 anos na NFL (Liga Americana de Futebol, em tradução livre).

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Porém, investir em um jogador, principalmente um que tem uma carreira considerada curta e que pode sofrer uma lesão séria a qualquer momento, pode ter grandes implicações morais na bolsa. Como explica o colunista de esportes da Bloomberg, Jonathan Mahler, imagine o que aconteceria se um adversário de Foster ficasse com uma posição vendida em relação à esses papéis e então, de propósito, machucasse o running back durante a partida, levando então os ativos a despencarem.

Como se avaliar um jogador?
Mahler explica que estudar um jogador da NFL não faz sentido. Enquanto para se investir em uma empresa, os analistas conversam com os diretores, conversam com clientes desta companhia para entender a sensação em relação à ela e quais são suas perspectivas de crescimento, para se analisar um jogador a situação é muito mais complexa.

Em um esporte tão brutal e perigoso como o futebol americano, como analisar os riscos de se investir no Arian Foster? Estudando o seu último exame médico? realizando uma avaliação psicológica? Para Mahler, prever as possibilidades do jogador ganhar um título ou se machucar são praticamente impossíveis.

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Vale lembrar ainda que, se fosse vantajoso investir em ações do atleta, o prospecto apresentado pela Fantex não conteria 37 das 148 páginas dedicadas apenas aos riscos do investimentos. Entre os diversos tópicos apresentados a companhia afirma que o desempenho das ações pode ser afetado por lesões do jogador, assim como mudança nas regras da NFL ou mesmo pela queda da popularidade do esporte ou do próprio Arian Foster.

O colunista ainda lembra que, de certa forma, nos já compramos ações de atletas da bolsa, dando o exemplo das apolíces de seguros utilizadas pelos times para seus jogadores, sendo que muitas dessas empresas já possuem capital aberto. Além disso, ele pergunta, por que investir em um jogador que já recebe seu salário para praticar um esporte para o nosso entretenimento?

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.