Revolução dos micos: ações disparam mais de 50% no mês com movimento atípico

Entre as empresas, ganharam holofote do mercado os papéis da Mangels, Wetzel, Renar Maças, Viver e Lix da Cunha

Paula Barra

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SÃO PAULO – Ações menos líquidas tendem a sofrer fortes oscilações mesmo sem um motivo muito concreto. No último mês, porém, muitos papéis considerados no jargão de mercado como “micos” chamaram a atenção: Mangels (MGEL4), Wetzel (MWET4), Renar Maças (RNAR3), Viver (VIVR4) e Lix da Cunha (LIXC4). Além das fortes variações nos papéis, o volume movimentado com essas ações em alguns dias também ganharam relevância.

O movimento mais fora do padrão foi visto com as ações da Mangels, que subiram 87,50% no mês de setembro, mas apresentam desde 24 de julho até agora valorização de 191%. Além da forte arrancada dos papéis, o giro financeiro movimentado com os papéis também impressionou, tendo alcançado R$ 2,6 milhões no último dia 26 – a maior marca desde 20 de outubro de 2010, de R$ 2,8 milhões -, enquanto o número de negócios foi de 846, menor apenas do que pregão anterior (de 881) em toda a história do papel na bolsa. 

Para o analista da casa de research Empiricus, Roberto Altenhofen, o forte salto dos papéis está relacionado, principalmente, às perspectivas lançadas pela empresa no release de resultados, de que está renegociando a dívida com credores, ao passo em que espera vender seus ativos (planta de São Bernardo do Campo) até o primeiro semestre de 2014. “O mercado está especulando com base nisso”, disse. 

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Na sequência, aparecem os papéis da Wetzel, Renar Maças e Viver, que registraram valorizações de 56,82%, 52,94% e 41,18%, respectivamente, fechando o pregão da última segunda-feira (30) cotados a R$ 1,38, R$ 0,26 e R$ 0,24. 

No caso da Wetzel, boa parte da arrancada das ações ocorreu a partir do dia 23 de setembro, período em que acumulam valorização de 47%. Nos últimos cinco pregões, os papéis encerraram no positivo, sendo que somente no dia 27 de setembro registraram alta de 25,23%, com volume financeiro de quase R$ 2,2 milhões, o maior da história do papel na bolsa e 23 vezes acima da média dos últimos 21 pregões, assim como o número de negócios de 558, alcançando o recorde naquela sessão. 

Outra ação pouco comentada pelo mercado mas que também ganhou destaque no último mês foi a da construtora Lix da Cunha. No período, os papéis mostraram um salto de 32,08%, fechando a sessão da véspera a R$ 2,80.

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A arrancada dos papéis, entretanto, iniciaram um pouco antes, em 5 de agosto. De lá para cá, as ações subiram mais de 135%. No dia 8 daquele mês, os papéis registraram giro financeiro de R$ 161 mil – o maior desde 3 de agosto de 2009, de R$ 215 mil. 

Em comunicado enviado à CVM em meados de setembro, a empresa esclarece que parte da movimentação atípica dos papéis poderia estar relacionada com o balanço referente ao segundo trimestre (disponibilizado em 15 de agosto). Entretanto, a companhia ressaltou que não poderia afirmar se “as referidas oscilações tenham sido em decorrência destes fatos”. 

O que é um mico?
Em Bovespês, um mico é uma empresa pequena, de valor de mercado bastante reduzido e que seja bastante ilíquida, com algumas nem sendo negociadas todos os dias na Bovespa. Geralmente, mas não sempre, ela possui o valor cotado aos centavos e são empresas cujas ações passaram por variações negativas muito forte no passado. Esses fatores fazem com que esses papéis sejam extremamente voláteis, inclusive com as cotações suscetíveis a manipulações. A própria Bovespa pede para que as empresas não deixem que seus ativos tenham o valor em centavos – para impedir que essa volatilidade. Alguns casos mais famosos de “bolha” envolviam “micos”: é o caso da Mundial (MNDL3) em 2011, que subiu mais de 3.000% em 3 meses – antes de estourar e perder 99% de valor de mercado em 3 dias.

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