Controladores se endividam para comprar ações da própria empresa; entenda

Segundo sócio e gestor da Set Investimentos, a sinalização da operação é clara: as ações estão "baratas" e os controladores buscam fazer um bom negócio

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em um mês, controladores de duas empresas listadas na Bovespa se endividaram com objetivo de comprar ações de suas próprias companhias. A sinalização da operação, de acordo com especialista do mercado, é clara: “as ações estão ‘baratas’ e os acionistas buscam fazer um bom negócio”. 

Em geral, quando um controlador compra ações da própria empresa é porque ele está tentando fazer um bom negócio, explica Tiago Reis, sócio e gestor da Set Investimentos. “Poucas pessoas tem mais conhecimento sobre a empresa do que o seu próprio controlador. Quando ele compra suas ações, ainda mais com instrumentos de dívida, demonstra de maneira clara que suas ações estão baratas. E está fazendo algo a respeito”, disse. 

O mais recente ocorreu com a Direcional (DIRR3), que informou no fim da semana passada que o acionista controlador tomou R$ 20 milhões em dívidas. Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa informou que Ricardo Gontijo, acionista controlador da empresa, celebrou, por meio de fundo de investimento do qual é único cotista, contrato com Itaú BBA com duração de até 24 meses. No período, o controlador irá obter o retorno das ações da Direcional e, em troca, irá pagar CDI mais uma taxa pré-determinado.

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Ou seja, caso ele execute os R$ 20 milhões da operação e depois de 24 meses as ações se valorizem em 50%, o controlador obterá um lucro de R$ 10 milhões menos o custo do CDI mais taxa no período. Considerando que nesse período o CDI mais taxa deem 20%, então se o controlador tomou os R$ 20 milhões em dívida, 20% daria R$ 4 milhões de despesas financeiras. Com isso, ele obteria um lucro (antes de imposto de renda) no final de R$ 6 milhões.

O caso anterior foi da Aliansce Shopping Centers (ALSC3), que informou em 29 de julho, que seu acionista controlador, Renato Rique, vai comprar fatia do capital que a General Growth Properties, segunda maior empresa de shoppings centers dos Estados Unidos, detinha na companhia. Uma parcela de 12,41% será adquirida por Rique e a outra de 27,58% para a Canada Pension Plan Investment Board. Para isso, o acionista controlador vai precisar se alavancar em cerca de R$ 400 milhões em um contrato que prevê o pagamento em seis anos. 

Segundo Reis, existem diversos motivos para o controlador vender suas ações. Pode ser por liquidez, diversificar seus investimentos ou simplesmente consumo. Mas quando ele compra as ações é por apenas um motivo: ele quer fazer um bom negócio. Ou seja, o preço das ações devem estar atrativos. No ano, os papéis da Direcional acumulam queda 18,06%, enquanto os da Aliansce registram desvalorização 21,78%.

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Esse processo, entretanto, é diferente do programa de recompra que as empresas costumam realizar, explica Reis. Embora também indiquem que o papel pode estar “barato”, nesse caso, é utilizado recursos da própria empresa, ao passo em que aumenta a posição dos acionistas remanescentes. Somente neste mês, o Iguatemi (IGTA3), Valid (VLID3), GP Investments (GPIV11), São Carlos (SCAR3) e Magnesita (MAGG3) anunciam que irão realizar recompra de ações.