“Zeragem” de posições vendidas de estrangeiros pode impulsionar bolsa; entenda

Do final de julho pra cá, saldo de posições vendidas dos estrangeiros em contratos futuros do Ibovespa passou de 165.559 para apenas 518 contratos

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Para quem está comprado em bolsa, uma excelente notícia: os investidores estrangeiros estão “zerando” suas posições vendidas em contratos futuros de Ibovespa. A posição vendida, que chegou a ser de mais de 165.559 mil contratos no final do mês passado, chegou a apenas 518 contratos na última quinta-feira (8). Esse tipo de contrato funciona como uma aposta sobre a pontuação futura do índice: quem está comprado ganha dinheiro conforme ele sobe e quem está vendido recebe por perdas, no ajuste diário.

Com isso, fica cada vez mais claro a mudança de percepção dos investidores estrangeiros, que estão diminuindo suas apostas em quedas na Bovespa. Essa percepção é importante para a tomada de decisão de investimentos pela forte participação que os “gringos” possuem na Bovespa: segundo os dados mais recentes da bolsa, os estrangeiros responderam por 44% do fluxo negociado na Bovespa em julho – prontificando os investidores a acreditarem que suas apostas são “profecias autorealizáveis”. 

Por conta disso, seguir estrangeiros é praxe na Bovespa, muitos fazem isso por acreditar que são eles que definirão o caminho da bolsa. “Eles são muito líquidos, vão comprando até empurrar para cima”, avisa Wagner Caetano, diretor da Top Traders e da Cartezyan. Só no momento em que estavam zerando suas posições vendidas, a bolsa já reagiu, pulando de uma mínima nos 44.107 pontos para 48.928 pontos desta última quinta-feira. 

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Repique ou recuperação?
Caetano acredita que a queda do ano foi alimentada pela posição dos estrangeiros, que iniciaram o ano com 59.911 contratos vendidos e chegaram a bater mais de 160 mil durante o ano. “Sem dúvida nenhuma, a queda do começo do ano foi incentivada por isso. E olha, eles começaram a zerar posição juntamente com o início do rali das últimas semanas”, avalia. 

Para Filipe Borges, analista técnico da Solidez, essa recuperação pode ser apenas um repique – embora acredite que a recuperação do índice vira de vez com o retorno das apostas positivas dos estrangeiros. “Algumas ações já precificaram cenários muito negativos, o mercado já foi muito castigado, isso pode dar um novo fôlego para elas. As ações da Vale (VALE3; VALE5), muito pesadas no índice, por exemplo, estão muito defasadas”, afirma.

Na visão do diretor da Top Traders, o índice deve ter fôlego para buscar os 50.000 pontos – e este será o divisor de águas da bolsa. “Se romper esse patamar, com força, vai ser uma reversão, essa é a principal barreira do índice nesse curto prazo”, avalia o analista, que acredita que o mercado ganhará forças se conseguir superar essa região. 

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China, governo e balanços: as principais referências
Ambos salientam os três principais fatores que o estrangeiro olham para o Brasil: a China, a política econômica do governo e a dinâmica das empresas nacionais. E esses três pontos tem mostrado melhora recentemente. “O Brasil está muito atrelado à China, ela tem um grande peso para a bolsa brasileira, então o investidor olha para lá, vê a situação melhorando e resolve investir aqui”, afirma Caetano. Dados recentes da China têm mostrado que a economia do país parece estar voltando aos trilhos após dois anos de desaceleração de crescimento.

Outro ponto observado é a direção da política econômica do governo, que o diretor da Top Traders acredita já estar precificado no preço das ações na Bovespa. Borges, porém, acredita que mesmo isso já pinta um cenário melhor. “O governo está há bastante tempo sem realizar nenhuma intervenção, e isso é positivo nos olhos dos estrangeiros”, avisa o analista técnico da Solidez. 

Por fim, ambos apontam uma melhora nas condições das empresas brasileiras, com os balanços das importantes companhias – como bancos e siderúrgicas – mostrando um cenário menos pessimista do que era visto. “Alguns balanços vieram melhores que o esperado e isso traz uma pressão compradora para a bolsa novamente”, termina.