Novo Ibovespa deve trazer empresas de educação e “triplicação” de OGX

Primeira das três prévias do principal índice da BM&FBovespa será divulgada no 1º dia de agosto; composição oficial entrará em vigor em 2 de setembro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A BM&FBovespa divulgará nesta quinta-feira (1) a 1ª das três prévias da carteira quadrimestral do Ibovespa, que vigorará entre os dias 2 de setembro até o final do ano. Desta forma, analistas de bancos e corretoras buscam antecipar quais as mudanças que a bolsa anunciará na composição do índice tido como referência para o mercado acionário do País. 

Os papéis mais cotados para o ingresso na carteira teórica do índice apontam para um marco, com a entrada de companhias do setor de educação pela primeira vez, conforme aponta o HSBC, Citi Research, Santander e o Brasil Plural: a Kroton (KROT3) e a Anhaguera (AEDU3). Conforme aponta o Citi Research, a entrada das ações no índice ocorre em meio ao forte volume de negociações em torno da fusão das duas empresas – a inclusão, aliás, já era especulada desde a época em que elas fecharam o negócio, em abril deste ano

O estrategista do HSBC, Carlos Nunes, aponta ainda para a possibilidade da entrada de até cinco ações, tendo em vista que o índice de negociabilidade dos atuais papéis que estão no Ibovespa atinge o total de 77,75%. Assim, além das duas companhias do setor de educação, Nunes vê a entrada das ações da Ecorodovias (ECOR3), da Even (EVEN3) e da Qualicorp (QUAL3) com probabilidade de integrar a carteira, mas a primeira com a média e as duas últimas com baixa probabilidade.

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Enquanto isso, o Brasil Plural vê como improvável a entrada da Even no índice, por não apresentar bom índice de negociabilidade de suas ações. Já o Citi Research vê uma probabilidade para a entrada da Ecorodovias, mas menor. Atualmente, o Ibovespa conta com 71 ações de 65 empresas – Petrobras, Vale, Eletrobras, Bradesco, Usiminas e Oi possuem dois tipos de ações dentro do índice.

OGX pode triplicar participação…
O HSBC também vê mudanças significativas nas dez ações mais representativas do índice. Nunes acredita que a Itaúsa (ITSA4) deva substituir a PDG Realty (PDGR3) no ranking das dez primeiras, enquanto o Itaú Unibanco deve se tornar a terceira ação mais representativa do índice, no lugar da OGX Petróleo (OGXP3).

Aliás, a OGX deve ganhar participação no Ibovespa, apontam os analistas do HSBC e do Brasil Plural, devido ao alto índice de negociabilidade dos papéis. Os analistas do Brasil Plural, o peso da OGX subirá de 1,697% para 4,465%, um aumento de quase 3 vezes a participação atual. O ajuste nas posições de mercado deve promover um impacto no volume ao equivalente a 1,41 dia de negociação do papel.

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Nunes aponta que, apesar de esperar queda na participação em relação à prévia do último quadrimestre, a quantidade teórica da ação na carteira deve aumentar significativamente, passando para 4,1599% ante os 5,0610% do último quadrimestre.

“Embora as ponderações do Ibovespa dependam metade do volume financeiro das negociações e a outra metade do volume de ações negociadas os pesos mudam com o desempenho de preço das ações entre os rebalanceamentos. É por isso que o peso da OGX no índice caiu de 5,1% no último rebalanceamento para apenas 1,8% agora, enquanto a empresa coligada LLX Logística (LLXL3) deva reagir, de 0,3% para 0,5%”, destaca o analista Stephen Graham, do Citi Research. 

Conforme aponta a analista do Santander, Renata Cabral, além da OGX, a BR Malls (BRML3), Sabesp (SBSP3), Bradesco ON (BBDC3) e Petrobras ON (PETR3) devem ser as “maiores vencedoras” com a mudança de carteira, ao registrarem o maior aumento de participação. Com relação à companhia de petróleo de Eike Batista, a mudança deve significar um fluxo adicional de fundos passivos no valor de R$ 580 milhões, passando para 4,62%.

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… enquanto Vale e imobiliárias devem perder espaço
Por outro lado, aponta Renata, as ações preferenciais da Vale (VALE5), PDG Realty (PDGR3), TIM (TIMP3), Vale ON (VALE3) e Cielo (CIEL3) devem ser as cinco maiores potenciais perdedoras. Sobre a Vale – que no último quadrimestre possui a maior participação individual do Ibovespa, com cerca de 10% -, a estimativa de HSBC e Santander são de que VALE5 fique com 8,0% e 8,1% de importância no índice, respectivamente.

Com as mudanças, o setor de petróleo e gás deve registrar o maior aumento de participação e continuará na primeira posição em termos de concentração do índice, avalia a analista do Santander, com 16,1%. Já o segmento de instituições financeiras provavelmente manterá o segundo lugar, com uma concentração esperada de 15,8%, apesar de ser um dos segmentos com maior queda, de 1 ponto percentual na participação, seguida de energia e saneamento, com baixa de 0,8 ponto percentual. 

Usiminas ON e Vanguarda Agro podem ficar de fora
Conforme apontam os analistas do Brasil Plural, Eduardo Nishio, Ruben Couto e Felipe Salomão, as ações ordinárias da Usiminas (USIM3) e da Vanguarda Agro (VAGR3) devem deixar o índice, por não atenderem a um dos critérios para elegibilidade no índice. 

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Já o HSBC aponta que os estudos do banco não apontam exclusões de ações que estão no índice inicialmente. Contudo, a ação USIM3 também não atendeu a um dos critérios para permanecer no Ibovespa, apontam os analistas do banco. O Santander também não prevê exclusões de ações no índice. 

Os cinco ”maiores vencedores” em potencial, segundo o Santander: 

Empresa Ticker Peso estimado (%) Peso atual (%)*  Variação (em p.p.) Entrada potencial (em R$ milhões)
OGX Petróleo OGXP3 4,23 1,62 2,61 588,08
BR Malls BRML3 1,66 1,41 0,25  56,52
Sabesp SBSP3 0,79 0,60 0,19 41,80
Bradesco ON BBDC3 0,86 0,70 0,16 37,13
Petrobras ON PETR3 2,68 2,52 0,16 36,44

Os cinco ”maiores perdedores” em potencial, segundo o Santander: 

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Empresa Ticker Peso estimado (%) Peso atual (%)*  Variação (em p.p.) Saída potencial (em R$ milhões)
Vale PNA VALE5 8,10 8,72 -0,61  -137,86
PDG Realty PDGR3 2,20 2,64 -0,43 -97,22
TIM Participações TIMP3 1,11 1,50 -0,40  -89,26
Vale ON VALE3 2,50 2,85 -0,35 -78,79
Cielo CIEL3 1,70 2,00 -0,30 -67

Metodologia
O cálculo para a carteira teórica do Ibovespa é composto pelos ativos que, nos doze meses anteriores, atendam a índices de negócios, participação no volume financeiro e presença nos pregões. Desta forma, as ações integrantes no índice têm que ser representativas em termos de liquidez e de capitalização. 

A metodologia usa três filtros para determinar se uma empresa integrará o índice: o primeiro é a presença de negócios superior a 80% nos últimos doze meses, a contribuição de mais de 0,1% no volume total negociado na bolsa e o índice acumulado de negociabilidade inferior a 80%. De acordo com o Itaú BBA, o mais difícil é passar pelo último filtro.

Para tanto, a bolsa calcula o índice de negociabilidade para cada uma das ações nela negociadas nos últimos doze meses. Os índices são colocados em uma tabela em ordem decrescente, e uma coluna apresenta a soma de tais índices à medida que se percorre a tabela do maior para o menor valor. Calcula-se então a participação de cada índice individual em relação à soma total, listando as ações até que o montante das participações atinja os 80%. 

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A primeira prévia da nova carteira sempre é publicada no primeiro dia útil do último mês de vigência do índice. Duas outras prévias serão publicadas, estas nos dias 16 e 30 de agosto, com a nova carteira entrando em vigor na próxima segunda-feira, dia 2 de setembro, valendo para os próximos quatro meses, até 3 de janeiro de 2014.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.