Ibovespa fecha em queda de 2,40% e renova menor patamar desde abril de 2009

Com nova queda, o índice fechou a semana com desvalorização de 4,61%; inflação e elétricas guiam dia negativo para Ibovespa, que fecha em queda de 2,40%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio às preocupações com a inflação brasileira e com a continuidade dos temores do investidor com uma possível saída do Federal Reserve do seu programa de estímulos de US$ 85 bilhões, o Ibovespa voltou a ficar em forte baixa, fato que ocorreu em 8 das 11 últimas sessões. A decorrada das elétricas nesta sessão também contribuiu para o movimento de baixa na sessão. Com isso, o índice fechou em queda de 2,40%, a 47.056 pontos, atingindo o seu menor patamar desde 28 de abril de 2009, quando fechou a 45.821 pontos. O giro financeiro foi de R$ 10,44 bilhões. 

O avanço do IPCA-15 e a continuidade das manifestações no Brasil derrubaram novamente o índice. Contudo, o cenário no exterior melhorou após James Bullard, do Fed de St. Louis, sinalizar que o QE3 não deve ser interrompido caso a inflação não aumentar nos Estados Unidos. No acumulado da semana, a queda do Ibovespa foi de 4,61%, em sessões marcadas principalmente pela fuga de investidores externos com a sinalização de que o Federal Reserve deve reduzir o programa de compra de títulos, em meio às perspectivas mais positivas para os números norte-americanos. 

A prévia da inflação brasileira registrou alta de 0,37%, valor um pouco acima do esperado pelo mercado, que projetava desaceleração no índice de 0,46% visto em maio para 0,38%. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 apresenta alta de 6,67%, acima do teto da meta do governo – a meta do governo é de 4,5% ao ano, com limite tolerável de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. 

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Apesar de analistas avaliarem que a queda desta sessão não está associada às recentes ondas de manifestações, o banco Barclays acredita que as vendas generalizadas nos mercados brasileiros “foram amplificadas pelas manifestações sociais, apesar de a raiz ser a falta de controle fiscal que colocou o Brasil na rota de um rebaixamento de crédito soberano”, segundo destacou a notícia da Reuters.

Elétircas e grupo EBX levam índice à queda
Dentre as maiores quedas registradas na Bovespa, destaque para o setor elétrico, com a Copel (CPLE6, R$ 26,21, -16,66%despencando mais de 10% após o governador do Paraná pedir à empresa para abdicar do reajuste de 14,61% nas tarifas, com um volume financeiro cinco vezes acima da média. Ela também foi o maior destaque de queda da semana, com desvalorização de 20,77%. O movimento puxa outras empresas que também trabalham com reajuste tarifários, tais como a empresa de saneamento básico Sabesp (SBSP3, R$ 21,79, -5,83%) e a distribuidora Light (LIGT3, R$ 15,40, -4,94%). 

As empresas do grupo EBX, de Eike Batista, também apareceram entre as maiores quedas no Ibovespa, com MMX Mineração (MMXM3, R$ 1,27, -10,56%), LLX Logística (LLXL3, R$ 1,03, -14,17%). A OGX Petróleo mostrou uma desvalorização mais amena (OGXP3, R$ 0,82, -5,75%), mas também contribuiu para o dia negativo do índice, tendo em vista sua forte participação na composição do Ibovespa. Já as ações PN da Oi (OIBR4) também tiveram forte queda, após a saída de diretores da companhia. 

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Os “pesos-pesados” Petrobras (PETR3, R$15,29, -4,74%PETR4, R$ 16,46, -3,29%) e Vale (VALE3, R$ 30,45, -1,26%VALE5, R$ 28,45, -0,66%) também contribuíram com a baixa no índice, uma vez que juntas correspondem a mais de 20% da composição do Ibovespa.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPLE6 COPEL PNB 26,21 -16,66 -15,94 98,30M
 LLXL3 LLX LOG ON 1,03 -14,17 -57,08 13,11M
 MMXM3 MMX MINER ON 1,27 -10,56 -71,46 19,83M
 OIBR4 OI PN 3,57 -10,30 -53,08 65,58M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 6,42 -9,58 -62,24 8,54M

Em contrapartida, os papéis da BR Properties (BRPR3) foram o destaque de alta nesta sessão, com ganhos de 3,81%, a R$ 18,00, após a aprovação da venda de ativos avaliados em R$ 690 milhões. 

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As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRPR3 BR PROPERT ON 18,00 +3,81 -27,75 118,18M
 CIEL3 CIELO ON 53,16 +3,24 +14,49 135,98M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 8,10 +1,89 +17,66 70,75M
 NATU3 NATURA ON 47,75 +1,60 -16,79 90,94M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,96 +1,16 -17,92 38,77M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,46 -3,29 696,54M 45.639 
 VALE5 VALE PNA 28,45 -0,66 643,03M 42.084 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 28,56 -2,63 547,78M 40.357 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,48 -2,38 324,58M 29.260 
 VALE3 VALE ON 30,45 -1,62 306,60M 27.128 
 BBDC4 BRADESCO PN 28,42 -2,34 295,43M 24.078 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 21,12 -0,14 290,29M 28.489 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,29 -4,74 268,53M 33.465 
 AMBV4 AMBEV PN 77,70 +0,78 217,56M 11.219 
 CMIG4 CEMIG PN 19,00 -2,56 213,78M 25.284 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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 QE3 pode ser até elevado, diz Bullard
No mercado internacional, os principais índices norte-americanos operavam em queda até o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, em entrevista à Bloomberg, afirmar que o Federal Reserve pode ter que aumentar seu programa de compra de títulos se a meta de inflação de 2% não for alcançada. O comentário vem após o presidente do Fed, Ben Bernanke, dizer que se a economia mostrar melhora, o fim do programa pode ocorrer no final destre ano. Com isso, as bolsas por lá fecharam entre leves ganhos e perdas, de cerca de 0,2% para cima e para baixo. 

Reuniões na Europa
No Velho Continente, os índices acionários apresentaram expressivas quedas. Por lá, a Grécia ganha destaque nos noticiários, com um impasse sobre a possibilidade de encerrar a emisora estatal aumentando os temores de que a coalizão que governa o país possa desmoronar.

Ainda na Europa, ganharam destaque reuniões de ministros da zona do euro e entrevista de David Lipton, membro do FMI (Fundo Monetário Internacional), que disse ao portal CNBC que falar sobre uma suspensão do resgate à Grécia é prematuro. O comentário veio após uma fonte dizer ao Financial Times que o FMI prepara-se para retirar seu apoio monetário ao país ao final de julho, a não ser que líderes da zona do euro cobrissem entre € 3 bilhões e € 4 bilhões do financiamento grego.

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Na noite da última quinta-feira, os ministros das finanças da zona do euro acertaram que o mecanismo de resgate terá € 60 bilhões de euros para injetar em bancos sistemicamente importantes e que governos contribuirão com 20% do aporte de capital necessário. Nesta sexta-feira, os ministros definirão regras para impor perdas a grandes poupadores quando bancos quebrarem.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.