4 eventos que devem manter a volatilidade no mercado próxima semana

Com a bolsa nos menores valores desde 2011, dados da China, números do Varejo e do PIB brasileiro além do vencimento de opções devem agitar os investidores nos próximos dias

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A semana que termina apresentou forte volatilidade, com destaque para os temores do fim do plano de estímulos, o Quantitative Easing III, aumentando o pessimismo dos mercados. No Brasil, o Ibovespa passou para seu pior nível desde 2011, dias após o governo zerar a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para estrangeiros, dentro de um cenário de inflação alta, PIB (Produto Interno Bruto) baixo e Selic subindo.

Com os mercados agitados, principalmente no Brasil, a próxima semana não terá motivos para que isso mude. Dados industriais, seguidos pelos números do varejo e do crescimento do País devem chamar atenção para a expectativa de avanço no PIB nacional. Vale lembrar também que no dia 17 de junho ocorre o vencimento de opções sobre o Ibovespa, fator que sempre traz volatilidade na bolsa brasileira nas sessões anteriores. Enquanto isso, indicadores na Ásia devem agitar os investidores nos próximos dias.

Mesmo com o foco no Brasil e na Ásia, os investidores não devem deixar de ficar atentos aos números nos EUA, onde qualquer novo dado pode trazer novos sinais para o fim do pacote de estímulos à economia. Além disso, a semana também traz indicadores do crescimento industrial na zona do euro, que chamam atenção pelo atual cenário de recuperação econômica da região.

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PIB em foco e vencimento trazendo volatilidade
No mercado doméstico, indicadores dos setores da indústria e do varejo devem traçar o cenário da economia nacional, que irá culminar na divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) na sexta-feira (14). O índice serve como uma prévia do PIB nacional e de acordo com a estimativa compilada pela LCA, o resultado deve apresentar leve melhora em relação à abril, passando de 0,72% para 0,80%.

Porém, desde o início da semana, os dados da indústria irão chamar atenção dos investidores, com os números apresentados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Para o economista Felipe Queiroz, da Austin Rating, o setor deve mostrar recuperação em relação à produção e à capacidade de utilização. Em um cenário de fraco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), uma evolução no setor industrial se torna importante para o País.

Na véspera do IBC-Br serão divulgados os dados de Vendas no Varejo. Queiroz explica que o consumo é um dos principais fatores para o crescimento da economia brasileira, e, portanto, bons resultados nas vendas podem indicar uma melhora para o País.

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No últimos dias da semana, outro fator deve trazer volatilidade para o Ibovespa: o vencimento de opções sobre ações, que ocorre no dia 17 de junho (segunda-feira da outra semana). Com a proximidade do vencimento, os investidores passam a ampliar e reduzir suas posições nos papéis, trazendo grande movimento nos ativos dentro do índice. 

Ásia chamando atenção no início da semana
O primeiro dia útil da semana deverá ter bastante reflexo nos indicadores divulgados na Ásia, com Japão e China no foco dos mercados. No caso chinês, serão apresentados os números da Produção Industrial e Vendas no Varejo, setores que devem se manter fortes.

Para Queiroz os dois dados devem indicar que a China se mantém com um bom crescimento econômico. “Nós projetamos que o país deva crescer em torno de 8%, pouco acima de 2012, mas ainda sim indicando queda do crescimento em relação à 2010”, afirma o economista.

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O Japão também deve chamar atenção nos próximos dias, principalmente com a divulgação do PIB do país e com a reunião do Banco Central do país. Ambos os indicadores tem projeção de se manterem nos mesmos níveis vistos anteriormente. Com mudanças no governo e uma nova política monetária, o Japão tem ganhado cada vez mais destaque nos noticiários.

Zona do euro e EUA
Na Europa, a semana começa com foco principalmente na Itália e na França, onde serão divulgados os números de produção industrial, enquanto na quarta-feira será a vez dos dados do setor na zona do euro. A projeção da Austin é de queda nos números industriais, refletindo as políticas de austeridade na região.

Queiroz explica que as recentes medidas para ajudar os países da região a melhorarem suas situações em relação à dívida acabam tendo efeito em outros setores, sendo um deles a indústria. “Um dos problemas gerados pela crise foi a queda no consumo, que tem como base a alta do desemprego na região. Com um consumo baixo, a produção da indústria também cai. É tudo um grande círculo vicioso”, conclui o economista.

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Um dos países que tem conseguido evitar um cenário pior em sua economia é o Reino Unido, que também divulgará os dados da indústria, porém, com perspectivas positivas. “O fato do país não ter aderido à moeda única da região traz algumas vantagens nesse caso de crise econômica”, explica Queiroz.

Nos EUA, a agenda de indicadores será mais tranquila nos próximos dias, mas o mercado segue atento aos novos sinais em relação ao possível final do Quantitative Easing. O grande destaque será o resultado fiscal mensal do país, com os números do orçamento do governo.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.