Bovespa só vai subir quando a China voltar a crescer forte, diz CEO do HSBC

Com o Ibovespa em um "valor justo", investidor estrangeiro ainda espera um sinal de retomada da economia chinesa para voltar à Bovespa, explica Pedro Bastos

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – O bom desempenho do Ibovespa nesse começo de dezembro pode fazer com que a bolsa brasileira termine 2012 no positivo. Contudo, nem de longe a performance do principal índice de ações do País foi satisfatória: de 2009 – ano que o Ibovespa subiu mais de 82% – pra cá, o mercado brasileiro acumula perdas na faixa dos 18%, levando-se em conta a pontuação atual do benchmark.

Para Pedro Bastos, CEO (Chief Executive Officer) do HSBC Brasil, dois fatores preponderantes têm pressionado o Ibovespa nos últimos anos: a falta de uma nova entrada de investimento estrangeiro no País e a forte correlação do Brasil com o mercado chinês. Para ele, o Ibovespa não está caro nem barato: “ele está em seu ‘fair value’ (valor justo)”, disse Bastos durante o evento “Forum Bloomberg Brasil, um mundo de oportunidades”. 

Sobre a migração de capital internacional para cá, Bastos relembra que boa parte do forte rali de 2009 foi impulsionado pelo dinheiro advindo dos investidores estrangeiros, que se mostraram bastante otimistas com o País após ele ser escolhido para sediar tanto a Copa do Mundo de 2014 quanto as Olimpíadas de 2016. “Muitos dos nosso fundos japoneses aumentaram fortemente sua exposição no Brasil naquela época”, comenta o CEO do banco.

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Contudo, os sinais de que a crise europeia persistirá por um longo período têm ajudado a alimentar o clima de aversão ao risco no mercado. Aliado a isso, as recentes intervenções do governo brasileiro em importantes setores da economia – em especial o elétrico – contribuíram para afugentar os gringos da bolsa brasileira. Vale mencionar que os investidores residentes fora do País respondem por cerca de 20% do volume negociado na Bovespa, segundo os dados da BM&FBovespa referentes a novembro deste ano.

Correlação chinesa: é bom ou ruim?
Sobre a semelhança do mercado brasileiro com o chinês, o CEO do HSBC explica que o investidor de fora costuma olhar para as duas economias como bastante correlacionadas. Em outras palavras, eles evitam se expor em ações no Brasil quando a situação da China não anda muito bem – e é exatamente o que tem acontecido atualmente.

Embora o gigante asiático siga crescendo a um ritmo extremamente forte se comparado com as outras grandes economias do planeta, o que tem sido visto nos últimos trimestre é uma evidente desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) chinês, levantando o debate sobre se a atividade da China passará por um “pouso forçado” ou se conseguirá retomar seu ritmo forte de expansão nos próximos quartos. Somado a isso, o país passa atualmente pela transição do novo presidente local, Xi Jinping, algo que sempre traz certa cautela para o investidor.

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Toda essa incerteza em relação à China colabora para a lateralização do Ibovespa nos últimos anos, atesta o CEO do HSBC. “O mercado chinês precisa melhorar para dar um gatilho para o Brasil”, finaliza.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers