O Ibovespa anda mal? Índice de China caiu 3 vezes mais do que o do Brasil

Índice brasileiro caiu 20%, mas benchmark bolsa de Xangai acumula perdas de 67%; bolsa chinesa é completamente diferente

Felipe Moreno

Publicidade

SÃO PAULO – Nos últimos anos, os investidores no Brasil sofreram com a bolsa recuando: do topo histórico em 2008 até o fechamento da última sexta-feira (7), o Ibovespa já perdeu mais de 20% de valor. O brasileiro, porém, pode estar reclamando de boca cheia se compararmos com outra economia emergente em franca expansão: o Shangai Composite, principal índice de ações da bolsa chinesa, acumula perdas de cerca de 67% desde o seu topo histórico, alcançado em 2007.

Ambas as bolsas foram fortemente afetadas pela crise de 2008 e a crise na Europa nos anos posteriores. Ambas não voltaram às suas máximas históricas. Mas a chinesa hoje vale quase um terço do que valia poucos anos atrás. E enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou queda de 0,2% em 2009, alta de 7,5% e 2,7% em 2010 e 2011, a China cresceu a 9,2%, 10,4% e 9,2% em 2009, 2010 e 2011, nesta ordem. Com um desempenho econômico muito superior ao nosso, o que atrasa a bolsa por lá?

Não foi a falta de estímulos: a China anunciou, em 2008, o maior pacote de incentivo da história – injetando liquidez na economia e evitando uma desaceleração mais brusca. O gigante asiático possui uma bolsa quase do seu tamanho: é a 6ª maior do mundo e a 4ª em volume movimentado. E isso pode ser um problema.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ao contrário da maioria das bolsas mundiais, a chinesa é basicamente controlada pela atividade de trading: mais de 70% dos investidores não permanecem com os mesmos investimentos. Até a origem da bolsa chinesa é diferente: enquanto a maioria das bolsas nasce para prover oportunidades de investimentos em empresas promissoras, o surgimento da bolsa chinesa foi feito para dar alternativas de capitalização para empresas estatais que estavam próximas de falir.

Gráfico comparativo entre Ibovespa e Shangai Composite:

Fonte: Bloomberg

Continua depois da publicidade

Diferenciais
Essa situação atrai muitos investidores. Certamente não falta quem pense que o mercado chinês está barato. Nos últimos 10 anos, o país cresceu uma média de 10% ao ano – mas o mercado acionário avançou somente 23% ao longo desse período. A explicação para esse descasamento é que o Shangai Composite reflete principalmente os papéis de companhias estatais – que precisavam de capitalização – e não os setores privados, que têm sido o principal motor do crescimento chinês nos últimos anos. Como o mercado local é dominado por traders, isso colabora para potencializar a volatilidade.

Outra grande diferença está na composição dos investidores do mercado chinês: segudo dados locais, cerca de 85% dos investidores são pessoas físicas, cenário completamente oposto ao que vemos no Brasil, onde a parcela de pessoas físicas responde por 16,6% do total. Para muitos estudiosos do assunto, esse é o tipo de investidor que garante a maior volatilidade para os papéis – tanto por ser, normalmente, mais leigo quanto mais “emocionalmente apegados”.

Há, porém, um interesse em reduzir a importância dos papéis estatais na bolsa chinesa. E isso pode ser positivo para o índice: conforme aumente a quantidade dos papéis que refletem o crescimento do consumo por lá, cresce a possibilidade de um avanço mais agressivo do índice chinês. Tanto por aqui quanto por lá, os papéis estão deprimidos. Será que voltam a avançar?