Venda da Seara e Zenda dá fôlego de R$ 1 bi à dívida da Marfrig no 2° tri

Empresa viu sua alavancagem financeira cair para 3,8 vezes no período, contra 4,4 vezes no primeiro trimestre

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Marfrig Alimentos (MRFG3), uma das maiores processadoras de carnes do País, apresentou nesta quinta-feira (8) seu resultado do segundo trimestre. Em coletiva com a imprensa, realizada na sede da empresa nesta manhã, em São Paulo, o executivo destaca desalavancagem de R$ 1 bilhão da companhia no período, impactada pela venda da Seara Brasil e Zenda. 

Durante o evento, Sergio Rial, futuro CEO da Marfrig, explicou que essa redução deve-se ao montante de R$ 1 bilhão em dívidas já transferido para a JBS (JBSS3) como um sinal para a aquisição da Seara Brasil. 

Essa é a primeira parte da transferência, uma vez que com a aquisição a JBS concordou em assumir R$ 5,8 bilhões em dívidas da Marfrig. A concretização da venda, entretanto, ainda espera o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A expectativa, segundo Rial, é que seja concluído até setembro. 

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Com isso, no fim do trimestre, a dívida da Marfrig somava R$ 8,7 bilhões, levando o índice de alavancagem financeira, medido pela relação de dívida líquida e Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), cair para 3,8 vezes entre os meses de abril e junho, contra 4,4 vezes no primeiro trimestre. A estimativa é que a avalancagem diminua para cerca de 3 vezes após a transferência completa da dívida, deixando a maior parte da dívida da empresa com perfil de longo prazo. 

As principais implicações estratégias, avaliou Rial, serão uma possível redução de pelo menos 50 pontos base no custo da dívida remanescente e um dos melhroes índices de alavancagem da história da empresa.

Queda da margem bruta
O executivo também explicou que a queda de 6,5 pontos percentuais na margem bruta da divisão da Marfrig Beef deve-se principalmente aos efeitos da operação no Uruguai e Argentina, assim como uma ação mais agressiva por parte da JBS, levando impacto para todo o setor. 

No caso do Uruguai, Rial disse que a operação por lá foi afetada por uma pressão no custo e preço médio. O país não conseguiu se beneficiar tão bem quanto o Brasil da oscilação cambial, e como a operação no Uruguai é baseada 80% em exportação trouxe um forte impacto no trimestre, mas, que, segundo ele, já deve melhorar daqui para frente. 

Na operação na Argentina, o executivo explicou que o impacto foi em função da venda de duas plantas no país. 

O terceiro trimestre, segundo ele, já se mostra mais sólido em vendas e em resultado, com aumento das exportações e maior utilização da capacidade instalada. 

Impacto do câmbio
Por fim, ele ainda comentou sobre o impacto do câmbio no resultado, que levou a empresa a reverter um lucro de R$ 15,4 milhões no segundo trimestre de 2012 para um prejuízo líquido de R$ 419,9 milhões no segundo trimestre deste ano. 

A empresa trabalha com uma tendência de continuidade da depreciação do real frente ao dólar até o fim do ano. Entretanto, descartou, ao menos por enquanto, a utilização de contabilidade de hedge para minimizar a volatilidade do câmbio no balanço. Um mecanismo que recentemente foi anunciado pela Petrobras.