Em vídeo, Marcus Elias diz que acionistas da Laep aterrorizam sua família

No depoimento obtido pelo InfoMoney, o empresário também culpa um credor inglês pela ruína da Laep

João Sandrini

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(SÃO PAULO) – Marcus Elias, o antigo controlador da Laep (antiga Parmalat), não tem dado entrevistas desde que a crise na empresa se agravou – principalmente após a Justiça de Bermudas decretar a liquidação da companhia. Em vídeo que o InfoMoney teve acesso, entretanto, Elias e seus advogados Edgard Silveira Bueno Filho e Halan Barros Finelli conversam com o procurador Marcos José Gomes Corrêa, do Ministério Público Federal. No vídeo de uma hora de duração, Elias, que está com os bens bloqueados por determinação da Justiça Federal de São Paulo, culpa o fundo inglês GLG Emerging Market, um dos credores da Laep, pela ruína da empresa.

Hoje com péssima reputação no mercado, Elias afirma ao procurador que tem 20 anos de experiência com recuperação de empresas e que “salvou milhares de empregos” ao assessorar reestruturações como as da Camil, Gomes da Costa, Tend Tudo, Unidas Rent a Car e Granado. Quando comprou a Parmalat, ele assumiu uma empresa que devia R$ 2,5 bilhões a mais de 10 mil credores. Todos se mostraram dispostos a negociar, menos o GLG, segundo ele. “O crédito dos ingleses contra a companhia está eivado de ilegalidades. Sonegaram impostos, desrespeitaram a lei de câmbio”, diz ele no depoimento gravado. “Essas pessoas foram a Bermudas e convenceram o juiz de lá a decretar a liquidação da Laep e a nomear um interventor, (…) que está nomeando diretores no Brasil para vender os ativos e as fábricas e receber as dívidas que eles detêm.”

Elias também faz acusações graves contra acionistas minoritários da empresa, que estariam “aterrorizando sua família”. “Meu domicílio [em São Paulo] foi invadida quatro vezes. A casa de campo em Campos do Jordão que era do meu pai [falecido] foi incendiada. Tudo isso está registrado e documentado. Foi periciado”, diz. Ele também diz que minoritários criam perfis falsos para se aproximar de seus filhos nas redes sociais para depois insultá-lo.

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O ex-controlador da Laep diz ainda que a ação civil pública movida pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Ministério Público Federal contra ele para tentar devolver ao menos parte do dinheiro investido pelos minoritários em ações da companhia apenas reproduz reclamações apresentadas sem que houvesse uma checagem mais aprofundada das acusações. “A CVM diz que é um abuso de direito a Laep ter feito 212 aumentos de capital. Foram 212 operações porque foram 212 credores que converteram dívidas em ações. A lei não deixaria a gente não fazer assim”, queixa-se. “A CVM foi avisada sobre todos os aumentos de capital. Como a CVM pode dizer que os aumentos de capital eram desconhecidos? É uma tremenda injustiça.” Procurada, a CVM disse que não iria se pronunciar.

Durante a audiência, o procurador orienta Elias a marcar uma reunião com a CVM para apresentar essas explicações a eles. A sugestão é aceita pelos advogados, que ficam de procurar a CVM. A Laep levantou mais de R$ 1 bilhão com a venda de ações no mercado de capitais brasileiro. Com sua liquidação, as ações viraram pó. É bastante improvável que, após o pagamento dos credores, sobre dinheiro para restituir todo o prejuízo dos acionistas, mesmo que as irregularidades encontradas pela Justiça sejam comprovadas. Clique aqui e veja 6 lições do caso Laep para quem investe em Bolsa.