Personagens: Luiz Cezar Fernandes, de fundador da CVM a presidente da Laep

Um dos nomes mais respeitados do mercado financeiro já foi desde banqueiro a criador de ovelhas na região serrana do Rio de Janeiro

Edilaine Felix

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SÃO PAULO – Luiz Cezar Fernandes é o novo CEO (Chief Executive Officer) da Laep, companhia que detém o controle de empresas como Parmalat e Daslu. Um dos nomes mais respeitados do mercado financeiro, desde quando ingressou em 1958, já foi desde banqueiro a criador de ovelhas na região serrana do Rio de Janeiro.

Fernandes fundou dos bancos de investimentos Garantia e Pactual, além de contribuir para a formação de importantes institutos brasileiros. Ele ajudou na criação da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro), da Cetip, da Selic e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O executivo também foi responsável pela criação das operações com lastro em CDI (Certificados de Depósitos Interbancários) além de ter sido consultor da Lei das empresas Sociedade Anônima. Fernandes ainda participou da reestruturação da Mesbla, Lacta, Fundição Tupy, CTM Citrus e Benetton.

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Desde sempre no banco
Nascido na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo, no ano de 1945, Fernandes começou a trabalhar aos 12 anos de idade como office boy na Nossa Caixa (Caixa Econômica do Estado de São Paulo).

Ainda na adolescência, aos 14 anos, foi trabalhar como office boy no Banco Brasileiro de Descontos. Nesta instituição adquiriu experiência administrativa e comercial. Ficou lá por alguns anos e exerceu outras funções, conquistando novas responsabilidades.

Com um pequeno capital, aos 23 anos, Fernandes, que já havia passado por outras instituições, entre elas o Banco Campina Grande e o Escritório Levy, arriscou em uma nova empreitada e, em parceria com Jorge Paulo Lehmann criou o Banco Garantia. Em busca de clientes vips, deram início ao Banco de Negócios. A sociedade com Lehmann acabou, porém não teve fim o anseio de Fernandes pelo fascinante mercado financeiro. Com outros três sócios, fundou em 1983 o Banco Pactual.

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Ambição 
Fernandes foi um dos grandes nomes do mercado financeiro nos anos 1980 e 1990. Integrante do grupo que criou o primeiro grande banco de investimentos, o Garantia, foi um dos responsáveis por formar uma geração muito ambiciosa, que tinha como lema ganhar o primeiro R$ 1 milhão antes dos 30 anos.

Há quase dez anos, Fernandes se afastou do mercado financeiro e transferiu sua mesa de operações para a Fazenda Marambaia, na serra fluminense e esteve por lá se dedicando à novos projetos.

Na nova empreitada, criou o provedor de internet Taho, que funciona por rádio, e foi nesta época que se dedicou à criação de ovinos da raça Santa Inês e teve um rebanho com cerca de 3,5 mil cabeças. Em 2007, realizou o segundo leilão Imperial Marambaia, chegando a faturar aproximadamente R$ 600 mil, um recorde de preço em leilões para esta raça.

O banqueiro criador de ovelhas, pensando em unir a experiência adquirida no campo, começou a avaliar um retorno para o mercado financeiro. Para uma revista, o executivo chegou a garantir na época que poderia investir rapidamente US$ 600 milhões em novos projetos.

Novos rumos, velhos problemas
Fernandes chegou na Laep no dia 23 de fevereiro e sentará na cadeira antes ocupada por Marcus Elias. A Laep esteve nos holofotes em 2006 quando comprou a Parmalat, que estava em recuperação judicial. Na época, a desconhecida Laep fez um investimento de R$ 20 milhões em uma operação que incluía a venda da marca Batavo para a Perdigão no total de R$ 101 milhões.

A companhia voltou para o radar no ano passado, quando comprou uma grife de alto luxo de São Paulo, a Daslu, por R$ 65 milhões. No ano de 2005, a maior marca de luxo do Brasil foi alvo de mandados de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal e Receita Federal por sonegação de impostos, entre outras acusações.

A Laep, fundada em 1994, já investiu em seis empresas de alimentos e varejo, incluindo a GDC Alimentos e a Camil Alimentos, no Brasil; e a Eurocash, na Polônia. Em 2006, assumiu o controle da Parmalat no Brasil depois de se comprometer a pagar uma dívida de US$ 50 milhões. Em outubro de 2007, a companhia captou R$ 507,6 milhões com uma abertura de capital.