Antiga Hypermarcas avalia firmar acordo de leniência com a PGR

A empresa, que foi criada para ser uma "Unilever brasileira" e já foi dona de marcas como Monange, teve seu nome envolvido pela primeira vez na Operação Lava Jato em junho de 2015

Estadão Conteúdo

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A Hypera (antiga Hypermarcas) está avaliando fazer um acordo de leniência com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo apurou o Estadão, as conversas ainda estão no começo. Uma fonte ligada ao empresário João Alves Queiroz Filho, controlador da companhia, afirmou que ele estaria consultando advogados para possível negociação do acordo – uma delação premiada de pessoas jurídicas, que admitem irregularidades e colaboram com a Justiça em troca de redução de penas.

A empresa, que foi criada para ser uma “Unilever brasileira” e já foi dona de marcas como Monange, teve seu nome envolvido pela primeira vez na Operação Lava Jato em junho de 2015, depois que o Estado revelou trechos do acordo de colaboração do ex-diretor de relações institucionais do grupo, Nelson Mello. Segundo o ex-diretor, a empresa teria repassado cerca de R$ 30 milhões para parlamentares do MDB por meio dos operadores Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra – os dois estão, atualmente, presos.

Os repasses teriam como finalidade garantir a atuação desses políticos em temas de interesses da empresa no Congresso. Na versão de Mello, a iniciativa e toda a responsabilidade sobre os pagamentos ilícitos eram dele e a empresa não tinha conhecimento das transações. O executivo chegou a afirmar que reembolsou a empresa por todos os pagamentos.

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Em seu acordo de delação premiada, Funaro afirmou que, além de Mello, Queiroz seria seu interlocutor na empresa. Ainda segundo Funaro, uma das Medidas Provisórias (MPs) pelas quais recebeu valores para atuar em favor da Hypermarcas “tinha o intuito de facilitar as transações imobiliárias de Queiroz, feitas através da empresa Stan Empreendimentos Imobiliários”.

Nesta quinta-feira, 26, durante reunião dos acionistas, a companhia vai debater a saída de Claudio Bergamo, presidente do grupo, e de João Alves Queiroz Filho, maior sócio do grupo, do dia a dia dos negócios. Essa decisão, segundo fonte ligada a Junior, como o dono da Hypera é conhecido no mercado, já faria parte de um possível acordo com a PGR. O atual diretor de finanças do grupo, Breno Oliveira, está cotado para assumir o lugar de Bergamo. Procurada, a Hypera informou que não comenta rumores de mercado. A saída do executivo e do acionista começou a ser discutida nas últimas semanas, conforme informou o Estado.

Finanças

Também está prevista para hoje a divulgação dos resultados financeiros da companhia no primeiro trimestre. No ano passado, a Hypera faturou R$ 3,6 bilhões. Nos últimos anos, após um longo processo de reestruturação de dívidas, a empresa foi vendendo ativos de higiene e beleza (como Monange, Risqué e Assolan) e do setor de alimentos (como a Etti e Salsaretti). Desde o ano passado, a companhia atua somente como produtora de medicamentos e é vice-líder do segmento.

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A situação da Hypera se complicou mais a partir do dia 10 de abril, quando a Polícia Federal foi na casa de Junior e de Bergamo em busca de novos documentos que possam acrescentar evidências no processo que envolve Mello. A operação foi batizada de Tira-Teima, porque teve entre seus objetivos coletar provas sobre a possível omissão de Mello.

As conversas iniciais para o acordo de leniência com a PGR incluiriam revelar quais seriam essas “omissões”, segundo uma fonte ligada ao empresário. Chamado para depor pela PGR, no segundo semestre de 2017, Queiroz Filho disse que Mello fez tudo sozinho e que “nenhum diretor participou dessas contratações” fraudulentas. Junior já teria consultado seu advogado José Luiz Oliveira, o Juca, nos últimos dias. Oliveira não foi encontrado. A PGR não comenta. Se optar pelo acordo, a PGR, que investiga a antiga Hypermarcas, vai encaminhar a negociação para a primeira instância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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