Após pedido de falência, mais credores entram na Justiça contra Gradiente; BB está na lista

Na semana passada, SportPro protocolou petição requerendo pedido de falência da empresa; agora, BB, Banco Fibria e IBS também pedem esclarecimentos para companhia

Paula Barra

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SÃO PAULO – A IGB Eletronica (IGBR3), dona da marca Gradiente, vem sendo alvo de diversos processos de credores da empresa nos últimos dias por não concordarem com a prorrogação do prazo para pagamento das dívidas estipulados no plano de recuperação judicial. 

Além do pedido de falência da SportPro, credora da Gradiente, que teve petição protocolada na 2ª Vara de Falência e Recuperação Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo, o Portal InfoMoney teve acesso a novos processos de credores da companhia, entre eles o Banco do Brasil (BBAS3) e Banco Fibria, que também pedem esclarecimentos sobre o adiamento do prazo de pagamento.

Em 5 de julho, o Banco do Brasil protocolou petição requerendo que a companhia seja intimada a juntar seus documentos contábeis que demonstrem a ausência da capacidade de pagamento e justifiquem o pedido de prorrogação do prazo para pagamento da primeira parcela do plano. Dentro os documentos, a empresa deverá apresentar balanço anual dos exercícios fiscais de 2011 e 2012, balancetes, projeções de faturamento e demais demonstrações financeiras.

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O argumento do banco é que a Gradiente obteve lucro líquido de R$ 176,8 milhões no ano passado, informação que esta que “não foi comunicada, tampouco aos credores”, ao passo que justificou a prorrogação do prazo do pagamento dos credores por não ter atingido performance financeira mínima necessária. 

Diante disso, o banco expôs, em petição, que a empresa não primou pela transparência na relação com seus credores, demonstrando “absoluto descaso da recuperanda”.

Petição similar foi enviada à Justiça pelos credores Banco Fibria e IBS Integrated Business Solutions Consultoria nos dias 10 de julho e 5 de julho, respectivamente. 

No fim da semana passada, o Portal InfoMoney divulgou que a SportPro envio à Justiça petição na qual expôs que “se de fato a recuperanda (Gradiente) não conseguiu honrar com suas obrigações no prazo por ela mesmo estipulado e por ela mesma já prorrogado duas vezes em seus aditamentos, vindo judicialmente ‘comunicar’ aos credores nova prorrogação dos pagamentos sob a alegação de que não teria atingido níveis mínimos de caixa e indicadores de performance, é porque de fato não tem e não terá condições de honrar seus compromissos devendo ser decretada sua falência”. A empresa move dois processos contra a Gradiente pelo não pagamento de dívidas no montante de R$ 7,5 milhões.

A SportPro alega que a falência deve ser decretada depois de dois aditamentos e deixando a Gradiente de cumprir o prazo estabelecido na obrigação assumida pelo plano de recuperação. Procurada pelo InfoMoney desde o começo da semana, a assessoria de imprensa da IGB Eletrônica ainda não deu um posicionamento sobre o caso ao passo que aguarda retorno do departamento jurídico da empresa. Já a SportPro não foi encontrada para comentar o assunto.

Por meio de fato relevante, a IGB informou no dia 21 de junho deste ano, a atualização do plano de negócios da CBTD, “ajustando-o em razão da permanente evolução do setor e mutação no cenário de concorrência”. Com isso, a companhia comunicou aos seus credores, no âmbito do plano de recuperação extrajudicial, a prorrogação, por 365 dias, dos prazos fixados para o pagamento.

O processo movido pela empresa requer o arresto de bens, que incluem a marca IPHONE e o valor da ação contra Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). A SportPro aponta que a Gradiente teria afirmado que teria créditos advindos de uma ação contra a Suframa, contudo, a empresa em nenhum momento afirma que pagará seus credores com tais créditos. A SportPro agora aguarda pela resposta do juiz sobre o pedido de falência.

Depois de suspenso por seis meses, a pedido das partes, o litígio judicial entre a Apple e a Gradiente em torno da marca IPHONE voltou a andar, conforme informou a coluna Radar, da Veja, na última sexta-feira (12). Numa decisão tomada na semana passada, a Justiça de São Paulo rejeitou a tutela antecipada pedida pela Gradiente (que, na prática, faria a Apple suspender imediatamente a venda dos iPhones no Brasil). Entretanto, viu fundamento na discussão de uma indenização a ser paga à Gradiente.

Desde a última sexta-feira (12), quando tornou-se público o processo, os papéis da Gradiente caíram mais de 10%. Nesta sessão, as ações registravam queda de 2,24% às 16h42 (horário de Brasília), sendo cotadas a R$ 6,10. 

Entenda o caso
A Gradiente, que já foi a maior fabricante brasileira de eletrônicos, entrou em uma grave crise financeira em 2007, quando paralisou duas fábricas e as vendas no mercado.

A companhia lançou um plano de recuperação judicial em 2008 e o processo de recuperação extrajudicial foi aprovado em 2010. Na ocasião, para levantar recursos, a Gradiente arrendou seus ativos – incluindo a marca e instalações industriais – à CBTD (Companhia Brasileira de Tecnologia Digital). 

Outro lado
Apesar de a Gradiente não se manifestar sobre o pedido de falência, um acionista da empresa procurou o InfoMoney para esclarecer que mais de 70% dos credores aprovaram a proposta da Gradiente de adiar o pagamento dos crédito devidos. Os aditamentos também foram aprovados pelo juiz responsável por analisar o plano de recuperação da empresa.