Eletrobras cai 10% após Barclays recomendar venda com preço-alvo de R$ 1

Novas regras para as concessões podem cortar em 30% a receita líquida da estatal no próximo ano, dizem analistas

Nara Faria

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Atualizada às 15h25 (horário de Brasília)

SÃO PAULO – Após liderarem as perdas no Ibovespa na semana passada, as ações de companhias do setor elétrico continuam a chamar a atenção no pregão desta segunda-feira (19), que antecede o feriado no Brasil.

O destaque entre as perdas fica para as ações da Eletreobras (ELET3,ELET6) que lideram as perdas pelo principal benchmark brasileiro, após o Barclays reduzir a classificação das ações da estatal para venda e cortar sua estimativa de preço para R$ 1, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira.

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Às 14h58 (horário de Brasília) os papéis ELET6 registraram quedas de 10,09%, sendo negociadas a R$ 10,43, enquanto as ações ELET3 recuavam 6,70%, cotadas a R$ 8,63. As ações da Cesp (CESP6, R$ 15,84, -1,00%) aparecem na sequência das quedas.

Outras elétricas também chegaram a cair forte, mas já iniciam um movimento de recuperação: Light (LIGT3, R$ 22,12, -0,36%), Copel (CPLE6, R$ 27,32,+0,52%) e Transmissão Paulista (TRPL4, R$ 31,85, +0,85) apareciam entre as maiores quedas no Ibovespa na manhã.

A equipe de análise do Barclays estima que as novas regras para as concessões podem cortar em 30% a receita líquida da Eletrobras no próximo ano, o que reduz sua capacidade de distribuir dividendos e pode levar a uma substancial oferta de ações. Apesar dessa destruição de valor, a empresa, controlada pelo Governo, deve aceitar os termos, ao contrário das outras companhias do setor com exposição, escrevem.

A estatal tinha ambição de crescer rapidamente, até mesmo fora do País, mas com o pacote de energia recém-anunciado pelo governo a empresa terá perdas bilionárias.

Por conta da redução da tarifa de energia relativa às concessões renovadas antecipadamente, a Eletrobras vai perder R$ 20 bilhões entre 2013 e 2017, segundo cálculo do Instituto Acende Brasil. Esta é a diferença entre o quanto a empresa teria de receita com a continuidade do contrato até 2017 nas condições anteriores e o quanto passará a receber pelo megawatt-hora a partir de 2014, caso opte pela renovação. A companhia informou ainda que lucrou R$ 1 bilhão no terceiro trimestre de 2012, uma queda de 35,91% frente ao que havia sido registrado no mesmo trimestre do ano passado.

Ebitda próximo de zero
O diretor de relações com investidores da Eletrobras, Armando Casado de Araújo, afirmou em teleconferência de análise de resultados do terceiro trimestre que em consequência do processo de renovação das concessões de energia elétrica com vencimento previsto a partir de 2015, o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) deve zerar no ano de 2013

O diretor de RI afirmou ainda que a companhia terá que passar por um processo de reformulação para se adequar às novas regras impostas pela Medida Provisória 579. Para isso, o diretor de RI prevê a intensificação do programa de redução de custos, o que inclui a continuidade do programa de demissões.