Como Analisar o Mercado de Ações

Como Analisar o Mercado de Ações

Equipe InfoMoney

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Um dos fatores determinantes do sucesso dos melhores investidores no mercado de ações é a capacidade de analisar as ações de forma apropriada, o que lhes permite entrar e sair do mercado no momento certo.

A partir do momento em que seu perfil de investidor está definido (após analisar sua situação financeira e patrimonial, quanto risco você está disposto a correr, qual prazo você pode investir e qual seu objetivo de rentabilidade) você já está pronto para analisar os vários fatores que afetam o comportamento das ações.

De forma genérica, podemos dizer que a análise deve ser baseada em uma série de variáveis, não se restringindo somente à situação atual, mas também tirando lições do comportamento passado das ações e tentando chegar a um consenso quanto ao desempenho futuro da empresa. Desta forma, a análise se baseará em dados passados, presentes e futuros, com o objetivo de determinar quais as perspectivas da empresa.

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Como analisar ações

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–> Metodologias ou “Escolas” de Análise do Mercado de Ações
Existem duas correntes ou “escolas” básicas de análise do mercado de ações:

Para entender melhor o que cada tipo de análise propõe, vale a pena traçar um paralelo com um mercado que você talvez conheça melhor, o mercado de imóveis. Uma descrição mais detalhada pode ser acompanhada na próxima seção.

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Análise Financeira: Verifique a qualidade do prédio antes de comprá-lo!
Você não compraria um imóvel sem antes checar fatores como sua localização, área útil, área construída, qualidade da planta, padrão de acabamento, áreas de lazer, garagens, etc. Em conjunto essas variáveis define se o imóvel que você quer comprar é de qualidade ou não, sem levar consideração o fator preço.

Da mesma forma, a análise financeira ajuda a determinar a qualidade de uma empresa. A análise financeira baseia-se, sobretudo, no acompanhamento dos demonstrativos financeiros da empresa para determinar a sua posição financeira atual, assim como desempenho futuro. Assim, analisar os demonstrativos financeiros da empresa equivale a estudar a planta do seu imóvel.

A planta pode não garantir que a construção vai ser perfeita, mas pode trazer mais segurança; porém se há problemas com a planta, então você pode ter quase certeza que ocorrerão vazamentos, trincas, etc.

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Da mesma forma os demonstrativos financeiros não garantem o desempenho futuro da empresa, mas podem dar uma segurança quanto a sua capitalização, capacidade de gerar lucros, etc.. Em contrapartida, se as coisas não vão bem, é bem provável que você seja capaz de identificá-los no demonstrativo da empresa.

Análise Fundamentalista: Será que o imóvel dos seus sonhos está caro?
Uma vez que você esteja satisfeito com a qualidade do imóvel de seu interesse, então a segunda pergunta a fazer é: o vendedor está pedindo um preço justo pelo número de quartos? ou pela área útil? número de banheiros? Pelo número de vagas na garagem? ou talvez pelo padrão de acabamento?

Para tal, você deve comparar o imóvel que está analisando com imóveis similares no mercado. A análise de imóveis similares dá condições para você determinar se o preço que está sendo pedido é justo ou não. O mesmo ocorre com a análise fundamentalista. Para determinar o preço justo para as ações da empresa a análise fundamentalista baseia-se em previsões ou múltiplos de mercado de ações de empresas similares.

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Os múltiplos de mercado são calculados dividindo variáveis como valor de mercado da empresa por uma série de indicadores presentes nos demonstrativos financeiros, como valor patrimonial, lucro estimado, fluxo de caixa. Estes múltiplos são equivalentes aos que você calculou para o seu imóvel: Preço/Quartos, Preço/Vagas, Preço/Área etc.

Assim como no exemplo do imóvel, você deve comparar os múltiplos de mercado da empresa com os múltiplos de empresas similares. Por empresas similares entendemos empresas que atuem no mesmo segmento de mercado (estejam no mesmo bairro), tenham rentabilidade comparável (mesmo número de quartos), etc. A comparação entre os múltiplos de empresas é chamando Análise Comparativa, no caso das empresas pertencerem ao mesmo setor chamamos de Análise Setorial.

Análise Técnica (ou Gráfica): Quanto esse imóvel custava há alguns anos?
Se você estiver satisfeito com a qualidade (análise financeira) e o preço relativo (análise fundamentalista) do seu imóvel, a última pergunta que você deve se fazer é: os níveis de preço atual para esse tipo de imóvel estão em linha com patamares históricos? Se o preço do seu imóvel estiver bem abaixo do preço médio dos últimos cinco anos, isto pode indicar que é um bom momento para compra. Já um preço muito acima da média pode indicar que seja melhor esperar um pouco antes de comprar (venda).

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A análise técnica baseia-se no princípio de que os preços de ações se movem em tendências persistentes ao longo do tempo. Ou seja, os preços e volumes históricos de uma ação influenciam as flutuações futuras, de forma que uma vez determinada à tendência, é possível saber qual o melhor momento para comprar ou vender uma ação.

Agora que você já entendeu as diferenças e princípios básicos por trás das escolas financeira, fundamentalista e técnica, vale a pena analisar em detalhe a descrição das principais variáveis utilizadas para análise.

Análise Financeira Nessa seção vamos entrar em maior detalhe no que são demonstrativos financeiros e quais os indicadores mais utilizados por analistas e investidores.

Demonstrativos Financeiros
Os principais demonstrativos financeiros de uma empresa são: Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Origens e Recursos.

Balanço patrimonial
É uma das principais demonstrações financeiras e mostra o que a empresa possui (ativos), o quanto deve (passivos), e quanto capital os acionistas investiram na empresa (patrimônio líquido). O balanço é composto por estes três itens (ativo, passivo e o patrimônio líquido) e a soma de passivo e patrimônio líquido deve ser sempre igual ao ativo.

Pode-se dizer que o balanço patrimonial apresenta uma “fotografia” da empresa em uma determinada data (normalmente os balanços são emitidos trimestralmente), ou seja, o balanço do primeiro trimestre apresenta os valores correspondentes a cada conta (ativo, passivo e patrimônio líquido) no último dia deste período (31 de março).

Ativo – O ativo representa todos os itens ou bens da empresa que são usados nas suas atividades, sejam elas quais for. Podem ser citados como componentes do ativo de uma empresa: caixa, estoques, créditos, imóveis, equipamentos, investimentos, etc.

Passivo e Patrimônio Líquido – Para adquirir cada um dos bens que compõem o ativo, a empresa precisa se financiar. De maneira geral, pode-se dizer que patrimônio líquido eqüivale à parte do financiamento feita por acionistas, enquanto que o passivo é igual à parte feita por terceiros. Quando utilizamos a expressão financiamento para descrever o passivo e patrimônio líquido, isso não que dizer financiamento financeiro.

Apesar de nem todos serem financeiros, todos os itens do passivo são, de uma forma ou de outra, um financiamento, pois correspondem a obrigações que a empresa tem com terceiros e que ainda não foram cumpridas (ex. impostos a pagar, etc.). Isso esclarece porque o ativo sempre se iguala à soma do patrimônio líquido e do passivo.

Demonstrativo de resultados
Esse demonstrativo detalha e quantifica o que a empresa recebe (receitas), o quanto gasta (despesas) e o resultado líquido dessas operações (lucro ou prejuízo) em um determinado intervalo de tempo.

Com base na análise do lucro ou prejuízo da empresa, o empresário pode estimar o quanto pode retirar da companhia, ou, em caso de prejuízo, o quanto precisa investir para equilibrar o seu caixa. Pode-se dizer que o demonstrativo de resultados é organizado de acordo com o processo de produção da empresa, como ilustrado abaixo:

  • + Receitas brutas da empresa: o que a empresa recebe pelos produtos que vende.
  • Custo de produtos vendidos: despesas diretamente ligadas à produção (matérias primas, custo de energia, etc.)
  • Despesas gerais e administrativas: despesas indiretamente ligadas à produção (gastos com funcionários, despesas administrativas e de vendas).
  • Despesas financeiras líquidas: juros relacionados à dívida que a empresa levanta para financiar suas atividades
  • = Resultado operacional: lucro/perda gerado pelas atividades (ou operações) da empresa
  • + Resultado não operacional: soma das receitas e despesas não diretamente vinculadas às atividades da empresa, tais como ganhos ou perdas na compra de ativos ou venda de ativos.
  • = Lucro ou prejuízo antes de impostos
  • Impostos e contribuições pagas: equivale a deduções de imposto de renda, etc.
  • = Lucro líquido: é igual aos ganhos ou perdas líquidas da empresa no exercício, é a parcela do lucro disponível aos acionistas. Dependendo da política da empresa, ela pode reinvestir os lucros nas suas atividades ou distribuir parte destes lucros na forma de dividendos aos acionistas.

Ao contrário do balanço, que representa uma fotografia das atividades da empresa em uma data específica, o demonstrativo de resultados traz o quadro das atividades durante o período a que se refere. Ou seja, o demonstrativo de resultados do primeiro trimestre traz o resultado acumulado no trimestre (a conta receitas, por exemplo, traz todas as vendas executadas durante todo o trimestre, e não somente no último dia do trimestre).

Outras demonstrações financeiras

Fluxo de caixa
No Brasil a demonstração de fluxo de caixa é conhecida pela sigla DOAR, que significa Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Assim, fica fácil entender a utilidade do fluxo de caixa, que serve para identificar a forma na qual a empresa está gerando recursos (origens) e a forma como ela está utilizando esses recursos (aplicações).

  • Origens de recursos: uma empresa tem várias origens para os recursos que possui em caixa. Algumas destas origens podem ser operacionais, resultado das atividades da empresa, esse é o caso, por exemplo, do lucro/prejuízo líquido do período, da redução de estoques, do atraso no pagamento de fornecedores etc. Outras origens podem ser financeiras, como por exemplo, o levantamento de novas dívidas, novos investimentos de capital por parte dos sócios etc.
  • Aplicações de recursos: o mesmo raciocínio pode ser aplicado para a forma com que a empresa aplica seus recursos. Uma empresa pode aplicar os seus recursos na sua atividade operacional, o que inclui, por exemplo, os gastos com a compra de estoques, compra de máquinas, pagamento de fornecedores, aumento das vendas a prazo etc. Ou ela pode usar esses mesmos recursos para fins financeiros, como, por exemplo, quitação de dívidas, pagamento de dividendos aos sócios etc.

Em termos simplificados, pode ser dito que, quando as origens, ou seja, os recursos obtidos pela empresa, superam as suas aplicações, o caixa da empresa aumenta. Por outro lado, se a empresa tem aplicações maiores do que as origens em um determinado período de tempo, então nesse mesmo período o seu caixa diminui.

Diferença entre Demonstrativo de Resultados e Fluxo de Caixa
Mas qual a diferença entre o demonstrativo de resultados e o fluxo de caixa de uma empresa? Afinal, de maneira simplificada, ambos medem o quanto esta empresa recebeu e gastou em um determinado período. A diferença é que, enquanto o demonstrativo de resultados dá uma idéia do lucro ou prejuízo da empresa, o fluxo de caixa dá uma idéia de como esses resultados estão efetivamente refletindo no caixa da empresa.

Assim, a diferença entre eles é composta pelas despesas que não representam desembolso de caixa. Pois é, por mais estranho que pareça a princípio, algumas despesas servem para abater o lucro que a empresa obtém antes do pagamento de impostos (lucro tributável*), mas não têm efetivamente um impacto no caixa da empresa.

Esse é o caso, por exemplo, das despesas com a depreciação de equipamentos, que não afetam o caixa da empresa, mas reduzem o lucro tributável, assim como o valor dos ativos desta empresa. Portanto, a diferença entre as duas demonstrações é que estas despesas estão incluídas no demonstrativo de resultado, mas não no fluxo de caixa da empresa.

Outras demonstrações financeiras
Além das demonstrações financeiras discutidas acima existem outras, como é o caso, por exemplo, da Demonstração de Mutações de Patrimônio Líquido.

Agora que você já se sente mais confortável com os conceitos e principais componentes das demonstrações financeiras, vale a pena descrever de forma mais detalhada os principais indicadores e múltiplos utilizados pela análise financeira.

Indicadores Financeiros
Os indicadores financeiros de uma empresa podem ser agrupados em quatro categorias:

Indicadores de Rentabilidade: permitem avaliar os lucros da empresa em relação a um dado nível de vendas, ativos, e capital investido. A análise vertical (exibição dos itens do demonstrativo como porcentagem de vendas) é particularmente útil na comparação do desempenho de uma empresa entre períodos diversos. Os indicadores mais utilizados são retorno sobre patrimônio liquido, retorno sobre ativos e retorno sobre vendas (ou margem líquida).

  • Margem Operacional. Determina a porcentagem de cada real de venda que restou após a dedução de todas as despesas, à exceção do imposto de renda. É definida como resultado operacional dividido pela receita líquida de vendas. Caso uma empresa tenha um resultado operacional de R$ 10 milhões e vendas de R$ 100 milhões, a margem operacional será 10%, ou seja, a empresa ganhou R$10,00 (antes de imposto) para cada R$ 100,00 vendidos.
  • Margem EBITDA. Em geral, os analistas preferem essa medida ao invés da margem operacional, pois exclui despesas financeiras e depreciação. O EBITDA ou LAJIDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é visto como uma aproximação do impacto das vendas no caixa da empresa, de forma que a margem EBITDA dá uma idéia de retorno em termos de dinheiro em caixa.
  • Margem Líquida: Determina a porcentagem de cada real de vendas que restou após a dedução de todas as despesas, inclusive o imposto de renda. É definida como lucro líquido dividido pela receita líquida de vendas. Funciona de forma semelhante à margem operacional, porém, neste caso, utiliza o lucro líquido, já incluído o que foi pago em impostos.
  • Retorno sobre Patrimônio: Mede o retorno para os acionistas do capital investido na empresa (calculado como lucro líquido/patrimônio líquido). Por exemplo, um lucro de R$ 20 milhões para empresa de R$ 100 milhões de patrimônio significa um retorno de 20% sobre o capital investido pelos acionistas. Esse retorno pode ser comparado com o de outras empresas (do mesmo setor), ou de outros investimentos (ex. poupança, renda fixa etc.).

Indicadores de Estrutura de Capital: permitem analisar a posição de endividamento (quanto de capital de terceiros está sendo usado para financiar a empresa), capacidade da empresa em gerar caixa suficiente para pagar os juros e principal de suas dívidas (cobertura de juros), e/ou garantir o crescimento sustentado de suas atividades (taxa de retenção).

  • Endividamento Total/ Patrimônio: expressa a relação entre o que a empresa deve a terceiros e o que foi investido pelos acionistas. Um índice elevado pode dificultar o levantamento de novos financiamentos, ou pressionar a capacidade de geração de caixa da empresa (já que grande parte do lucro será usada para pagar juros e principal de dívidas assumidas).
  • Cobertura de juros: mede a capacidade da empresa de pagar os juros contratuais da sua dívida sem comprometer a sua geração de caixa. Às vezes, uma empresa possui um endividamento alto, mas a sua cobertura de juros é muito boa. Nesse caso o alto endividamento pode ser resultado da estratégia da empresa em buscar formas mais baratas de financiamento.
CobJurB = Lucro antes dos Juros e Impostos (EBIT)
Despesa financeira bruta

Indicadores de Liquidez: medem a capacidade da empresa de satisfazer suas obrigações de curto prazo na data de vencimento, ou seja, refere-se à solvência da situação financeira global da empresa. Os principais indicadores de liquidez são capital circulante, índice de liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral.

  • Liquidez Corrente: indica o quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação ao quanto tem a pagar no mesmo período. É definido como ativo circulante dividido pelo passivo circulante. Em geral, espera-se que esse indicador esteja acima de 1, pois caso contrário, a empresa pode ter dificuldades para pagar suas obrigações de curto prazo.

Indicadores de Atividade: são usados para medir a rapidez com que várias contas da empresa são convertidas em vendas ou caixa. Entre os indicadores mais utilizados estão: giro de caixa, giro de estoques, e período médio de cobrança.

  • Giro de Caixa em geral, quando o índice de liquidez corrente de uma empresa é baixo, isso significa que o giro de caixa é alto, ou seja, o dinheiro que a empresa recebe pelas suas mercadorias vendidas é rapidamente usado para financiar suas atividades.

Assim como muitos dos índices aqui discutidos, recomendamos comparar o índice da empresa com o de outras empresas do setor onde atua. Os índices financeiros podem variar de setor para setor ou de acordo com as condições conjunturais (taxa de juro, crescimento da economia, etc.).

Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista adiciona o componente preço aos indicadores financeiros da empresa. Isso porque os múltiplos de mercado em que se baseia são calculados como a relação entre o valor de mercado da empresa e elementos dos demonstrativos financeiros. Os indicadores fundamentalistas mais utilizados por analistas são: P/VPA, P/LPA, VE/EBITDA, e Dividend yield.

Valor de Mercado:
É calculado multiplicando-se a quantidade total de ações pelo último preço, ou seja, equivale a quanto a empresa vale na ótica do mercado. Vale lembrar que o valor de mercado não equivale ao preço de compra de 100% das ações. Isso porque o preço usado no cálculo reflete o último negócio concluído, que pode ser bem diferente das expectativas de preço dos demais acionistas da empresa.

No caso de uma empresa com várias classes de ações (ON, PN, etc.), o valor de mercado da companhia é obtido pela soma do valor de mercado de cada classe de ações.

  • Preço/Valor Patrimonial por Ação (P/VPA): indica quanto o mercado paga para cada real que os acionistas investiram na empresa. Por exemplo, se o P/VPA da companhia é 1,5, isso significa que o mercado está disposto a pagar R$ 1,5 por cada R$ 1 que os acionistas investiram na empresa. O mesmo raciocínio vale para P/VPA inferiores a 1, nesse caso o mercado aplica um desconto no capital investido pelos acionistas.
  • Preço/Lucro Líquido por ação (P/LPA): expressa o valor de mercado da empresa em termos de seu lucro líquido. Assim como o P/VPA, quanto maior o indicador mais cara a ação está em relação a sua geração de lucro, e vice-versa no caso de um indicador menor. Novamente, é recomendável fazer uma análise comparativa do P/LPA da empresa com o de outras companhias do mesmo setor.
  • Dividend Yield (ou retorno de dividendos): é calculado como a divisão entre o dividendo pago por ação em um determinado período, geralmente 12 meses, e a última cotação da ação. Empresas que possuem um dividend yield alto tendem a ser as escolhidas por investidores que preferem retorno garantido a ganhos de capital.

Valor da Empresa:
É calculado como a soma entre o valor de mercado e a dívida líquida da empresa, e reflete o valor total da empresa, ou seja, o capital próprio (acionistas) e o de terceiros (dívida líquida). Em geral, o valor da empresa é usado no cálculo de índices relativos a Vendas, EBIT e EBITDA (todos eles representam fluxos disponíveis a acionistas e credores).

  • VE/EBITDA: o EBITDA é uma medida aproximada do fluxo de caixa operacional da empresa, pois exclui depreciação e despesas financeiras. Esse múltiplo relaciona o valor da empresa com a sua capacidade de geração de caixa (fluxo de caixa). Esse múltiplo não se aplica a empresas financeiras, pois para essas companhias endividamento financeiro (e despesas financeiras) faz parte de suas atividades normais.

Para saber se o indicador fundamentalista de uma empresa está alto (empresa está cara no mercado) ou baixo (empresa está barata no mercado) é necessário analisar o desempenho do indicador dessa empresa historicamente e, com relação ao de companhias do mesmo setor.

Mas atenção! Uma empresa não está necessariamente barata (ou cara), simplesmente porque seus indicadores fundamentalistas estão abaixo (ou acima) da média das empresas do mesmo setor! A liquidez da ação, estrutura de capital, capacidade de geração de caixa, capacidade dos executivos podem explicar essa avaliação.

Análise Técnica

A análise técnica não está preocupada em analisar os fundamentos da empresa, tal como desempenho financeiro, endividamento ou expectativa de lucros, mas seu foco está centrado no comportamento dos preços de suas ações. Seu princípio básico é o de que a cotação de uma ação segue padrões e tendências que se repetem, ou seja, a cotação atual de uma ação é influenciada pela média histórica de cotações, sempre observando de perto o indicador de volume.

A maioria dos indicadores técnicos utiliza uma combinação de médias para seu cálculo, normalmente uma média de curto prazo e uma média de longo prazo. A análise do volume negociado é fundamental, já a maioria das mudanças de tendências (de alta para baixa, ou vice versa) somente ocorre quando existe um grande volume de negócios.

Exemplo: Estudo das Ações Preferenciais da Petrobrás

Os dois gráficos abaixo ilustram o comportamento das cotações e do volume negociado das ações preferenciais da Petrobrás (PETR4) em um período determinado de tempo. Cada número no eixo horizontal do gráfico representa um mês (1=janeiro, 2=fevereiro, 3=março, etc.).

Você pode observar que em várias ocasiões a reversão de tendência (ação estava caindo e passou a subir e vice-versa) ocorre quando a ação foi negociada com grande volume (meados de janeiro e fim de abril, por exemplo).

Suporte e Resistência
São dois conceitos muito utilizados na análise técnica.

  • Suporte: nível de cotações onde existem muitos investidores que estão dispostos a comprar a este preço, evitando que os preços caiam ainda mais. Analisando o gráfico abaixo podemos observar um nível de suporte em torno de 230 entre abril e agosto (veja no primeiro gráfico, entre 04 e 09).
  • Resistência é o contrário, ou seja, um nível de cotações onde existem muitos vendedores dispostos a vender a este preço, evitando que os preços subam mais. No mesmo período de abril a agosto, podemos observar um nível de resistência em torno de 275.

Gráfico 1: Cotação
Gráfico 2: Volume

Outros indicadores muitos utilizados em análise técnica são: MACD, Estocástico e Índice de Força Relativa.

  • MACD: indica a diferença entre as expectativas de curto e de longo prazo e é calculado utilizando médias das cotações. A regra básica do MACD é vender se o MACD (linha vermelha no gráfico) cai abaixo da média de 9 dias (linha azul no gráfico) e comprar, quando o MACD passa acima da mesma linha.

Gráfico 3: MACD

  • Estocástico (STK): também se utiliza de médias históricas. De acordo com o STK, poderá ser um bom ponto de compra de uma ação, quando o STK estiver aumentando em relação ao dia anterior, principalmente se seu valor for menor do que 20. Da mesma forma, poderá ser um bom ponto de venda, quando o STK estiver diminuindo em relação ao dia anterior, principalmente se seu valor for maior do que 80. A linha vermelha do gráfico representa uma média de curto prazo, enquanto a linha azul representa uma média de longo prazo.

Gráfico 4: Estocástico

  • Índice de Força Relativa (IFR): de acordo com o IFR, poderá ser um bom ponto de compra de uma ação, quando o IFR estiver aumentando em relação ao dia anterior, principalmente se seu valor for menor do que 30. Da mesma forma, poderá ser um bom ponto de venda de uma ação, quando o IFR estiver diminuindo em relação ao dia anterior, principalmente se seu valor for maior do que 70.

Gráfico 5: IFR