Situação da CPFL é bastante diferente da Cemig, afirma diretor de RI

Eduardo Takeiti contesta valores usados pela Abrace para revisão da base de ativos e espera que remuneração seja de R$ 3,3 bilhões

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “A situação da CPFL (CPFE3) é bastante distinta em relação à Cemig (CMIG4)”, afirmou o diretor de relações com investidores da CPFL Energia, Eduardo Takeiti em entrevista ao Portal InfoMoney, em meio às discussões sobre a base de ativos da companhia, que levou as ações CPFE3 a liderarem as perdas do Ibovespa nesta sessão. Entretanto, após caírem 2,79%, os papéis da companhia diminuíram as perdas, passando para baixa de 0,96%, a R$ 20,60, às 12h45 (horário de Brasília). 

queda das ações da companhia no início desta quarta-feira se deu em meio aos temores do mercado de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) contestasse o valor da remuneração dos ativos. Isso após a revisão surpresa da Cemig vir bem abaixo do esperado na última semana, que levou a ação a cair 13,25% em apenas um pregão. 

Isso porque a Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres) contestou os valores da revisão de ativos, afirmando que a companhia teria aumentado o valor de seus investimentos considerado para definir as contas de luz. Segundo a associação, a revisão, que seria de R$ 3,26 bilhões, passaria para R$ 2,55 bilhões, valor 21,7% menor do que o originalmente proposto pela Aneel.

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Contestação dos valores
Entretanto, Takeiti contesta os valores usados como base para a Abrace para fazer a remuneração dos ativos. Em relatório, a associação ressaltou que a CPFL investiu R$ 1,8 bilhão entre 2008 e 2012. “Contudo, os nossos cálculos apontam para investimentos de R$ 2,4 bilhões no período, sem levar em conta a inflação. Com o ajuste inflacionário, os valores passariam para R$ 2,7 bilhões”.

O executivo da CPFL ressalta que este valor é o compatível com os R$ 2,66 bilhões da nota técnica preliminar da Aneel para os investimentos totais da companhia, o que converge com a remuneração de R$ 3,26 bilhões da base de ativos. Nos próximos dias, a agência reguladora informou que divulgará um cálculo atualizado da base de remuneração líquida da CPFL Paulista. 

“Não sabemos qual foi a base utilizada pela Abrace para fazer os cálculos”, avalia Takeiti. Entretanto, ele atribui que os temores do mercado aumentaram em meio aos cálculos coincidentes dos valores estipulados pela Abrace para a remuneração dos ativos da Cemig com os valores oficiais estabelecidos pela Aneel. Vale lembrar que o valor, estipulado para a companhia mineira também foi contestado por analistas de mercado.

Com isso, Takeiti destaca que está em contato com a agência reguladora e que não espera surpresas para a revisão de ativos. “A contestação é normal e saudável no mercado e é importante que ela aconteça. Entretanto, contestamos como a Abrace calcula esta remuneração, finaliza o diretor de RI. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.