Empresário bilionário, Carlos Wizard fala sobre ser empreendedor: ”é uma questão de visão”

Além de fundador da rede de idiomas Wizard, Carlos também é dono da rede de franquias Mundo Verde, investidor do programa Shark Tank e o responsável por trazer a Taco Bell para o Brasil

Júlia Miozzo

Publicidade

SÃO PAULO – Fundador da rede de idiomas Wizard, dono da rede de franquias Mundo Verde e o investidor do programa Shark Tank são apenas alguns dos títulos que o empresário Carlos Wizard possui. Ele, um dos maiores executivos do país, é responsável por outros projetos de sucesso, como o de ter trazido a rede de fast-food Taco Bell para o Brasil.

Esse posto não foi conquistado com facilidade: Wizard nasceu em uma família humilde de Curitiba, com um pai motorista de caminhão e mãe costureira. Ele aprendeu a falar inglês por conta própria e, por inúmeras atitudes inteligentes que tomou, acabou por tornar-se um bilionário. Sua trajetória representa no que acredita: para ele, o sucesso é uma “questão de visão, atitute e escolhas”

Em entrevista exclusiva para o InfoMoney, Wizard contou sobre seus projetos atuais, sobre o que é indispensável em um realizar um novo investimento e sobre o cenário do empreendedorismo brasileiro.

Continua depois da publicidade

Wizard será um dos palestrantes do evento “100 Graus Ebulição Instantânea”, idealizado por Rafa Prado e que acontece nos dias 20, 21 e 22 deste mês em São Paulo. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.

Confira a entrevista completa a seguir:

IM: O que você considera indispensável para que as pessoas se tornem suas franqueadas?

CW: Existem três características essenciais para que uma pessoa possa se tornar franqueada bem-sucedida, independentemente do tipo de negócio que ela escolher. A identificação com o negócio é a primeira: é necessário gostar da atividade que irá exercer. A segunda é ter o espírito empreendedor, o que significa ter disposição para sempre buscar novidades, criar ofertas, buscar vendas todos os dias. A terceira é a disponibilidade para estar presente no dia a dia da operação. É a presença do franqueado que irá garantir o sucesso do negócio.

IM: Como empreendedor global, quais são as diferenças que você enxerga entre os empreendedores brasileiros e outros? O que eles ainda têm a aprender?

CW: Entendo que o Brasil vem evoluindo como um país que apoia e gera oportunidades para os empreendedores, e percebo claramente que cada vez mais pessoas estão optando por ter um próprio negócio em vez de buscar uma carreira em uma multinacional, por exemplo.

No entanto, ainda temos muito a fazer no sentido de ter um ambiente mais amigável, quando nos comparamos com outros países mais desenvolvidos. É preciso ter mais leis que favoreçam e estimulam o surgimento de novos negócios, mais opções de funding – tanto por parte das instituições financeiras quanto de venture capital -, mais mentoria para aqueles que estão começando.

IM: Você é um dos investidores do “Shark Tank Brasil”. Qual a importância de um programa como esse para o ecossistema de empreendedorismo brasileiro? O reality começou agora porque atingimos certa maturidade nos negócios?

CW: No cenário internacional, o Brasil é apontado por revistas e estudos especializados como um dos países com maior índice de empreendedorismo. Embora o brasileiro tenha esse espírito empreendedor, ainda falta muita orientação e técnica. Acima de tudo, acredito que existe uma carência de compartilhamento de conhecimentos e experiências, seja por meio de cursos online, programas como o “Shark Tank Brasil” ou matérias sobre empreendedorismo na imprensa.

O empreendedor erra muito quando começa. Por isso, temos que diminuir distâncias e facilitar a vida daqueles que estão iniciando. Essa é uma verdadeira missão. Por isso, escrevi o livro “Sonhos não têm limites”. Para compartilhar experiências, modelos de gestão e, acima de tudo, falhas e erros cometidos que podem ser evitados por quem começa novos negócios em um ambiente tão competitivo quanto o nosso.

IM: Como investidor do programa, quais características ou padrões você consegue identificar nos empreendedores brasileiros? Eles apostam em uma “tendência” de negócio?

CW: Hoje, é possível perceber que o empreendedorismo no Brasil tem atraído um número crescente de jovens. Trata-se de uma geração que saí do banco da universidade com o desejo de comandar o seu próprio negócio e disposta a investir em ideias inovadoras. Poderia afirmar que o perfil do empreendedor brasileiro hoje, além de jovem, também é ousado e dinâmico.

IM: Qual o principal conselho que o Carlos de hoje daria a sua versão recém-formada saída da universidade?

CW: Se eu pudesse voltar no tempo e recomeçar, teria a vantagem da experiência acumulada depois de trinta anos empreendendo. Destaco três aspectos. Inicialmente, diria que não é preciso ter tanta pressa para alcançar o sucesso, pois o triunfo sempre acontece com quem está no rumo certo. Muitas vezes, o novo empreendedor fica muito ansioso, angustiado e aflito querendo resultados imediatos. Mas o resultado é um processo. O sucesso precisa passar por várias etapas.

O segundo ponto é que diversifiquei muito meu negócio no começo da carreira. Comecei ensinando inglês, depois espanhol e em seguida francês, italiano, alemão, japonês, chinês. Hoje, descobri que o brasileiro quer mesmo aprender inglês. Os outros são acessórios. E, durante essa diversificação, deixei de concentrar meus investimentos naquele que era o verdadeiro foco do meu negócio.

O terceiro aconteceu principalmente nos meus primeiros anos como empreendedor. Confesso que fazia má gestão financeira dos recursos gerados por minha empresa. Precisei errar por dez anos para me dar conta de que é mais importante guardar e economizar para multiplicar recursos do que saber ganhar dinheiro. Muitos sabem fazer isso, mas gastam muito. Às vezes ficam no negativo e nunca progridem.

IM: O que você procura nos negócios que investe e o que deve ser indispensável nele para que isso aconteça?

CW: No grupo Sforza avaliamos algumas característica na hora de investir em um negócio. Em primeiro lugar se o produto ou serviço que oferece faz parte realmente de uma tendência, ou se trata apenas de um modismo. Também avaliamos o potencial do mercado e se há espaço para crescimento em escala nacional e global. Outro aspecto é a resiliência à crise.

Foi pensando dessa forma que investimos em negócios relacionados a alimentação, saudabilidade, educação e esportes como Mundo Verde, Topper, Rainha, Ronaldo Academy e o próprio Taco Bell.

IM: Além da Taco Bell, existe alguma outra rede de fast food estrangeira que você pretende trazer ao brasil? A longo prazo, qual a previsão de unidades abertas no país? Existe a previsão de abri-las em outros estados brasileiros?

CW: Neste momento estamos focados no desenvolvimento da marca Taco Bell no Brasil e já conseguimos acelerar o cronograma inicial, com seis lojas abertas em três meses de operação – cinco na cidade de São Paulo e uma em Campinas. Nos preparamos para cumprir o plano inicial, que prevê a abertura 25 lojas no estado de São Paulo até 2017. Após essas primeiras, ampliaremos para os outros estados, com o objetivo de alcançar 100 lojas em todo o Brasil até 2020.

IM: Qual é a lição sobre empreendedorismo que você considera mais importante e como pretende transmiti-la no evento Ebulição Instantânea?

CW: Uma das lições de empreendedorismo e de vida que busco passar é que a maneira de pensar, acreditar e agir é determinante na vida e nos negócios. Toda pessoa bem-sucedida encara os desafios sem encontrar desculpas para não seguir em frente com o que sonha.

Algumas pessoas dizem: “não vou abrir meu negócio porque a economia anda mal” ou “há muita concorrência nesse setor” ou “eu não tenho dinheiro para começar o próprio negócio”. Esse com certeza será sempre um assalariado. Já o empreendedor pensa diferente, ele pensa: “se a economia não vai bem, eu vou planejar meu negócio para evitar surpresas” ou “ter concorrência é bom, me faz ser o melhor para atrair mais gente que o concorrente” e também “eu vou começar a economizar desde já para guardar dinheiro para abrir meu próprio negócio”. Tudo é uma questão de visão, atitude e escolhas.

Clique aqui e saiba mais sobre o evento ”100 Graus – Ebulição Instantânea”.