Consultor diz como mudar de carreira na crise; “é como reformar um avião em pleno voo”

De acordo com o consultor de carreira da FGV Emerson Weslei Dias trocar a segurança do emprego pelo risco de abrir um negócio é uma decisão que exige muito cuidado - mas é possível

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO –  O ano de 2016 trouxe muitos desafios para a carreira de diversos profissionais. A crise, as opções de profissões e o desejo de maior liberdade e bem-estar pessoal têm levado um grande número de executivos a deixarem suas carreiras consolidadas para se arriscarem novos negócios.

De acordo com Emerson Weslei Dias, consultor de carreira da FGV, trocar a segurança do emprego pelo risco de abrir um negócio é uma decisão que exige muito cuidado. “Tocar um negócio próprio exige competências diferentes das necessárias para sobreviver no mundo corporativo”, explica. 

Ainda assim, segundo Dias, as pessoas que decidem arriscar tudo e mudar de vida possuem algumas características em comum.

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A primeira é a insatisfação com o trabalho atual por diversos motivos. O segundo fator é o acesso facilitado à tecnologia e crédito. Como exemplo, ele cita o desenvolvimento de um aplicativo, que custa pouco e, se a ideia for boa, o sucesso é rápido. “Hoje em dia temos investidor-anjo, aceleradora de startups, franquias… O leque é grande, bem diferente do cenário de 10, 15 anos atrás”, justifica. 

Segundo ele, em terceiro é que em muitos casos as pessoas estão buscando mais satisfação pessoal do que remuneração. “Vejo um movimento muito forte de querer fazer algo que tenha prazer, dar um significado a sua própria existência, principalmente quem já tem o que precisa do ponto de vista financeiro”, explica.

Mesmo com o todo o entusiasmo e vontade de mudar de vida, o especialista explica que entre as principais dificuldades que um executivo tem em entender e se adaptar à realidade de um empreendedor está a famosa “atitude de dono”.

“Muitos falam, mas poucos sabem o que é isso na prática. O executivo terá que ir ao banco resolver problemas da empresa, atender o cliente, ouvir reclamações, liderar pessoas, montar escalas de trabalho, por exemplo. Deve entender o negócio do início ao fim e não mais ter uma visão segmentada”, explica o consultor de carreira.

 Ele também alerta que esse entusiasmo, típico de quem está começando, pode prejudicar se não for aliado à um bom planejamento. “Muita gente erra ao apostar em uma paixão cega e achar que encontrou a mina de ouro. O negócio não vai para frente sem planejamento e cuidado”, afirma.

Segundo Dias, para sua nova empreitada dar certo, a regra básica é planejar, executar o plano e fazer os ajustes necessários que são descobertos na execução. Além disso, checar os resultados alcançados de tempos em tempos, e, com base nisso, fazer os ajustes certos e seguir o plano. O ideal é ter um especialista para auxiliar com as competências que você não possui. “É como reformar um avião em pleno voo, mexa peça por peça para ele não cair”, diz.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.