Bancos fecham mais de 2,7 mil vagas no primeiro trimestre

Dados do sinticato do setor revelam que a caixa Econômica Federal foi a que mais demitiu no período

Juliana Américo Lourenço da Silva

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SÃO PAULO – Os bancos que operam no Brasil fecharam 2.795 postos de trabalho nos primeiros seis meses deste ano.

De acordo com Pesquisa de Emprego Bancário, divulgada nesta terça-feira (21), pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores), em parceria com o Dieese, o saldo negativo do semestre foi resultado de 16.905 admissões contra 19.700 desligamentos.

A Caixa Econômica Federal, que até então vinha sustentando a geração de empregos no setor, apresentou a maior redução, com o corte de 2.058 postos de trabalho. Já os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, eliminaram 729 empregos no período. 

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“É muito preocupante a redução de postos de trabalho no sistema financeiro, seja por terceirização, novas tecnologias ou reorganização do trabalho”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten. “O Brasil tem muito potencial, precisa de crédito para o desenvolvimento e isto não combina com redução de pessoas”.

Osten ressalta que no primeiro trimestre, o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 19 bilhões e só o Banco do Brasil viu seus rendimentos mais que duplicarem no período, com crescimento de 117%. “O sistema financeiro não tem do que reclamar. É possível o banco continuar com seus lucros e aumentar suas contratações”, explica.

Região
Os dados do levantamento mostram que 17 estados apresentaram saldos negativos de emprego. Os maiores cortes ocorreram no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo, com 771, 484 e 458 cortes, respectivamente.

Por outro lado, o estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 129 postos, seguido de Mato Grosso, com 99 novos postos no período

Salários
O salário médio dos admitidos pelos bancos foi de R$ 3.457,49, contra R$ 5.957,73 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 58% menor que a remuneração dos dispensados. 

“Com o resultado que apresenta, os bancos poderiam ter um papel mais nobre no desenvolvimento econômico do País, em vez disso, cortam empregos e usam a rotatividade para ganhar sempre mais”, critica o presidente da Contraf-CUT.

Além disso, apesar de as mulheres representarem metade da categoria e terem maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração.  As 8.150 mulheres admitidas nos bancos no primeiro semestre de 2015 entraram recebendo, em média, R$3.095,21, enquanto os homens, R$ 3.794,74 – média salarial 18,4% inferior à remuneração de contratação dos homens. 

A diferença de remuneração entre homens e mulheres é ainda maior no desligamento. Os homens que tiveram o vínculo de emprego rompido recebiam, em média, R$ 6.696,68. Já as mulheres, R$ 5.211,69. Resultando em um salário médio 22,2% menor do que o dos homens.