Brasil recebe primeira faculdade com diploma válido fora do país, na área de Economia Criativa

Para o CEO da Escola Britânica de Artes Criativas, setor que já contribui para 2,8% do PIB ainda tem muito potencial no país e pode representar o dobro disso

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Está prevista para o dia 30 deste mês a finalização da obra que promete abrigar uma revolução na educação criativa do Brasil: a Escola Britânica de Artes Criativas (EBAC), que está sendo construída no coração da Vila Madalena para formar profissionais em áreas da chamada Economia Criativa.

Com parceria com a Universidade de Hertfordshire, em Londres, a instalação abrigará uma graduação com padrão da instituição inglesa, que oferece diploma aceito internacionalmente (sem a necessidade de pedir validação posterior), além de cursos técnicos e preparatórios. Há grades curriculares em áreas do Design, Ilustração, Animação, Direção de Arte e os inéditos no Brasil Visualização de Projetos de Arquitetura e Desenvolvimento de Aplicativos para Dispositivos Móveis.

De acordo com Maurício Tortosa, diretor-presidente da EBAC, um dos maiores problemas das graduações na área criativa do Brasil é a falta de preparação para o mercado de trabalho. “Aqui a formação é muito generalista. Eu por exemplo, fui trabalhar na WMnCann um pouco antes de me formar, mas só consegui sentir realmente como era o mercado com dois anos de experiência na empresa. [No Brasil] a gente só aprende mesmo na prática”, comentou o executivo em entrevista ao InfoMoney na sede da Escola em construção.

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Mercado

Embora a Economia Criativa represente 2,8% do PIB, segundo o IBGE, Maurício acredita, com base em sua experiência internacional, que existe a possibilidade de praticamente dobrar este número. “No Reino Unido, que descobrimos ter o melhor benchmark do mundo nessa área, esse setor corresponde a 5,2% do PIB empregando 1,8 milhão de pessoas, em um país que é praticamente do tamanho do estado de São Paulo”. Em 2013, último cálculo, a população do Reino Unido era de 64,1 milhões de pessoas, pouco maior que um quarto da brasileira, de 200,4 milhões.

Formalmente, a economia criativa emprega 1 milhão de brasileiros – mas isso está longe de representar a realidade deste mercado. Em meio a trabalhos de freelancers e contratos feitos em nome de Pessoas Jurídicas (PJ), Maurício acredita que haja mais de 2 milhões de pessoas trabalhando nas mesmas áreas informalmente.

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Mudanças neste cenário de contratação, segundo as pesquisas do executivo, viriam apenas após melhorias, a nível nacional, em quatro aspectos específicos: organização das estatísticas deste mercado, mostrando abertamente os números formais e informais; políticas públicas de desoneração de instituições voltadas à economia criativa; investimento em escolas especializadas; e vínculo forte com a indústria.

Processo seletivo e preços

Estudar na EBAC não é necessariamente para qualquer um. Além da inscrição e de teste de admissão, todos os candidatos aos cursos passarão por entrevistas realizadas pessoalmente por pessoas qualificadas da equipe da instituição. No caso dos cursos de graduação, como as aulas são ministradas em inglês por professores estrangeiros, é necessário comprovar proficiência na língua.

Com inscrições já abertas, os cursos técnicos, que começam a ser ministrados a partir do semestre que vem, têm duração de dois anos, aulas em português e custo total de R$ 21.600. A graduação terá início em fevereiro de 2017, com o chamado “Foundation” – um ano de curso básico que antecede a especialidade escolhida propriamente dita. Em fevereiro de 2018 passam a ser ministradas as aulas de bacharelado propriamente ditas.

As expectativas de Maurício não são baixas: já em 2016, a escola pretende operar com 400 alunos, número que deve crescer para 900 em 2017 e subir progressivamente até atingir a capacidade de 3.500 em 2021. Interessados podem encontrar todas as informações no site http://ebac.art.br/.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney