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Saco de lixo vira artigo de luxo com versão vegana, repelente e antivírus na Embalixo

Embalixo investe em inovação, estuda fábrica nos EUA e já pensa em IPO

Iuri Santos

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Quando João Costa chegou a um encontro de família com os sapatos cobertos por um saco para lixo, seus filhos não puderam segurar o riso. Os herdeiros da Embalixo entenderam o motivo da pegadinha: a empresa acabava de lançar no mercado um produto com propriedades repelentes a insetos — e o fundador estava colocando à prova sua capacidade de afastar mosquitos. A novidade é uma entre tantas desenvolvidas na ferrenha corrida tecnológica por trás da indústria de embalagens descartáveis.

Nos últimos anos, a Embalixo patenteou uma tecnologia de sacolas plásticas para lixeiras com abas, lançou nos mercados uma opção vegana de sacos para lixo — os pigmentos utilizados na produção, muitas vezes, envolvem a exploração de alguma espécie animal —, além da sacola zero plástico, feita à base de açúcar e amido. Na pandemia, a empresa desenvolveu, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um saco capaz de inativar vírus envelopados, criação utilizada por hospitais e até mesmo em cestos de roupa suja e na higienização de compras, quando o hábito se tornava comum durante o isolamento.

A Embalixo se define como nativamente inovadora e sustentável. Fundada em 2004 como uma distribuidora de sacolas plásticas, logo montou sua própria fábrica e, em 2010, já dominava o pulverizado mercado nacional. “Começamos a olhar muito para o mercado norte-americano, o maior do mundo dessa categoria. Lançamos a linha antibacteriana, que protege o saco e o  ambiente e reduz o mau cheiro do lixo. Foi a primeira grande inovação”, diz Rafael Costa, CEO da companhia e filho mais velho de João Costa. 

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Investimento médio de aproximadamente R$ 5 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento é uma das principais estratégias da marca para conseguir garantir a preferência dos consumidores brasileiros, habituados a utilizar as tradicionais sacolinhas de supermercado para descartes. “Nunca quisemos fazer o básico e brigar por preço. Quisemos construir uma marca”, afirma o executivo.

Para conseguir dar corpo à produção de sacolas mais tecnológicas, a empresa precisa adaptar máquinas desenvolvidas no Brasil ou importar equipamentos dos Estados Unidos — onde quer tomar um naco do mercado. Segundo Rafael, a Embalixo planeja abrir uma fábrica no país em cerca de três anos, com foco regional, mas com uma representação “imensa”, dado o tamanho do mercado do país, mais amadurecido que o brasileiro. A Embalixo estima que 40% dos moradores da cidade de São Paulo compram sacos para lixo, contra uma média nacional de apenas 10%.

A linha de produtos diferenciais representou 40% da receita de R$ 303 milhões realizada pela Embalixo em 2023. Isso se explica, em boa medida, pela prevalência dos atacarejos como ponto de distribuição dos produtos da companhia, normalmente associados a embalagens maiores — mais comuns nas linhas tradicionais. A empresa também atua no varejo tradicional, e 15% de sua produção é distribuída para marcas próprias de supermercados.

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No último ano, a Embalixo registrou Ebitda equivalente a 30% do faturamento, e a expectativa é alcançar uma receita de R$ 360 milhões em 2024. A possibilidade de IPO está na mesa, mas o CEO avalia que o faturamento ainda deve ser fortalecido para isso – o plano pode sair do papel em cinco anos.  

Investimentos a caminho

A Embalixo se tornou signatária do Pacto Global da ONU em 2023 e, em linha com o projeto Blue Keepers, pelo combate à poluição de oceano e bacias hidrográficas, investiu R$ 10 milhões em sua linha Oceano. O dinheiro é destinado à estruturação da cadeia de coleta e reciclagem de plástico no mar — a princípio, restrito à cidade de Ubatuba. A companhia tem pago um bônus pelo plástico, normalmente preterido pelos catadores devido à menor densidade, e estimulado financeiramente a separação dos diferentes tipos de plástico para reciclagem.

Essa iniciativa está em linha com a expectativa da Embalixo de investir R$ 50 milhões em economia circular no próximo triênio. Um dos principais anúncios nessa linha é a criação de uma usina de reciclagem na área da fábrica da empresa, em Hortolândia, na região de Campinas. “Esperamos que 70% do nosso negócio tenha base em materiais recicláveis em três anos”, ressalta Rafael.

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Linhas como essa tem sido uma das formas que a produtora encontrou para vencer a resistência do público brasileiro à compra de embalagens. A poucos quarteirões de onde esta entrevista era concedida, na região da Faria Lima, ocorria uma ativação da linha Oceano em pontos da Eletromídia. LEDs ao lado de campos de futebol e até as lixeiras do Big Brother Brasil também tem servido de espaço para exposição da marca.

“Os atacarejos têm ajudado a popularizar os sacos para lixo porque reduz as margens. Antigamente todos tratavam, e até nós acreditávamos, que era um produto para o público A e B”, explica Costa. “Conversei com o presidente de uma multinacional recentemente, do produto mais caro que tem na gôndola, e ele disse que o público com o qual ele conversa é o C, porque esse público escolhe um valor justo. Hoje, temos esse olhar também”.

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