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“Caos” Automotivo – Parte 2

Nada é tão ruim, que não possa piorar!
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

No nosso último post (onde sugerimos a leitura antes de você continuar, clicando aqui), retratamos como anda o setor automotivo neste primeiro bimestre. Em resumo, está em uma situação caótica. No geral, apontamos que as vendas de carros registram perdas de -23%, a de caminhões de quase -40% e o pessoal de duas rodas com -20%.

Bem… mas quando a situação é ruim, lembremos, tudo pode ficar (ou é) pior!

Vamos exemplificar melhor. E, novamente, vamos detalhar em três pontos:

 

1. AUTOMOVEIS:

 

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No post anterior, abordamos como anda o desempenho de algumas marcas, e aqui daremos uma (dentre várias) explicações do porque estarem melhor ou pior.

Verificando o setor de automóveis, percebemos que o nosso trio francês (Citroen, Peugeot e Renault) está sofrendo mais. Mas qual é o motivo?

Um deles é a “sua área de atuação”.  Como assim? A marca não vende produtos nacionalmente? Sim, lógico que sim! Mas no caso do trio francês, existe uma cultura maior pelos seus produtos na região Sul do país. São nestes estados que estas marcas possuem maior penetração de mercado.

E como andam as vendas na região Sul?

Bem… com um mercado em retração de quase -23%, a região Sul registra queda de -28%, diferença de cinco pontos percentuais sobre a média nacional.

As vendas de veículos nas regiões Sul e Sudeste registram percentuais de queda bem maiores que a média nacional (-28% e -24,4%, respectivamente). O estado com pior desempenho dentre todos é o Espirito Sando, com queda de -29%, nas suas vendas, ou seja, quase 1/3 a menos do que o mesmo período do ano passado.

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Provando mais uma vez que, o que é ruim, pode sempre piorar!

Por outro lado, se alguém sofre muito (como eles), alguém sofre menos. E esse pessoal está nas regiões Norte e Nordeste, com queda nas vendas de (-6,65% e -16,79%, respectivamente). Como já abordamos em outros posts (veja aqui), o crescimento do setor quatro rodas tenderá a ocorrer nestas regiões, onde existe, ainda, grande potencial de mercado. Neste caso, temos três “guerreiros” que conseguiram registrar crescimento (!!!!) nas vendas. Foram os estados do Acre, Roraima e Tocantins (0,22%; 3,43% e 2,22%, respectivamente).

 

2. CAMINHÕES:

 

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Os desempenhos regionais, nas vendas de caminhões, explicam muita coisa para nós. Vendo o resultado de vendas do primeiro bimestre por estado, onde tivemos quase -40% na queda das vendas, percebemos que a forte queda pela demanda de caminhões aconteceu na nossa “fronteira agrícola”. A região do Centro-Oeste, registrou quase -50% de queda nas vendas!

(OBSERVAÇÃO: Imagine você, no seu trabalho, sabendo que, neste primeiro bimestre do ano, vendeu 50% a menos que o primeiro bimestre do ano passado… Como você estaria se sentido?)

Os estados de Mato Grosso (-63%) e Goiás (-58%) registraram as piores marcas. Na nossa outra fronteira agrícola (a região Sul) também registramos os piores índices de queda nas vendas. A região Sul registrou perdas de -47,4%, sendo que, o Paraná, -51%.

E o que podemos deduzir com isso? Essas regiões – tradicionalmente agrícolas – demandam geralmente por alguns tipos específicos de caminhões (caminhões pesados e extrapesados). Nesta tônica, marcas que possuem em seu portfólio esses tipos de produto, são as que mais sofrem e sofreram. É o caso da Volvo e, principalmente, da Scania, que atuam basicamente só nestes dois subsegmentos. Por outro lado, como já apontamos, marcas com foco nos caminhões leves (até 3,5 toneladas) tenderão a sofrem menos. É o caso da Ford, que ressuscitou – em excelente momento – a sua série F.

Alguém cresceu em vendas? Sim… Tivemos o Acre (+104%) e Tocantins (+48%).

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3. MOTOCICLETAS:

 

O setor de duas rodas, historicamente, tinha todo o seu desempenho atrelado às vendas nas regiões Norte e Nordeste. Como dissemos, “TINHA”…

A situação econômica brasileira está tão ruim, que até esse último oásis para o pessoal de motos se foi. A região Nordeste registrou perdas de -21%, sendo que o Piauí, viu a sua demanda retrair-se -34%. Aqui existe um paralelo a se fazer: as vendas de motocicletas na região norte e nordeste estão atreladas (boa parte – quase 60%) às vendas de cotas de consórcio. Como o produto consórcio é de médio/longo prazo, isso só vai começar a ter resultado daqui a 1 ou 2 anosç mas estão fazendo o seu papel. O grande ponto aqui foram os outros 40% que não são vendidos via consórcio. O consumidor perdeu as poucas linhas de crédito que existiam, assim como aqueles que compravam à vista e estão retardando a sua compra com receio do que vai acontecer com o Brasil.

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Mas, apesar de tudo, a região que encontrou o pior resultado foi a região Sul (ela fechou o primeiro bimestre com duas medalhas de ouro – maiores quedas em autos e motos – e uma de prata – segunda maior queda em caminhões), com queda de -25%.

Quer saber como estão as vendas no seu estado? Veja a tabela abaixo e perceba que, quem sofre menos é o Norte do país e, quem está na posição “caos³” é o Sul do país.

 

ESTADO

CAMINHÕES

 

AUTOS

 

MOTOS

AC

104,35%

 

0,22%

 

-19,85%

AM

-45,45%

 

-7,86%

 

-5,20%

AP

-10,34%

 

-14,78%

 

-11,66%

PA

-10,00%

 

-8,42%

 

-24,25%

RO

-28,36%

 

-8,57%

 

-16,10%

RR

-18,18%

 

3,43%

 

-18,72%

TO

47,97%

 

2,22%

 

-2,08%

NORTE

-8,50%

 

-6,65%

 

-17,93%

 

 

 

 

 

 

AL

-26,71%

 

-18,43%

 

-20,99%

BA

-1,55%

 

-18,22%

 

-27,54%

CE

-26,54%

 

-17,79%

 

-17,70%

MA

-7,69%

 

-15,04%

 

-12,80%

PB

-38,81%

 

-7,75%

 

-5,81%

PE

-32,59%

 

-20,15%

 

-26,15%

PI

-68,65%

 

-9,35%

 

-34,18%

RN

-54,55%

 

-15,25%

 

-16,94%

SE

-40,10%

 

-19,80%

 

-19,68%

NORDESTE

-26,81%

 

-16,79%

 

-20,99%

 

 

 

 

 

 

DF

14,65%

 

-19,81%

 

-12,36%

GO

-58,06%

 

-24,52%

 

-18,60%

MS

-43,59%

 

-19,21%

 

-21,78%

MT

-63,14%

 

-20,55%

 

-14,33%

CENTRO

-49,82%

 

-21,46%

 

-16,98%

 

 

 

 

 

 

ES

-29,68%

 

-28,93%

 

-17,08%

MG

-38,02%

 

-21,40%

 

-20,09%

RJ

-21,65%

 

-23,12%

 

-13,77%

SP

-48,69%

 

-25,68%

 

-20,08%

SUDESTE

-41,25%

 

-24,43%

 

-18,83%

 

 

 

 

 

 

PR

-51,45%

 

-28,09%

 

-21,54%

RS

-38,05%

 

-28,11%

 

-29,98%

SC

-51,00%

 

-26,50%

 

-25,07%

SUL

-47,42%

 

-27,68%

 

-25,38%

 

 

 

 

 

 

BRASIL

-39,70%

 

-22,70%

 

-19,98%

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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