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Em meio à turbulência, Itaú BBA sai na frente, corta JBS para “venda” e revisa preço-alvo de R$ 16 para R$ 6

Para os analistas do banco, a tese que sustentou a forte recuperação das ações na bolsa - que subiram 63% do fundo deixado no pós-"Joesley Day" (no intraday do pregão do dia 23 de maio) até o fechamento de ontem - caiu por terra com revés sobre delação
Por  Paula Barra
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Enquanto saíam as notícias de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou a abertura de uma investigação de indícios de omissão de informação pelos delatores da JBS (JBSS3) em acordo prestado com a PGR, analistas do Itaú BBA foram os primeiros a colocar a mão na massa e revisar o case de investimentos da maior processadora de carnes do mundo e maior empresa privada em faturamento no Brasil, só perdendo para a Petrobras (PETR3; PETR4). 

Em um relatório de três páginas, mas cuja a explicação cabe em apenas uma, os analistas Antônio Barreto e Thomas Budoya, do Itaú BBA, dizem sucintamente o motivo da revisão dos papéis da JBS: um revés sobre a delação premiada agora – embora ainda não esteja claro – pode levar a uma revisão na multa de sua controladora J&F ou a qualquer restrição sobre a rolagem das dívidas da empresa ou venda de ativos, o que deve provocar forte volatilidade e pressão sobre os papéis da companhia.

Diante desse cenário, eles dizem que preferem ficar de fora do case neste momento e, por isso, decidiram cortar a recomendação da ação de “market perform” (desempenho em linha com a média) para “underperform” (desempenho abaixo da média), assim como o preço-alvo para o final do ano, que passou de R$ 16,00 para R$ 6,00. Com a revisão, eles saem de uma expectativa de alta do ativo de 86% frente ao fechamento de ontem (a R$ 8,58) para uma projeção de queda de 30% em relação a mesma base de comparação. 

A drástica mudança no preço-alvo, comentam, não reflete mudanças nas projeções de lucro para a empresa, mas sim um aumento do custo da dívida em dólar no longo prazo de 7% para 10%, da taxa de desconto para 15% e no custo de capital próprio para 15%, refletindo, com isso, os atuais riscos do carrego. 

Segundo eles, a tese que sustentou a forte recuperação das ações na bolsa – que subiram 63% do fundo deixado no pós-“Joesley Day” (no intraday do pregão do dia 23 de maio) até o fechamento de ontem – caiu por terra, diante das incertezas que se abriram com revés sobre delação. Ainda assim, eles comentam que, se houver alguma novidade sobre o assunto, podem rever o case, mas, por agora, dada limitada visibilidade, preferem “ficar fora da ação”. 

As três ações que podem ganhar com isso…
Mas, em meio ao cenário obscuro que se aponta para a JBS, uma boa notícia surge para as demais ações do setor. Segundo os analistas, os custos do gado podem cair nos próximos dias, beneficiando os papéis da Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3). A BRF (BRFS3), por sua vez, seria menos impactada nesse cenário.

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Na bolsa, as ações BEEF3, MRFG3 e BRFS3 registravam leve queda de 0,43%, 0,28% e 0,43%, a R$ 11,47, R$ 7,24 e R$ 44,20, respectivamente, nesta terça-feira (5), segundo cotação das 12h45 (horário de Brasília). Enquanto isso, os papéis da JBS afundavam 6,18%, a R$ 8,05, depois de atingirem na mínima do dia baixa de 11,19%, a R$ 7,62. O volume financeiro movimentado com o papel era de R$ 183,2 milhões, frente uma média diária de R$ 93,5 milhões dos últimos 21 pregões. 

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