A escolha de Abílio Diniz que pode sacramentar a retomada da BRF na Bolsa

Os nomes para o comando da BRF estão na mesa - e empresário terá papel crucial nessa escolha; mas, além disso, mercado não tira os olhos dos resultados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As cartas estão na mesa. Após um longo período desacreditada na bolsa e enfrentando grandes contratempos, a BRF (BRFS3) está prestes a concretizar duas grandes transformações: a recuperação de seu balanço – após acumular um prejuízo de R$ 448 milhões no primeiro semestre – e a mudança do CEO (Chief Executive Officer), com a saída anunciada de Pedro Faria, que veio da Tarpon e comandará a companhia de alimentos somete até dezembro.  

Faria teve como um dos seus principais apoiadores o presidente do Conselho de Administração Abílio Diniz que, inclusive, publicou uma carta após o anúncio da saída do executivo do comando da empresa de alimentos. Porém, com os questionamentos sobre o trabalho de Faria com os maus números obtidos durante a sua gestão, a perspectiva agora é pela escolha do sucessor. Abílio deve, mais uma vez, exercer um grande poder de influência no nome do próximo CEO (Chief Executive Officer) da companhia. A escolha é mais uma grande responsabilidade para o empresário, que admitiu que a empresa errou em 2016 (veja mais clicando aqui). 

Alguns nomes passaram a entrar no radar dos mercados nos últimos dias e são sendo analisados com lupa pelos investidores. Na semana passada, nomes como de Gilberto Xandó, presidente da Vigor, Antonio Ramatis, ex-presidente da Via Varejo e Ivan Zurita, ex-presidente da Nestlé Brasil, apareceram na lista de candidatos, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo. Já no final da semana, a Istoé ventilou, além de Xandó e de Ramatis, o nome de Gilberto Tomazoni. Contudo, neste último caso, aponta a revista, há um fator complicador. Tomazoni, que foi CEO da Sadia entre 2004 e 2009, assumiu há menos de um mês, o posto de principal executivo da JBS, abaixo apenas de José Batista Sobrinho, patriarca da família Batista. 

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Com relação aos três nomes citados pelo Estadão – sendo que Xandó e Ramatis foram também destacados pela IstoÉ – há alguns pontos em comum. Ambos possuem ligação com o varejo, na ponta do consumidor final, e fazem sentido como gestor da BRF, avalia Raul Grego, analista da Eleven Financial, que também aponta como mais “requisitados” dentre esses nomes o de Xandó ou Ramatis. 

“O Xandó possui um interessante histórico na Sadia e na Natura, depois na Vigor e no conselho da JBS. Ele possui uma boa visão da principal concorrente e seria um nome mais estratégico, o que é positivo, uma vez que o papel do CEO tem que ser bem estratégico na concepção do posicionamento da empresa. Dada essa boa visão interna da empresa concorrente, pode sugerir melhorias do modelo”, avalia o analista. 

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Já sobre Ramatis, o analista ressalta que é um nome que já tem uma relação com o Abílio, uma vez que ele já foi executivo da Via Varejo e do Carrefour, também possuindo uma visão da ponta final do cliente. “Seria um nome bem estratégico”, avalia.

Contudo, além de ressaltar que os nomes citados acima ainda são rumores de mercado, há uma outra questão importante para saber se a escolha do novo CEO será um catalisador ou não para os papéis da empresa: o posicionamento e o poder que ele vai ter nas decisões sobre a BRF. Hoje em dia, a BRF está muito mais ligada ao Abílio como presidente do Conselho e na força que ele possui nas decisões que toma, avalia Grego.

Assim, os próximos passos para a escolha do novo nome serão acompanhados de perto pelo mercado, ainda mais com a atenção voltada sobre como serão os passos do CEO que entratá para que a empresa volte a crescer a partir de 2018, além de tomar medidas estratégicas, como mexer no direcionamento da empresa, se aumentará globalização, aumento de participação de mercado.

Vida que segue…

Enquanto o nome do novo CEO não sai, o mercado avalia a perspectiva mais positiva para o resultado do segundo semestre, com os primeiros sinais de que a companhia pode se recuperar já no próximo dia 10 de novembro, quando a companhia divulgará seus números referentes ao terceiro trimestre.

No final de setembro, o Bradesco BBI já havia divulgado projeções positivas para a companhia, esperando um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre – quase o dobro dos R$ 575 milhões do período anterior -, refletindo “apenas a suboferta de frango no Brasil e recuperação de exportação”.

Também destacando a perspectiva para a alta do Ebitda, os analistas do Santander Ronaldo Kasinsky e Luis Miranda apontaram a companhia como a nova top pick do setor de alimentos, introduzindo um preço-alvo de R$ 56,00 em 2018 (ante R$ 49,00 de 2017).

A melhor projeção para a companhia, após números bastante complicados para ela nos últimos trimestres, é originada de uma combinação de fatores, conforme aponta o analista da Eleven Financial. A queda do preço do milho, que barateia o custo para o produtor de aves (usados nos produtos da BRF), a taxa de juros Selic mais baixa (ajudando na desalavancagem da companhia) e a retomada da economia são fatores que levarão a uma recuperação da BRF após trimestres bastante difíceis. Com a saída da economia da recessão e queda do desemprego, a BRF pode ter um desempenho melhor, uma vez que o seu mercado é de produtos processados, mais caros (e que mais sofreram com a queda do consumo em meio à recessão econômica), avalia Raul Grego. Além do cenário doméstico, as exportações também podem se fortalecer. 

Além disso, os analistas do Santander apontam outro fator de otimismo, mas que anda meio “esquecido” pelo mercado desde a deflagração da Operação Carne Fraca em março, que abalou as empresas de alimentos no curto prazo: “há um valor que pode ser destravado no futuro com um possível IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) ou venda para investidores em colocação privada da OneFoods no ano que vem”. A expectativa, antes da deflagração da Operação, era de que a companhia conseguisse US$ 1,5 bilhão. 

Por todos esses fatores, grande parte dos analistas que cobrem a ação mostram otimismo com a companhia, após grandes contratempos desde o ano passado. Mas há aqueles que estão mais conservadores e os que estão mais otimistas com o papel. Grego, da Eleven, vê o papel a R$ 53,00 em doze meses, o que configra um potencial de valorização de 13,6% em relação ao fechamento da última sexta, enquanto o Santander prevê um upside de 20%. A ação BRFS3 compõem a carteira InfoMoney desde agosto, em meio às perspectivas de recuperação para a companhia. Em outubro, a fatia no portfólio é de 6,5% (veja mais clicando aqui). 

As condições para a recuperação estão na mesa, mas isso não quer dizer que o nome do novo CEO não será um catalisador, avalia Grego. Questões como a internacionalização da BRF, a estratégia de vendas da companhia e a sua participação de mercado serão essencialmente conduzidas pelo novo nome – podendo guiar piores ou melhores perspectivas para a empresa daqui para frente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.