Fechar Ads

Google e a estranha visão da diversidade reinante

Já imaginava que James Damore, o engenheiro de software do Google seria localizado e demitido. Afinal, suas ideias, expressas em um memorando interno à empresa e divulgado pelo site Gizmodo, são diversas daquelas apregoadas pela política de diversidade da empresa. (**) 
Por  Silvio Celestino
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Já imaginava que James Damore, o engenheiro de software do Google seria localizado e demitido. Afinal, suas ideias, expressas em um memorando interno à empresa e divulgado pelo site Gizmodo, são diversas daquelas apregoadas pela política de diversidade da empresa. (**)

Não são apenas os donos da Alphabet – holding da qual o Google faz parte – mas, majoritariamente, os proprietários de grandes grupos têm as mesmas preferências que eles. E as pessoas sentem verdadeiro pavor de não afirmar o que eles afirmam. Então, aqueles que têm ideias diferentes – e, portanto, diversidade de pensamento – não são ouvidas, mas, sim, silenciadas sempre que possível.

E a análise desse engenheiro será esquecida ou combatida com ferocidade. Mas não tolerada, porque será considerada, paradoxalmente, contrária à diversidade, e não como um elemento que a compõe.

A diversidade do momento é aquela que diz que todos devemos pensar da mesma forma.

Eu posso discordar desse engenheiro, principalmente da maneira como fez afirmações sem indicar fontes – aliás, um péssimo hábito dos debates atuais. Entretanto, silenciar pessoas que pensam diferentemente de você é uma maneira estranha de fomentar a diversidade. Omitir fatos e documentos daquilo que é contrário à sua ideia, além de não gerar diversidade, cria um mundo de falsidades e mentiras.

Como minha principal preocupação é a formação das lideranças, esse tema é de fundamental relevância. Afinal, um líder deve ser, acima de tudo, um educador. E educar significa mostrar a verdade por meio de ideias que tenham respaldo na realidade e, portanto, podem ser verificadas. Se é dificílimo descobrir a verdade, mais ainda o será se acreditarmos que as palavras, por si sós, podem produzi-la. Isso tem criado guetos em que pessoas sabedoras de informações, dados e evidências que elucidam a verdade se calam, pois seu conhecimento não corresponde ao discurso de poderosos – o engenheiro demitido que o diga. Isso fecha os melhores caminhos para soluções duradouras de problemas que queremos resolver – como é o caso do respeito à diversidade nas empresas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Outros indivíduos, a partir de agora, em vez de expressar suas ideias e, principalmente, seus dados sobre a verdade, vão omiti-los. Quem se beneficiará com isso? Com certeza não serão as pessoas nem o mundo. Muito menos as empresas e seus acionistas.

Vamos em frente!

(*) Autor do livro “O Líder Transformador, como transformar pessoas em líderes”, Sílvio Celestino é sócio fundador da Alliance Coaching. No Twitter: @silviocelestino. Visite: www.alliancecoaching.com.br e www.facebook.com/AllianceCoachingBrasil.

(**) Ver o memorando em português aqui: http://gizmodo.uol.com.br/exclusivo-o-memorando-de-10-paginas-anti-diversidade-que-esta-circulando-internamente-no-google/

(***) Versão original em inglês: http://gizmodo.com/exclusive-heres-the-full-10-page-anti-diversity-screed-1797564320/amp

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

Compartilhe

Mais de Sua carreira, seu maior investimento

Sua carreira, seu maior investimento

Quais profissões estarão em alta em 2018?

A principal recomendação para qualquer profissional em 2018 é: seja rápido.   As maiores oportunidades de prosperidade e sucesso de carreira ocorrem nas chamadas novas fronteiras, isto é, nos mercados que nunca existiram antes e surgem principalmente em decorrência de uma nova onda tecnológica. A dificuldade de reconhecê-las é enorme, pois o sucesso de algo novo não é visível para a maioria e representa riscos elevados para os iniciantes: assim, as décadas de 1920 e 30 foram momentos extraordinários para quem se envolveu com a indústria da aviação. Já os anos de 1950 e 60, o foram para quem trabalhou na indústria da computação de grande porte. A década de 1980 foi o início da era de ouro dos microcomputadores; já o fim dos anos 90 e início de 2000, para a internet, os celulares e, depois, as redes sociais. 
Sua carreira, seu maior investimento

Feedback não é para ser traumático

Já vi indivíduos traumatizados por conta de um feedback. No caso mais grave, conheci uma pessoa que teve uma hemorragia provocada pelo estresse de um feedback feito de maneira torturante: ela tinha de ficar de frente para uma parede e de costas para seu chefe e colegas de trabalho que lhe dariam os “feedbacks“, e ela só podia ouvir. Não sei quem foi o idealizador dessa prática infeliz, mas, para minha surpresa, foi aplicada até mesmo em empresas juniores no Brasil.
Sua carreira, seu maior investimento

Quem não delega não lidera

A dificuldade em delegar ocorre frequentemente no indivíduo que foi alçado há pouco a um cargo gerencial. Embora eu já tenha visto esse problema em diretores e até presidentes de empresas. Sempre que um líder não delega acaba por sobrecarregar-se, o que é motivo de muito estresse e cansaço para si mesmo. 
Sua carreira, seu maior investimento

Pare de odiar quem faz follow-up

Seria uma falta de sinceridade minha não iniciar este texto com uma confissão: eu odeio follow-up! Não gosto de fazê-lo e muito menos que façam sobre meu trabalho. Entretanto, são notórios os problemas, as falhas e os erros que ocorrem quando o follow-up não é realizado. E, portanto, apesar de meu sentimento a respeito dessa competência de liderança, a exerço e permito que outros a exerçam sobre meu trabalho, sem reclamar.
Sua carreira, seu maior investimento

O plano de vida precede o de carreira

Um grande problema que observo nos executivos é a ausência de um plano de vida que oriente seu plano de carreira. Quando isso ocorre, há um hiato entre o que ele atingirá profissionalmente e a vida que realizará. Esse hiato pode ser intransponível se ele deixar para preenchê-lo ao fim de sua carreira profissional. Essa possibilidade por si só deveria ser motivo de angústia, incerteza e preocupação, entretanto, a maioria dos indivíduos a ignora.