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Os tropeços políticos do Brasil

Mobius analisa o governo atual e como o Brasil está posicionado diante das incertezas políticas. 
Por  Mark Mobius
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Bem quando a economia brasileira parecia estar virando a página, um novo escândalo político causou uma forte reação no mercado, derrubando a bolsa de valores do Brasil. O presidente Michel Temer, que assumiu após o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef devido a um escândalo de corrupção, agora se vê às voltas com seu próprio escândalo.

Se Temer for inocentado, as próximas eleições gerais do Brasil ocorrerão em 2018, de modo que ele permanecerá no cargo por mais dois anos e provavelmente continuará a implementar sua agenda. Se for considerado culpado, provavelmente sofrerá um impeachment e perderá o mandato, tal como ocorreu com Roussef.

Embora o perfil mais reformador do governo Temer tenha nos encorajado, em nossa opinião esse último escândalo não significa que a dinâmica positiva tenha necessariamente acabado, mesmo que ele seja removido do cargo.

Se Temer for deposto, acreditamos que ainda haverá reformas, porém provavelmente levarão mais tempo para serem implementadas. No final das contas, o movimento reformista contra a corrupção está em andamento e isso é, de modo geral, positivo para o Brasil. Mesmo que Temer não possa implementar ele mesmo as reformas que atualmente conduz, acreditamos que os reformistas possam avançar, uma vez que já conquistaram seu próprio espaço. Existe uma percepção de que as reformas são necessárias em muitas áreas, mas elas frequentemente levam algum tempo.

Esses acontecimentos enfatizam a importância de se analisar o longo prazo ao investir nos mercados emergentes. A mudança não ocorre da noite para o dia.

Achamos que ainda há muitas oportunidades em ações individuais no Brasil e que esses tipos de choques de mercado podem revelar onde existe valor. Atualmente, encontramos valor em quase todos os setores no Brasil, simplesmente porque o mercado está deprimido de modo geral. O que mais nos interessa são o segmento bancário e o de varejo.

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Em termos de política monetária no Brasil, na minha opinião, ainda há espaço para o Banco Central do país cortar ainda mais as taxas de juros. Sua moeda se recuperou de sua queda de 18 de maio, quando o escândalo de Temer veio a público. Mais importante do que isso, tem havido uma queda persistente na inflação. A inflação anual do Brasil estava em 3,77% em meados de maio, seu nível mais baixo em 10 anos.1 

Em minha opinião, um corte agressivo nas taxas de juros seria muito bom para a economia. Acredito que esteja na hora do Brasil ter um ambiente razoável de taxas de juros, principalmente para as pequenas e médias empresas que poderiam obter financiamento a taxas mais baixas. Isso daria um impulso geral na economia.

Certamente, estaremos monitorando a situação do Brasil para determinar que tipo de impacto esse último contratempo terá na economia do país e nas empresas que lá operam. Na minha opinião, o contratempo é temporário. Já vimos outros mercados se recuperarem de escândalos políticos no passado. A recuperação de longo prazo, em andamento no mercado de ações e na economia do Brasil, ainda nos parece estar intacta.

 

Os comentários, as opiniões e as análises do Mark Mobius são apenas para fins informativos e não devem ser considerados como uma consultoria de investimento, uma recomendação para investir em qualquer ativo ou para adotar qualquer estratégia de investimento. Uma vez que as condições econômicas e de mercado estão sujeitas a mudanças rápidas, as opiniões, as análises e os comentários são oferecidos com base na data da publicação e podem ser alterados sem aviso prévio. Este material não tem como objetivo ser uma análise completa de todos os fatos importantes em relação a qualquer país, região, mercado, setor, investimento ou estratégia.

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Todos os investimentos envolvem riscos, inclusive uma possível perda de principal. Os ativos estrangeiros acarretam riscos especiais, incluindo flutuações cambiais, instabilidades econômicas e acontecimentos políticos. Os investimentos em mercados emergentes, dos quais os mercados de fronteira são um subconjunto, acarretam riscos mais elevados em relação aos mesmos fatores, além dos riscos relacionados ao menor tamanho desses mercados, à menor liquidez e à menor estrutura jurídica, política, comercial e social estabelecida para fornecer suporte aos mercados de valores mobiliários. Como essas estruturas são normalmente menos desenvolvidas em mercados de fronteira, e existem vários fatores que aumentam a probabilidade de extrema volatilidade de preços, falta de liquidez, barreiras comerciais e controles cambiais, os riscos associados aos mercados emergentes são mais elevados em mercados de fronteira. Os preços das ações oscilam, às vezes de forma rápida e drástica, devido a fatores que afetam certas empresas, determinadas indústrias ou setores, ou devido a condições gerais de mercado.

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1. Fontes: Reuters, IBGE.

Mark Mobius Possui mais de 40 anos de atuação em mercados emergentes em todo o mundo e atualmente é o presidente-executivo da Templeton Emerging Markets Group. Ao longo de sua carreira recebeu diversas premiações, com destaque para uma das 50 pessoas mais influentes do mundo pela revista Bloomberg Markets, em 2011; e uma das 100 pessoas mais poderosas e influentes, pela Asiamoney, em 2006. Formado pela Boston University, é Ph.D. em economia e ciências políticas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).

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