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Apertem os cintos

Nos últimos anos, o trade mais óbvio e lucrativo do mercado tem sido comprar as “quedas“ (buy the dip), movido pela convicção de uma recuperação subsequente. Gostaria de alertar que talvez essa estratégia não funcione mais. Com as taxas de juros tão baixas por tanto tempo, não podemos confiar nos preços dos ativos. Este é o segundo mercado mais caro da história, de acordo com praticamente todas as métricas de avaliação, perdendo apenas para a bolha da internet dos anos 2000. E sabemos bem como essa última terminou
Por  Marcelo López
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Nos últimos anos, o trade mais óbvio e lucrativo do mercado tem sido comprar as “quedas” (buy the dip), movido pela convicção de uma recuperação subsequente. Gostaria de alertar que talvez essa estratégia não funcione mais.

Com as taxas de juros tão baixas por tanto tempo, não podemos confiar nos preços dos ativos. Este é o segundo mercado mais caro da história, de acordo com praticamente todas as métricas de avaliação, perdendo apenas para a bolha da internet dos anos 2000. E sabemos bem como essa última terminou.

Os EUA estão com um déficit elevado e, só em 2017, o rombo no orçamento foi de US$666 bilhões – mesmo esse sendo o nono ano da dita “recuperação econômica”. Se houvesse uma verdadeira recuperação, os EUA teriam um déficit bem menor ou, mais provável, um superávit.

Nesse trimestre, o FED deve vender, de acordo com o seu programa de aperto monetário, chamado QT, US$90 bilhões em títulos do tesouro americano (treasuries) e títulos de hipoteca, além de subir a taxa de juros. Isso tudo num momento em que o déficit americano está aumentando e em que não há muitos compradores disponíveis. O Japão, 2º país com maior reserva de títulos da dívida americana, está reduzindo a compra de treasuries para tentar impulsionar sua própria economia. A China, por sua vez, a maior detentora desses títulos, está em um processo de “guerra comercial” com os EUA.

E, como já destacamos em um outro post, as pressões inflacionárias estão começando a aparecer. Esse não é mais um mercado para amadores e grandes nomes das finanças estão alertando para o ano difícil à frente. Entre eles Jeff Gundlach, Stanley Druckenmiller, Paul Singer e até Warren Buffett, famoso por ser sempre bullish, mas que não comprou nenhuma ação ano passado, devido, segundo o próprio, aos altos preços dos ativos.

Uma correção ocorreu no final de janeiro e início de fevereiro e acredito que possa ser o começo de um bear market, ou seja, de uma tendência de queda dos preços. Os ativos mais absurdos entraram em colapso primeiro, como foi o caso das moedas virtuais, que representavam um valor agregado de US$825 bilhões em meados de dezembro e que agora correspondem a somente cerca de US$250 bilhões – e isso apesar do aumento do número de criptomoedas.

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Já se observa volumes mais altos nas quedas e menores nas altas. Além disso, estão se formando topos mais baixos nos gráficos de preço dos índices e de várias ações, algo típico da formação em um bear market.

Como já disse antes, a hora agora é de cautela. Não é hora de tentar pegar moedinhas à frente do trator. Acredito que esse não seja um mau momento para se aumentar a posição em caixa e se preparar para aproveitar futuras barganhas.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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